O Flamengo detonou o Aucas e selou a classificação, numa noite de pura inspiração
Bruno Henrique reexibiu seu melhor futebol no Maracanã e o Flamengo passou longe dos riscos para confirmar a classificação às oitavas da Libertadores

Foi-se o tempo em que a fase de grupos da Libertadores representava um suplício ao Flamengo. Os rubro-negros não fazem uma campanha tão tranquila no torneio continental em 2023, mas a classificação para as oitavas veio de maneira categórica na rodada final do Grupo A, longe dos traumas do passado. O Fla tratou o Aucas como um sparring no Maracanã, sem nem lembrar da derrota em Quito, e não quis pegar a calculadora para saber dos riscos: goleou sem piedade, por 4 a 0, a partir de um primeiro tempo excelente. O time de Jorge Sampaoli estava faminto em campo e atuou com muito ímpeto. Contou com uma atuação de gala de Bruno Henrique, um dos símbolos da transformação flamenguista na Libertadores. Foi um show do atacante, que relembrou seus melhores momentos enquanto se restabelece após os problemas de lesão. O quinteto formado por Pedro, Arrascaeta, Victor Hugo e Everton Ribeiro também entregou bastante.
Jorge Sampaoli entrou com algumas modificações na escalação do Flamengo. O time contava com Matheus Cunha no gol, além da zaga formada por Wesley, David Luiz, Léo Pereira e Filipe Luís. Thiago Maia fechava a cabeça de área. Logo à frente, um quarteto de meias talentosíssimo com Everton Ribeiro, Victor Hugo, Arrascaeta e Bruno Henrique. Pedro comandava a linha de frente. Do lado do Aucas, os destaques ficavam para o goleiro Hernán Galíndez e para o atacante Erick Castillo.
Um Flamengo imparável desde o primeiro tempo
O Flamengo começou a partida a mil por hora. Tinha velocidade, boas tramas e agressividade. Era a postura que se esperava, para resolver a situação logo e aproveitar as fragilidades do Aucas. Bruno Henrique deu seu primeiro aviso aos quatro minutos. Driblou o goleiro Hernán Galíndez, mas ficou com pouco ângulo na finalização e mandou pelo lado de fora da rede. Os rubro-negros vinham com tudo e não esperaram muito para realmente comemorar, com o primeiro gol aos nove minutos. Wesley abriu a marcação pela direita e chutou. Galíndez espalmou e Arrascaeta pegou o rebote. Espetou a bola para Pedro, que não perdoou dentro da área.
O Flamengo não estava disposto a se acomodar. Continuava com amplo domínio e botava o Aucas contra a parede. Victor Hugo participava bem e serviu Arrascaeta aos 15, mas o chute forte do uruguaio parou em Galíndez. Bruno Henrique, por sua vez, exibia aceleração máxima. Os equatorianos não conseguiam uma resposta, sem encaixar nem contragolpes. E o show se tornava cada vez mais . Aos 26, Bruno Henrique tabelou com Arrascaeta e recebeu a devolução de calcanhar, mas Galíndez fechou o ângulo. Logo depois, o atacante bateu para fora. O segundo gol, aos 29, surgiu num escanteio. Arrascaeta cobrou e Léo Pereira sequer precisou saltar para desferir a cabeçada nas redes.
A vantagem construída deixava o Flamengo ainda mais leve para fazer o seu jogo. O Aucas não indicava forças para uma reviravolta. As tramas do Fla se tornavam mais bonitas. Os equatorianos dariam raros sustos depois dos 35: Johnny Quiñonez viu um gol ser anulado por impedimento, enquanto Rômulo Otero mandou uma falta perigosa para fora. Nada que arrefecesse o Fla. À medida que o Aucas buscava o ataque, também deixava mais espaços na defesa. O terceiro gol seria prêmio à partidaça de Bruno Henrique aos 42. Foi uma pintura: a troca de passes de pé em pé envolveu Wesley e Everton Ribeiro. O capitão serviu Bruno Henrique, para um chute seco no canto, sem chances de defesa.
- - ↓ Continua após o recado ↓ - -
Goleada ratificada e aplausos
O Aucas voltou para o segundo tempo com duas mudanças, o que não adiantou muito. Os equatorianos avançavam em campo e se expunham aos contragolpes. Um contra-ataque de manual valeu o quarto gol do Flamengo aos nove minutos. Arrascaeta esticou com Bruno Henrique, que acelerou e parou no momento certo para entregar a Pedro. O centroavante passou a Victor Hugo, que entrou rasgando na área e mandou um chute forte na saída de Galíndez. O garoto também fazia por merecer o destaque.
Como se não tivesse mais nada a perder, o Aucas ainda mantinha uma postura de sair para o jogo e tentar descontar. Precisava lidar com as transições rápidas do Flamengo, que não cessavam. Bruno Henrique era bastante acionado e muitas vezes deixava os defensores em apuros, mas sem ampliar. Já aos 17, num escanteio, Bruno Henrique desviou para milagre de Galíndez e Pedro ainda mandou o rebote para fora. Logo depois, Jorge Sampaoli realizou quatro alterações. Saíram Pedro, Wesley, Everton Ribeiro e Thiago Maia. Entraram Gabigol, Fabrício Bruno, Everton Cebolinha e Erick Pulgar.
A noite era de verdadeira festa no Maracanã. Não à toa, a torcida do Flamengo comemorou até mesmo quando Vinícius Júnior foi filmado com a camisa do clube nas arquibancadas e apareceu no telão. Neste momento, os rubro-negros rodavam mais a bola e administravam a situação. Bruno Henrique recebeu seus devidos aplausos aos 30, substituído por Matheus Gonçalves. Os minutos finais eram protocolares. Cebolinha parou em Galíndez, enquanto Matheus Cunha só foi trabalhar aos 37, em boa defesa diante de Michael Carcelén.
Como ficou a classificação no Grupo A
O Flamengo ficou na segunda posição do Grupo A, com 11 pontos. A liderança acabou com o Racing, que chegou aos 13 pontos com a vitória por 4 a 0 sobre o Ñublense nesta quarta-feira. Os quatro gols dentro do Cilindro de Avellaneda saíram no segundo tempo, com Matías Rojas, Gabriel Hauche, Aníbal Moreno e Gonzalo Piovi. Apesar da derrota, os chilenos ainda ficaram com um prêmio de consolação: a repescagem à Copa Sul-Americana, com o terceiro lugar na chave.
- 1° – Racing, 13 pontos (classificado às oitavas)
- 2° – Flamengo, 11 pontos (classificado às oitavas)
- 3° – Ñublense, cinco pontos (repescado à Sul-Americana)
- 4° – Aucas, quatro pontos