Brasil

Aster Itaqua, o Giant Killing da Copinha que sonha em fazer história no futebol profissional

Time de Itaquaquecetuba segue campanha história na Copa São Paulo e enfrenta o Flamengo nesta sexta-feira

Giant Killing é o termo designado para definir um time de futebol, que embora não tenha tanta estrutura para competir com times maiores, consegue vencer os gigantes de uma liga e se firmar como surpresa dentro do cenário de uma competição. Para quem curte anime, Masaya Tsunamoto, autor de Giant Killing, explica o conceito na obra que retrata o ETU, pequeno time fictício do Japão que faz história ao derrubar os gigantes da liga local.

É com este espírito que o Aster Itaqua, time fundado em março de 2023, vem surpreendendo a todos na Copinha e conquistando o coração dos torcedores na cidade – e fora dela. Líder de sua chave na primeira fase da competição, o Aster ficou à frente do Sport Recife. Naquele momento, muitos que não conheciam o projeto, poderiam imaginar que o time de Itaqua ficaria pelo caminho, não só pela qualidade dos adversários nas eliminatórias seguintes, mas também pela inexperiência em jogar este tipo de competição, haja vista que esta é a primeira Copinha da história do clube.

Mas o Aster seguiu em frente. Bateu o Oeste pelo placar de 1 x 0, e, na sequência, teve como adversário o bi-campeão da competição Palmeiras, clube com uma das melhores estruturas de base do país e exemplo de formação de atletas nos últimos anos. Como um autêntico aniquilador de gigantes, o Aster jogou com coragem diante do forte Alviverde, venceu mais uma vez por 1 x 0 e mostrou a que veio.

O Aster ainda passou por outro time criado para formar atletas nas oitavas de final, o Atlético Guaratinguetá. Nesta sexta-feira, os garotos do extremo leste de São Paulo encaram mais um gigante do profissional e também das categorias de base, o Flamengo, em jogo marcado para às 19h (horário de Brasília). Para entender melhor as ambições do Aster e os motivos do sucesso da equipe até o momento, a Trivela conversou com o Diretor de Marketing do clube, Thiago Barroncas.

Foco na formação de atletas e projeto profissional em vista

O Aster Itaqua é um clube empresa comandado pelo Grupo Aster, responsável por outro clube que leva o mesmo nome, o Aster Brasil, fundado em 2019 e que disputa a segunda divisão do futebol capixaba. Filiado de base à Federação Paulista de Futebol (FPF), o projeto tem como principal objetivo a formação de jovens atletas para o cenário nacional, porém, Barroncas explica que isso vai se aprofundar mais em alguns anos, já que o clube também quer formar bons profissionais para o mercado.

Ou seja, a ideia do Aster Itaqua não é somente ter uma base forte, mas também dar oportunidade a atletas que querem se desenvolver e em cima da metodologia aplicada no clube, aprimorar suas habilidades para jogar em outros centros do futebol brasileiro. Atualmente o clube trabalha com equipes formadas entre as categorias sub-9 e sub-20, mas pretende implementar o grupo profissional em breve.

“O principal objetivo do Aster é formar atletas não só nas categorias de base, mas também atletas profissionais de alto desempenho. Toda a nossa estrutura é voltada para o desenvolvimento do atleta, seja ele de base ou não para disputar competições de alto nível pelo mundo. Temos operações em Portugal e na Espanha com esse foco, formar este jogador para posteriormente negociá-lo com o mercado europeu”, explica o diretor.

O sucesso no futebol é uma linha muito tênue que relaciona organização, investimento, talento e profissionalização de todos os setores em um clube. É nessa linha de pensamento que o Aster vem trabalhando para colher frutos tão bons em sua primeira disputa de Copa São Paulo. Barroncas explica que apesar da pouca idade do time, todos os profissionais dentro da equipe são capacitados em gestão estratégica, negócios e experientes no cenário do futebol.

Desde o presidente Rodrigo Duarte, passando por toda a comissão técnica e profissionais da área administrativa, todos conhecem muito do riscado em campo e contribuem no processo de observação de jogadores, metodologias de treinamento e aprimoramento de jogadores, o que tem gerado este resultado tão significativo e explica o sucesso do Aster em tão pouco tempo de vida.

“Apesar de sermos novos (apenas dez meses de vida), os profissionais em volta do clube são extremamente qualificados e experientes em gestão, negócios e principalmente no meio do futebol. Desde o presidente até o staff e comissão técnica, todos detém muito conhecimento esportivo. O trabalho desenvolvido até aqui pode surpreender muita gente, mas para nós é fruto de muita dedicação e planejamento”, afirmou Barroncas.

Aster trabalha para ser o maior centro de formação de atletas do Alto Tietê

O projeto do Aster Itaqua segue alguns preceitos vistos somente nas maiores organizações empresariais do Brasil. O clube tem objetivos muito bem traçados e aplica a sua metodologia de trabalho para executar metas de curto, médio e longo prazo. Uma dessas metas é justamente ser o maior centro de formação de atletas da região do Alto Tietê, que contempla as cidades de Arujá, Biritiba Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis, Santa Isabel e Suzano, região fora da Capital, que fica próxima à Zona Leste.

Neste momento, o clube está em fase de construção de seu novo centro de treinamento, moderno, robusto e tem recebido o apoio dos sócios e também do poder público para a sua realização. Um dos maiores multiplicadores e apoiadores do projeto do Aster é o próprio prefeito da cidade de Itaquaquecetuba, Eduardo Boigues.

Futebol como meio de ação social

Não é só para a formação de atletas que o Aster pretende executar seus projetos. Na realidade, um dos pontos principais do clube é usar o futebol como projeto social, visando ajudar crianças e jovens de baixa renda a saírem das ruas e de sua violência, encontrando no esporte uma alternativa para se tornar cidadãos melhores. Na visão de Thiago Barroncas, o clube é uma porta de entrada para quem quer ter o primeiro contato com o esporte e todo o universo que cerca um time de futebol.

Mesmo aqueles que não tem tanta intimidade com a bola nos pés, mas querem ter a experiência de trabalhar dentro do ramo, encontram no clube a oportunidade que precisam para deixar a sua contribuição para a equipe que está encantando o Brasil neste início de 2024.

“Não temos dúvidas de que, em breve, o Aster vai se tornar o maior centro de formação de atletas de alta performance. Não só por conta destes oito campos que estamos planejando construir em 2024, mas também criando um percurso para aqueles que amam o futebol mas não jogam. Nosso propósito é muito maior, não para somente dentro de campo, mas pensa naquele que deseja trabalhar fora dele”, explicou o diretor de Marketing do Aster.

Sobre o futuro do time na Copinha, Thiago Barroncas afirma que o maior desafio do time era passar do Atlético Guaratinguetá nas oitavas e que daqui para frente, só o destino vai definir o que vai acontecer. O temor de todo o staff da equipe de Itaquá era de que caso a classificação não viesse, muitos poderiam desvalorizar o trabalho, dizendo que a vitória diante do Palmeiras poderia ter sido um golpe de sorte.

Para o dirigente, o que vier daqui para frente pode ser considerado lucro, tendo em vista a campanha apresentada e o nível de divulgação que o projeto alcançou após chegar tão longe e superando tantos desafios. A ideia é manter o nível de exibição dos outros jogos, indo para cima do Flamengo, mas tendo plena consciência de que caso o time seja eliminado, o trabalho feito até aqui já entrou para a história e será usado para aprimorar ainda mais os processos do clube no futuro.

Foto de Lucas de Souza

Lucas de SouzaRedator

Lucas de Souza é jornalista formado pela Universidade São Judas em São Paulo. Possui especialização em Marketing Digital pela Digital House, e passagens pelos sites Futebol na Veia e Futebol Interior.
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