Libertadores

A noite em que a torcida conduziu o São Paulo às quartas de final da Libertadores

Tricolor vence o Nacional-URU com direito a recorde de público em 2024 no MorumBIS

O São Paulo se orgulha de ter a torcida que conduz. E não é exagero algum dizer que a torcida, de fato, conduziu o Tricolor às quartas de final da Libertadores.

Da chegada da delegação com (mais uma) enorme recepção que pintou de vermelho os céus e as ruas do Morumbi aos 90 minutos de futebol, foi como se os torcedores carregassem os jogadores nos braços.

Nesta quinta-feira (22), o São Paulo venceu o Nacional-URU por 2 a 0, no duelo de volta das oitavas de final da Libertadores. Bobadilla e Calleri — em um recital — fizeram os gols da noite.

E não o fez sem o apoio de uma legião de 60.032 são-paulinos que bateram o recorde de público do MorumBIS em 2024. 

A marca anterior era de 58.065 torcedores que assistiram à vitória por 1 a 0 sobre o Flamengo.

O adversário nas quartas de final

O São Paulo terá pela frente o Botafogo nas quartas de final. O Alvinegro carioca eliminou o Palmeiras nas oitavas de final.

Com melhor campanha, o Tricolor faz o primeiro jogo no Rio de Janeiro e decide a vaga no MorumBIS.

Calleri, o senhor Libertadores

Antes de falar da torcida que conduz, é preciso tecer algumas linhas sobre o recital de Calleri, o senhor Libertadores deste São Paulo.

Pois era um jogo com todas as místicas de um duelo eliminatório da competição continental. E foi aí que o camisa 9 cresceu para classificar o Tricolor.

Marcado de perto por uma defesa que queria pará-lo a qualquer custo, Calleri foi genial até mesmo quando mal tocou na bola.

Aliás, precisou de apenas um toque — e de sua inteligência — para ser decisivo.

No final do primeiro tempo, ele saiu da área para fazer o pivô e abriu espaço para Bobadilla chegar para finalizar. A assistência foi perfeita para o paraguaio abrir o placar.

Bobadilla e Calleri vibram com o gol da classificação do São Paulo
Calleri foi brilhante até mesmo na assistência para Bobadilla (Foto: IconSport)

O gol marcado foi de genialidade ainda maior.

Calleri vislumbrou o espaço deixado pela defesa do Nacional e fez o movimento em diagonal na direção do primeiro poste. Wellington Rato percebeu e colocou na cabeça do argentino — que  acertou o ângulo.

Foi o gol de número 13 de Calleri na Libertadores em sua história pelo São Paulo. O oitavo em nove jogos no MorumBIS.

> Os artilheiros do São Paulo na Libertadores

  1. Luis Fabiano – 14 gols
  2. Rogério Ceni – 14 gols
  3. Calleri – 13 gols

Torcida conduz equipe às quartas

De policiais a profissionais da imprensa. De funcionários do São Paulo a torcedores. Até as ruas do bairro do Morumbi. Todos saíram pintados de vermelho da festa preparada por clube e torcida para recepcionar a delegação.

Com bandeiras, sinalizadores e fumaça vermelha, milhares de são-paulinos se acotovelaram para receber o ônibus nesta quinta-feira (22). Carregaram nos braços os jogadores ao MorumBIS — e à classificação.

Minutos antes do apito inicial, com as equipes já no gramado, o telão exibiu uma mensagem de Telê Santana reconstruída com uso de inteligência artificial. O MorumBIS silenciou para ouvir o mestre, depois explodiu em uma festa que ecoou por toda a noite.

Nem sempre com a mesma intensidade, é verdade. Os primeiros minutos foram assistidos de pé nas arquibancadas, com gritos ensurdecedores para incentivar a equipe.

Mas à medida que o tempo passava, e o gol não saía, o apoio deu lugar à tensão. Apenas o setor das organizadas cantava incondicionalmente.

Torcida do São Paulo faz festa no MorumBIS contra o Nacional
Torcida do São Paulo faz festa no MorumBIS contra o Nacional (Foto: IconSport)

Faltava o time contagiar a torcida da mesma forma que a torcida tentava contagiá-lo.

Mas havia lampejos: quando Arboleda fez um corte, os torcedores vibraram como gol. Lances de perigo de Wellington Rato e Luciano também levantaram os são-paulinos.

Mas foi o golaço de Bobadilla que realmente incendiou o MorumBIS no primeiro tempo.

Da tensão à festa no segundo tempo

A volta do intervalo foi com uma cena costumeira, mas não menos impactante: o hino do São Paulo cantado em uníssono por todo o MorumBIS.

Foi a trilha sonora de abertura para o recital de Calleri. Minutos mais tarde, o argentino fez o gol que decretou a classificação e fez as arquibancadas explodirem novamente.

A torcida são-paulina respondeu à briga no setor visitante com show de luzes e cantoria. E este foi o clima no MorumBIS até o final de mais uma eterna noite de copa.

Com a vantagem confortável no placar, os são-paulinos cantaram forte sempre que o Nacional ameaçava crescer no jogo.  Conduziram a equipe a uma vitória que acabou sendo tranquila.

Mas não sem um grande susto.

Izquierdo, do Nacional, caiu no campo após trombar com um companheiro já nos minutos finais de partida. Ele aparentava estar desacordado, recebeu atendimento médico e foi levado direto para o hospital.

Tudo isso ocorreu sob aplausos dos são-paulinos.

Cenas lamentáveis na torcida do Nacional-URU

Um show à parte da torcida do São Paulo… Cenas lamentáveis na torcida do Nacional-URU.

Logo após o gol de Calleri, uma briga eclodiu no setor de visitantes. O jogo ficou paralisado por cerca de dez minutos.

Os torcedores uruguaios entraram em conflito com a Polícia Militar. Arrancaram e arremessaram cadeiras contra o policiamento e também na direção da torcida do São Paulo e do campo.

Em meio a muito corre-corre, os policiais usaram a força para restabelecer a calma e demoraram a conter os ânimos.

> Os próximos três jogos do São Paulo

  • São Paulo x Vitória — Brasileirão — domingo (25 de agosto), às 18h30 (horário de Brasília);
  • São Paulo x Atlético-MG — Copa do Brasil — quarta-feira (28 de agosto), às 21h30 (horário de Brasília);
  • Fluminense x São Paulo — Brasileirão — domingo (1º de setembro), às 18h30 (horário de Brasília).
Foto de Eduardo Deconto

Eduardo DecontoSetorista

Jornalista pela PUCRS, é setorista de Seleção e do São Paulo na Trivela desde 2023. Antes disso, trabalhou por uma década no Grupo RBS. Foi repórter do ge.globo por seis anos e do Esporte da RBS TV, por dois. Não acredite no hype.
Botão Voltar ao topo