Libertadores

A ousadia de Fernando Diniz que levou o Fluminense às semifinais da Libertadores

Fernando Diniz foi corajoso ao mudar o time para as partidas contra o Olimpia, mas atitude não é surpresa para quem acompanha o Fluminense

De volta às semifinais da Libertadores após 15 anos, o Fluminense deve muito à ousadia de Fernando Diniz na vitória por 3 a 1 sobre o Olimpia. O técnico ouviu o campo ao apostar em John Kennedy e mudar o time na partida de ida das quartas de final da competição. Mas foi mais corajoso ainda ao manter a mudança para o jogo da volta, no Defensores del Chaco, mesmo com a vantagem.

A atitude do treinador não pode ser vista como surpresa para quem acompanha o Fluminense. Independente do número de atacantes ou da porcentagem de posse de bola do Tricolor contra qualquer adversário, o time sempre segue um dos mantras de Diniz: “coragem para jogar”.

Seja nas trocas de passe pressionadas entre Fabio e os defensores ou agrupando sete ou oito jogadores no mesmo lado do campo, o Dinizismo é uma filosofia única. Baseada em pilares demonstrados na prática no Paraguai: coragem, ousadia e agressividade.

Corajoso, Fernando Diniz deu um baile em Arce nas quartas de final da Libertadores - Foto: Marcelo Gonçalves/Fluminense FC
Corajoso, Fernando Diniz deu um baile em Arce nas quartas de final da Libertadores – Foto: Marcelo Gonçalves/Fluminense FC

Com a vitória por 3 a 1 e a classificação do Fluminense às semifinais da Libertadores pela primeira vez desde 2008, Fernando Diniz teve sua coragem premiada e o nome cantado pelos 2 mil tricolores no Defensores del Chaco.

— Foi um jogo em que a gente tinha um plano tático diferente, porque a gente sabia que embora fossem os mesmos jogadores, a postura deles aqui seria bem mais agressiva. Eles iam pressionar um pouco mais alto. Seguimos as nossas características também. Sabíamos que se a gente tivesse calma e se aproximasse, acharíamos os espaços, como achamos, e conseguimos fazer três gols — explicou o técnico em sua coletiva após a vitória.

Tricolores assistem treino e debatem ‘loucura' de Diniz

Já passava das duas da manhã em Assunção, no Paraguai, quando um torcedor avisou à reportagem da Trivela, em um restaurante, que assistira o treino fechado do Fluminense naquele dia.

O Tricolor realizou a última atividade antes de enfrentar o Olimpia, pela partida de volta das quartas de final, nas instalações do Sportivo Luqueño, clube que revelou ao mundo o ídolo tricolor Romerito.

Um grupo de amigos queria conhecer o clube da cidade vizinha da capital paraguaia e, depois do almoço, visitou a loja para comprar camisas da equipe, antes de pedir aos funcionários para tirar uma foto no Estádio Feliciano Cáceres.

Àquela altura, nenhum dos tricolores sabia que o Fluminense treinava no gramado. Ao descer para o campo, foram bem atendidos por funcionários do Luqueño e do Tricolor, tiraram fotos e assistiram à parte da atividade.

A notícia era que Fernando Diniz havia mexido muito no time, mas John Kennedy tinha atuado em grande parte do treinamento como titular.

Entre petiscos, cervejas e cantos do Fluminense, o bar Capitão, pintado de grená, branco e verde na quarta (30) no Paraguai, foi palco de conversas entre torcedores. Todos concordavam que a coragem de Diniz quase chegava à linha tênue da falta de juízo.

Nada disso importou quando o camisa 9, a aposta do técnico no time titular, balançou as redes aos 22 minutos de jogo.

Em grande fase e melhor jogador das quartas de final, John Kennedy é um dos motivos para o Fluminense voltar às semifinais da Libertadores (Foto: Marcelo Gonçalves/Fluminense FC)
Em grande fase e melhor jogador das quartas de final, John Kennedy é um dos motivos para o Fluminense voltar às semifinais da Libertadores (Foto: Marcelo Gonçalves/Fluminense FC)

Depois, fez linda jogada que culminou na expulsão de Cardozo, no segundo tempo, antes de construir a jogada do segundo gol, de Germán Cano.

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John Kennedy brilha nas quartas de final da Libertadores

Tratado como uma joia em Xerém, John Kennedy teve seus percalços ao chegar aos profissionais do Fluminense. Seus problemas extracampo por pouco não lhe tiraram a chance de atuar pelo clube. Por sorte do Tricolor, tudo mudou em 2023, e o jogador brilhou nas quartas de final da Libertadores.

O camisa 9 foi emprestado à Ferroviária, se tornou um dos destaques do Paulistão e voltou mais maduro ao clube. Casado, centrado e com filhos pequenos, o atacante ficou fisicamente mais forte, o que ajudou a sobressair tecnicamente como de costume.

Em Fernando Diniz, JK, como também é chamado, encontrou alguém que confiava nele.

Sempre que fala do jovem de 21 anos, Diniz mantém uma expressão que mistura confiança e alegria. O sorriso de canto de boca não esconde o carinho do treinador pelo atleta, de trajetória difícil fora de campo e muita qualidade dentro dele.

A primeira aposta na Libertadores veio no jogo de volta das oitavas de final. John Kennedy entrou e mudou o jogo, com um passe para gol antes de balançar as redes e levantar o Maracanã. Xodó da torcida também pelos gols em clássicos contra o Flamengo, o atacante iniciou ali seu caminho pela glória eterna.

O melhor estava por vir em outra partida de volta, agora nas oitavas de final. Novidade na escalação no jogo de ida, o camisa 9 teve boa atuação. No Paraguai, entretanto, foi espetacular. Melhor em campo no Defensores del Chaco, ele saiu exausto e emocionado antes do abraço em Diniz e depois da festa que fez na defesa adversária e com a torcida.

Foto de Caio Blois

Caio BloisSetorista

Jornalista pela UFRJ, pós-graduado em Comunicação pela Universidad de Navarra-ESP e mestre em Gestão do Desporto pela Universidade de Lisboa-POR. Antes da Trivela, passou por O Globo, UOL, O Estado de S. Paulo, GE, ESPN Brasil e TNT Sports.
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