O Racing se reergueu no Cilindro e pulverizou o Atlético Nacional, numa grande reviravolta
O Racing tinha perdido a ida em Medellín por 4 a 2, mas apresentou uma postura voraz para reescrever a história do confronto, com uma classificação gigante nos 3 a 0 de Avellaneda

O Racing teve problemas em partidas decisivas ao longo das últimas temporadas. A equipe de Fernando Gago reconhecidamente exibe um futebol vistoso, aclamado na Argentina. Entretanto, de forma persistente caiu nos campeonatos que disputou desde então. Pouco adiantava a posse de bola massiva, sem o poder de fogo. Até por isso, o filme parecia se repetir nesta Libertadores. A Academia se mostrava desenganada, após a derrota por 4 a 2 diante do Atlético Nacional em Medellín. Foi então que a história se reescreveu no Cilindro. De pechos frios os racinguistas não tiveram nada. O Racing engoliu os Verdolagas em Avellaneda. A vitória por 3 a 0 foi suficiente para a classificação, mas o time merecia até mais. Pegará o Boca Juniors na próxima fase.
A classificação do Racing ainda não apaga alguns traumas, especialmente pela maneira como o time perdeu o Campeonato Argentino de 2022 na rodada final. Entretanto, mostra como a equipe pode ser capaz de dar a volta por cima, além de oferecer uma revanche. Se o Boca Juniors infligiu a dor aos albicelestes no último ano, agora a equipe de Fernando Gago poderá dar sua resposta em plena Libertadores. Também é uma chance rara à Academia: o time não disputa uma semifinal no torneio desde 1997. Restam duas partidas para quebrar o jejum.
Racing toma atitude
O Racing não queria perder tempo em busca da reação. Os primeiros minutos da Academia dentro do Cilindro foram sufocantes. Numa escapada logo no primeiro minuto, Axel Ojeda bateu cruzado e parou numa defesaça do goleiro Harlen Castillo, com a ponta dos dedos. A insistência se seguia, com boas chances especialmente pelo alto. Jonatan Gómez teve um desvio que passou muito perto aos oito minutos. O Atlético Nacional até conseguiu um respiro num tiro cruzado de Álvaro Angulo. Entretanto, o perigo racinguista era constante. Gonzalo Piovi voltou a assustar numa cabeçada no minuto seguinte, enquanto Aníbal Moreno deu trabalho a Castillo, numa testada que ia entrando no cantinho.
O gol do Racing finalmente saiu aos 28 minutos, de maneira merecida. Num cruzamento de Gabriel Rojas, Roger Martínez saltou no terceiro andar e desferiu a cabeçada no alto da meta, sem chances de defesa para Castillo. A reviravolta dos albicelestes se tornava palpável. Contudo, o time diminuiu um pouco o ritmo na reta final do primeiro tempo. Não seria tão perigoso como antes. Por sorte, o Atlético Nacional não fazia muito do outro lado. Os Verdolagas estavam desencontrados. A equipe pecava pelo excesso de nervosismo e se expunha com isso. As poucas chances pintaram em chutes de longe, sem direção.
Atlético Nacional desmorona
O Racing voltou melhor também na retomada do segundo tempo. Cinco minutos bastaram para que o placar agregado estivesse igualado. Moreno acertou um grande lançamento e pegou a defesa do Atlético Nacional aberta. Ojeda acelerou nas costas da marcação, entrou com liberdade na área e bateu na saída do goleiro Castillo. E quase que o terceiro veio na sequência, num chute de Nicolas Oroz que seguiu para fora. Os colombianos se mostravam muito suscetíveis aos erros e à desatenção. O resultado? Um gol contra, aos 12. Em mais uma investida racinguista pela direita, Martínez cruzou e Juan Felipe Aguirre espirrou nas próprias redes.
A partir desse momento, o Atlético Nacional precisaria de um gol para forçar os pênaltis. E não indicava concentração para isso. Com o resultado no bolso, o Racing recuou e passou a se proteger mais. Os colombianos ficavam com a bola, mas com pouca penetração. Demorou para o time assustar, num chute desviado de Angulo aos 26 minutos, que seguiu para fora. Os racinguistas gastavam o tempo, mas também precisavam lidar com as lesões. Ojeda e Roger Martínez saíram com problemas físicos. Mesmo assim, jogar no contragolpe era cômodo à Academia. E o time teria um gol anulado por impedimento, que poderia liquidar o duelo. Baltasar Rodríguez ainda desperdiçou um lance no mano a mano com o goleiro Castillo pouco depois.
Se o gol do Racing não saiu, as estocadas foram importantes especialmente para fazer o Atlético Nacional deixar de acreditar em definitivo. Não fosse um lance em impedimento, os Verdolagas basicamente não teriam feito nada nos minutos finais. A Academia ainda ficou mais tempo no ataque e exibia uma segurança maior na defesa. Somente nos acréscimos é que os colombianos tentaram um abafa, mas os chuveirinhos consagraram a zaga argentina. Os anfitriões mereceram a classificação e calaram quem não acreditava na reviravolta. A apresentação no Cilindro também permite aos albicelestes acreditarem contra o Boca Juniors. No papel, os xeneizes têm mais astros. Na bola, os racinguistas indicam que são capazes.