Não tem coré coré: Há 32 anos, Atlético-MG perdia Kafunga, campeão de 37 e agora lembrado na Arena MRV
Um dos maiores nomes da história do Atlético, Kafunga falecia há 32 anos, e sua histórica é lembrada em todos os jogos da Arena MRV
A história do Atlético-MG não pode ser contada de forma correta se o nome de Olavo Leite Bastos não for citado. O Kafunga, como é mais conhecido, foi um dos grandes nomes da história do clube, sendo um goleiro exemplar, campeão Brasileiro e que dedicou 20 anos de sua vida ao Galo. Há exatos 32 anos, o clube perdia seu ídolo, que hoje é lembrado em todos os jogos na Arena MRV por uma célebre frase que ele deixou quando se tornou também um dos grandes jornalistas de Belo Horizonte.
O grande Kafunga nasceu em 7 de agosto de 1914, em Niterói, no Rio de Janeiro. Ganhou o apelido da avó por conta das largas narinas que tinha. Em 1935, chegou ao Atlético, onde ainda não sabia, mas faria história. O goleiro ficou 20 anos no Galo, sendo titular em 19 deles. Venceu 10 Campeonatos Mineiros no período, além de ter sido o arqueiro da Copa dos Campeões de 1937, recentemente reconhecida pela CBF como o primeiro Campeonato Brasileiro da história. Já no fim da carreira, excursionou na Europa com o Alvinegro, em 1950, quando voltou com o título de Campeão do Gelo. Os dois títulos ajudaram a moldar o que é o Atlético e estão reconhecidos no hino do clube.
🇧🇷🏆 Somos o orgulho do esporte nacional!
🐔 Liderado por ídolos como Kafunga e Guará, o #Galo venceu o Torneio Campeão dos Campeões, em 1937, 1º título nacional da história do clube e do futebol mineiro. "Nós somos campeões dos campeões"… 🎶🎵
🥳 #Galo113Anos 🏴🏳️ pic.twitter.com/KSGIBHZCtu
— Atlético (@Atletico) March 25, 2021
O número de partidas de Kafunga é uma incógnita. Há divergência de quase 200 jogos em alguns dados. No próprio Galo Digital, a enciclopédia do Atlético na internet, há dois números. Na página do jogador, consta 335 jogos, já na página de atletas com mais partidas, ele aparece com 504, sendo o 5° na lista da história atleticana. O fato dele ter atuado em uma época com muitos amistosos e poucas informações sobre todos os jogos ajuda a explicar essa divergência. O importante é a história que ele construiu no clube, independente do número de jogos, e isso é um fato que ninguém pode apagar, modificar ou duvidar.
O jornalista Kafunga e a homenagem na Arena MRV
Depois de deixar os gramados, em 1954, Kafunga, que era tão popular que chegou a ser Vereador de BH, teve alguns cargos no Atlético e na Prefeitura da cidade, mas ganhou ainda mais destaque quando se tornou comentarista esportivo. Ele atuou tanto no rádio como na TV e deixou inúmeras frases marcantes, como “vapt-vupt” e “o errado que está certo”. Mas uma delas é tão boa que passou a integrar a comunicação da Arena MRV.
Locutor do estádio, o ex-narrador Jaime Júnior decidiu homenagear Kafunga com uma das frases mais célebres da lenda atleticana: “Kafunga está na história do Galo e da imprensa mineira, e ele tinha uma frase depois dos gols: “não tem coré coré, gol barral impa”.
“Quero sempre usar essa frase na nossa casa, na Arena MRV”, disse Jaime em um vídeo publicado nas redes sociais em que pede autorização a vários familiares do ex-goleiro para utilizar essa frase.
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E Jaime Júnior cumpriu a promessa. A cada gol do Atlético na Arena MRV confirmado pelo VAR, quem está no estádio pode ouvir o locutor dizer a frase de Kafunga, em uma forma de não só homenagear uma lenda do clube, mas também de deixar viva a memória dele para o torcedor atleticano.
Os familiares do goleiro fizeram parte ainda da homenagem que o Atlético fez aos campeões de 1937 logo após a CBF reconhecer o título como Campeonato Brasileiro. Na mesma partida, contra o Botafogo, os jogadores atuaram com o nome dos jogadores da época nas costas, e o goleiro Everson teve a honra de vestir a camisa com o nome de Kafunga.
O elenco atual carregando os nomes que fizeram história há 86 anos, os primeiros CAMpeões do Campeonato Brasileiro! 1️⃣9️⃣3️⃣7️⃣🏆 #GaloPaixãoNacional pic.twitter.com/4Dq6XlMLbJ
— Atlético (@Atletico) September 16, 2023
Kafunga era uma das pessoas mais conhecidas de Belo Horizonte em seu tempo, não só pelo fato de ser goleiro do Atlético, mas por tudo que fez desde que chegou a cidade, conquistado a todos. Não à toa, se tornou vereador e foi um jornalista de primeira. O ex-goleiro é tão lendário que virou até uma expressão mineira: “Mil novecentos e Kafunga”, que é quando alguém quer se referir a algo antigo.
