Brasil

Torcedor do Atlético-MG é preso por racismo na Arena MRV e clube pode ser punido

A Trivela flagrou crime após o fim do jogo; cenário de guerra pode tirar o Galo de casa

A primeira final da história da Arena MRV terminou da pior maneira possível para o Atlético-MG, que, além de perder o título da Copa do Brasil no campo, viu torcedores causarem um verdadeiro cenário de guerra, que pode gerar punições graves ao clube.

Um dos vários casos lamentáveis da torcida do Atlético na Arena MRV foi um de racismo. A Trivela apurou que um torcedor de um dos camarotes foi preso por atos do tipo.

A Polícia Civil informou nesta manhã de segunda (11) que recebeu uma denúncia do tipo de três vítimas, e instaurou um inquérito contra um suspeito de 34 anos. O torcedor alegou que bateu no braço para dizer “Aqui é Galo” e que não fez o gesto característico de racismo.

A identidade desse suspeito não foi revelada, mas a Trivela registrou um caso que aconteceu justamente em um dos camarotes da casa do Galo.

O Atlético informou que está colaborando de todas as formas possíveis para identificar todos que participaram desses episódios lamentáveis. Os infratores terão que responder na justiça, mas também sofrerão punições do clube de acordo com o Regulamento de Uso da Arena MRV e do Galo na Veia, programa de sócios atleticano.

Fotógrafo ferido gera revolta

Durante a final, diversos objetos foram arremessados no gramado. A situação piorou após o gol de Plata que sacramentou o título do Flamengo. Dezenas de copos foram arremessados, mas nada pior do que as bombas que quase atingiram jogadores do Flamengo, que escaparam por pouco.

Quem não teve a mesma sorte foi um fotógrafo, que foi atingido no pé, quebrou três dedos, rompeu ligamento e teve que sair do estádio direto para uma sala de cirurgia. A Polícia Civil também está apurando o caso das bombas.

Fotógrafo ferido após atos de torcedores na Arena MRV
Fotógrafo ferido após atos de torcedores na Arena MRV (Dhavid Normando/Gazeta Press)

O Atlético emitiu nota lamentando o ocorrido e disse que entrará em contato com o profissional para lhe oferece toda assistência necessária.

Além desse caso, vários outros jornalistas e fotógrafos que estavam na beira do campo relataram um clima muito hostil, desde xingamentos, como ataques machistas a mulheres, até arremessos de objetos neles e tentativa de invasão.

Por falar em invasão, ocorreram duas tentativas. Uma logo após o gol flamenguista, de um torcedor que foi contido. E a outra de um grupo de torcedores após o fim do jogo, já próxima à cerimônia de premiação. Todos esses casos foram relatados na súmula pelo árbitro Raphael Claus.

Entidades repudiam atos da torcida do Atlético

Diante do cenário de guerra criado na Arena MRV, a Federação Mineira de Futebol (FMF) emitiu comunicado repudiando os ocorridos durante a final. A entidade ainda se colocou totalmente à disposição da CBF e do STJD para auxiliar na apuração do caso e punir os responsáveis.

A Federação Mineira de Futebol (FMF) vem a público manifestar seu mais profundo repúdio aos atos de violência ocorridos na Arena MRV durante a partida da final da Copa do Brasil, realizada no dia 10 de novembro de 2024.

Este episódio representa uma violação inaceitável dos princípios de civilidade e respeito que devem reger qualquer evento esportivo. O futebol é, antes de tudo, um espaço de celebração, de união e de convivência pacífica entre as torcidas.

A FMF está comprometida com a promoção de um ambiente seguro e acolhedor para todos que comparecem aos eventos esportivos em Minas Gerais. Para tanto, a FMF está à disposição da CBF, organizadora da competição, e do STJD, responsável pelo processamento e julgamento dos fatos, para apuração das circunstâncias e responsabilização dos envolvidos. Paralelamente, intensificaremos os esforços junto aos clubes e órgãos de segurança para reforçar as medidas preventivas e garantir a integridade de todos nos estádios.

A Federação Mineira de Futebol reafirma sua dedicação ao futebol, à paz e ao respeito, valores essenciais para que o esporte siga sendo um espaço de união e alegria para todos.

Por fim, expressamos nossa profunda solidariedade ao fotógrafo Nuremberg José Maria, atingido por uma bomba enquanto exercia sua função atrás de um dos gols do estádio. Desejamos boa recuperação ao profissional e a todas as pessoas que sofreram qualquer tipo de violência no estádio.

Com um de seus associados parando no hospital, a Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos de Minas Gerais (ARFOC-MG) também emitiu comunicado repudiando o ocorrido na casa do Atlético.

O destaque da nota é que eles citam que já haviam comunicado aos gestores do estádio problemas do tipo em outras oportunidades. Foi acordado que a segurança seria reforçada, mas para eles, se isso foi feito, foi insuficiente.

Possíveis punições ao Atlético

Diante de tantos incidentes, e com todos eles relatados na súmula e em registros de imagem, é difícil imaginar que o Atlético escape de uma punição mais severa, mesmo que o clube contribua para identificar os envolvidos.

O STJD deve denunciar o Atlético nos artigos 211 e 213 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que incide em multa entre R$ 100 e R$ 200 mil, além de perda de mando de campo de uma a 10 partidas, podendo chegar até na interdição do estádio.

O Atlético é reincidente nesses casos na Arena MRV. Em clássicos contra o Cruzeiro, arremessos de objetos e tentativa de invasão já haviam sido registradas na Casa do Galo.

Foto de Alecsander Heinrick

Alecsander HeinrickSetorista

Jornalista pela PUC-MG, passou por Esporte News Mundo e Hoje em Dia, antes de chegar a Trivela. Cobriu Copa do Mundo e está na cobertura do Atlético-MG desde 2020.
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