‘Vocês não sabem de tudo’: o que Abel não diz sobre o que acontece no Palmeiras
Técnico português estava conformado após o jogo que selou a queda na Copa Libertadores
O olhar perdido de Abel Ferreira, após a eliminação do Palmeiras na Copa Libertadores, na entrevista coletiva, contrastava com o discurso conformado. Não houve reclamação sobre arbitragem, campo ou dedicação dos jogadores. Abel estava calmo como poucas vezes.
— O sentimento é de orgulho — disse o treinador, pela primeira vez eliminado antes da semifinal da Libertadores desde sua chegada ao clube.
Por outro lado, havia um tom de lamentação latente e, de certo modo, misterioso. Não foi a primeira vez que Abel citou motivos obscuros para explicar o insucesso do Palmeiras em uma competição.
— Vocês só sabem da metade das coisas, não sabem de tudo. Começou com pela dureza do sorteio. É sorte, é o que é. Tivemos muitos problemas físicos dentro da equipe e outros emocionais.
Relacionamento dentro do elenco é bom
A Trivela apurou com fontes do Palmeiras que não existem problemas de relacionamento no clube. Todas as pessoas ouvidas pela reportagem são categóricas ao dizer que a paz reina internamente.
Por outro lado, ninguém esconde que as muitas sondagens recebidas pelo clube mexeram com a cabeça dos jogadores. Como Abel sempre diz, os jogadores não são máquinas. E a possibilidade de jogar na Europa ou ganhar muito no futebol árabe tem seu peso.
Várias lesões complicaram a vida do Palmeiras
As muitas lesões também pesaram. Piquerez se lesionou em 20 de julho contra o Botafogo pelo Campeonato Brasileiro, no mesmo dia em que Estêvão torceu joelho e tornozelo e perdeu dois jogos. Depois, no dia 27, contra o Vitória, nova torção de joelho da cria da Academia complicaram o planejamento.
Na partida que selou a eliminação na Copa do Brasil contra o Flamengo (1 a 0), Mayke e Felipe Ânderson deixaram o campo quase ao mesmo tempo, ainda no 1º tempo. O lateral tem dores crônicas na panturrilha. Já o meia teve uma bizarra lesão ocular.
Para completar, Zé Rafael não está 100% saudável já faz muito tempo. Vem sendo mais normal ele estar com problemas físicos do que inteiro para jogar. E, quando joga, é perceptível sua dificuldade para correr.
E ainda que não seja tão importante para o time como já foi, a impossibilidade de poder contar com Dudu também impede o time de ter uma opção confiável, vencedora e experiente para os momentos mais agudos.
Faltou felicidade ao Palmeiras
Satisfeito com o desempenho do time, Abel só fez ressalva quando falou do fato de o Palmeiras ter sido vazado primeiro — um pecado capital para um time que havia perdido na ida (1 a 0).
— Nós deveríamos ter entrado no jogo primeiro, deveríamos ter feito um gol primeiro. Criamos oportunidades para fazer primeiro No melhor momento do jogo sofremos dois gols porque o adversário foi extremamente letal – disse.
— [O Botafogo] foi melhor que o Palmeiras em 15 minutos dos 90. Para além da qualidade do nosso adversário, nós hoje não fomos felizes. É como é, as regras são claras. Quando bate na mão, temos que seguir em frente e aceitar. Estamos fora da Copa do Brasil, da Libertadores. Agora é lutar pelo último objetivo do ano [o Brasileirão].
— No futebol há coisas que não controlamos. Não controlamos se a bola bate na trave no último segundo ou se bateu na mão do Gómez — cravou o português.