Fábio Matias pede que emocional do Botafogo seja esquecido, mas admite time disperso
Depois de um semana conturbada, com polêmicas de Textor e derrota na estreia da fase de grupos da Libertadores, o técnico interino Fábio Matias tentou blindar o elenco, mas, aparentemente, não conseguiu
O Botafogo teve um dia agitado dentro e fora de campo nesta quarta-feira. Com direito a chegada de novo técnico, polícia e estreia na fase de grupos da Copa Libertadores. E, por mais tenha tentado blindar o elenco, o interino Fábio Matias, que comandou o seu último jogo nesta noite, na derrota para o Junior Barranquilla, em pleno Nilton Santos, admitiu que o time esteve disperso e que o dia foi “péssimo”.
Ao mesmo tempo que disse não querer falar de “questão emocional” e de ter afirmado que não vê questões externas prejudicando o trabalho, Fábio Matias disse que a equipe entrou “dispersa” e ainda ressaltou que o pênalti e o gol sofrido no começo da partida “desestabilizaram” o time do Botafogo.
— Dentro do processo diário nosso estava tudo controlado. Os atletas também interpretam e entendem isso da melhor forma. Até o presente momento, as escolhas, todas as determinações, tudo que foi ajustado em relação à equipe, em relação à ideia e modelo, parte da minha liderança. Então, se aconteceu hoje a derrota, a possibilidade maior é de quem está frente do comando no momento, que é minha. Então, não vejo essas relações externas prejudicando a questão do trabalho. Foi um dia ruim, foi um dia péssimo. Concordo que a intensidade e a agressividade que a gente vinha executando nos jogos anteriores não tivemos hoje – disse Fábio Matias, em entrevista coletiva, no Nilton Santos.
O dia do Botafogo começou com a boa notícia do desembarque do técnico Artur Jorge, que estava no Braga, de Portugal, e que deve ser oficializado nesta quinta-feira. Poucas horas antes da bola rolar contra o Junior Barranquilla, no entanto, John Textor foi à Cidade da Polícia prestar depoimento sobre o caso de manipulação de resultados.
Em campo, o Botafogo teve uma péssima noite, principalmente no primeiro tempo, quando saiu perdendo por 3 a 0 e descontou no fim. Apesar não relacionar as situações, Fábio Matias admitiu que o time entrou em campo disperso.
— Não foi um jogo bom, principalmente pelo primeiro tempo, e isso é óbvio, a gente sabe disso. Entramos um pouco desfocados, entramos um pouco dispersos, isso faz parte também, infelizmente. Isso nos prejudicou muito. Essas questões do espaço (deles) a gente havia detectado, a gente faltou um pouco de fechar no ajuste da zona central nossa, ali dos médios, em termos de ocupação de espaço. A gente ficou muito mais com umas referências individuais do que referências do espaço, do jogador que estava ali – disse Fábio Matias.
Pênalti também desestabilizou o Botafogo
Além do time ter entrado “desfocado”, como disse o próprio Fábio Matias, o pênalti de Hugo logo aos 9′ também desestabilizou o time, novamente segundo o próprio técnico interino. Mas, de fato, isso aconteceu. O gol sofrido cedo fez o Botafogo se abrir e dar ainda mais espaços para o contra-ataque do Júnior Barranquilla, que foi muito efetivo.
— Nos primeiros 10, 15 minutos não interpretamos realmente o espaço do jogo e isso dificultou um pouco as questões do jogo. Um pênalti, teoricamente, desestabilizou, mas muito mais pela interpretação nossa do jogo nossa, que não foi boa. E isso dentro do primeiro tempo nos prejudicou. Mas falei de interpretação de espaços. Mas não vou falar nada da questão emocional. Isso faz parte do jogo, e hoje tivemos dificuldade de ganhar duelos, de sermos intensos, de ser agressivos – disse Fábio Matias.
Mas, é claro, os problemas do Botafogo estão longe de serem apenas emocionais ou de “foco” nas partidas. Para o técnico interino, a derrota para o Junior Barranquilla não pode ser tratada apenas pelo lado emocional.
— Falar em “emocional” (tema da pergunta) é muito vago, é justificar uma coisa que teve uma oscilação, e a oscilação aconteceu no jogo de hoje, então a interpretação, esse entendimento nosso. A gente precisa evoluir isso, a gente fez isso durante vários jogos. A gente tem que ter uma questão mesmo de entender, interpretar e visualizar o jogo em si, e dentro disso a gente não conseguiu executar. Falar de emocionalmente frágil, emocionalmente… não, esquece, esquece isso. Esquece porque isso é uma coisa que eu não consigo enxergar somente isso, eu acho que isso é muito pobre. Muito pobre se justificar sempre na questão emocional – afirmou o técnico.
O que explica a derrota do Botafogo?
Depois de pedir para “esquecerem” o lado emocional, Fábio Matias respondeu outras questões técnicas e táticas sobre a derrota do Botafogo para o Junior Barranquilla. Em uma delas, falou sobre os problemas que o time teve no sistema defensivo nesta quarta-feira.
— Na última linha, quando você pensa em saltar pressão ou ter uma situação de pressão alta, você vai ter que ter ganho de duelos. Acho que o ponto principal, como eu falei anteriormente, foi esse espaço nas costas da linha dos nossos meias. Principalmente ali naquela zona mais próxima dos zagueiros, onde o adversário acabou flutuando. Então ali a gente não conseguiu e isso nos prejudicou bastante em relação ao espaço. A última linha começou a ter que descer e começa a se descer, descer, descer e os espaços acabam sobrando. Mas de novo eu bato muito na questão nossa daquela situação ali de estar na perda da bola. Está estruturado para poder ter um ajuste mesmo de perde e pressiona mais eficiente e um pouco mais forte – disse Fábio.