Libertadores

Qual foi a última vez em que o Boca Juniors foi campeão da Libertadores?

Hexacampeão da Libertadores, o Boca Juniors não vence o torneio mais importante do continente sul-americano desde 2007 e espera quebrar essa escrita no Maracanã, diante de um Fluminense obcecado e sonhador

Tido por muitos como o maior clube da Argentina e da América do Sul, o Boca Juniors está de volta a uma final de Copa Libertadores. Os xeneizes, que não chegavam à decisão continental desde 2018, quando foram derrotados pelo arquirrival River Plate, terão pela frente um Fluminense embalado e com muita gana de conquistar a taça mais importante do continente, até então inédita na história tricolor.

“Bicho papão”, “rei de copas”, “maior das américas”. São muitas as alcunhas carregadas pelo Boca Juniors ao longo de sua história. O clube argentino é temido por muitos no continente sul-americano, seja pela camisa pesada e tradicional ou em virtude da mística de La Bombonera, sempre lotada com torcedores apaixonados, devotos e fiéis à instituição. Apesar de toda essa fama, adquirida após elencos poderosos, campanhas marcantes e títulos de tirar o fôlego, fato é que o Boca não é mais o mesmo há um bom tempo. Pelo menos se tratando de Copa Libertadores, os bosteros tem deixado a desejar em temporadas recentes, afinal não faturam o caneco há 15 anos. A última vez foi em 2007, em cima do Grêmio, em pleno Estádio Olímpico.

Com a final entre Boca Juniors x Fluminense batendo na porta, resolvemos relembrar o último título de Libertadores conquistado pelo time argentino. Já entrando no clima da decisão do Maracanã, trouxemos os principais destaques e os momentos mais marcantes daquela conquista, até hoje lembrada com muito carinho pelos torcedores xeneizes. Somado a isso, pincelamos também os dois vice-campeonatos mais recentes do clube de La Bombonera, diante do Corinthians, em 2012, e do River Plate, em 2018.

Libertadores de 2007, a última vencida pelo Boca Juniors

Uma fase de grupos dramática

A marcante e histórica campanha do Boca Juniors na Copa Libertadores de 2007 não começou muito bem. Por conta de uma punição sofrida em 2005, o clube argentino foi obrigado a disputar todos os jogos em casa da primeira fase longe de La Bombonera. E ela fez falta. Na estreia, um amargo 0 a 0 diante do Bolívar, em La Paz. No segundo compromisso, os xeneizes enfrentaram o Cienciano no estádio do San Lorenzo, e venceram. Ibarra marcou o único gol da partida e deu o triunfo na conta do chá ao time do técnico Miguel Ángel Russo.

No último jogo do turno, o Boca sofreu sua primeira derrota da campanha. A equipe argentina foi até o México e não foi párea para o Tolouca, que triunfou por 2 a 0. O resultado adverso preocupou a torcida e a comissão técnica, e o time precisava dar uma resposta na quarta rodada, diante do mesmo Tolouca. Dito e feito. Com gols de Maidana, Riquelme e Boselli, os bosteros venceram os mexicanos por 3 a 0. O alívio durou pouco, já que no penúltimo duelo do grupo, os peruanos do Cienciano aprontaram e impuseram um 3 a 0 incontestável.

A missão do Boca na última rodada estava longe de ser simples. Riquelme e companhia precisavam vencer o Bolívar por pelo menos três gols de diferença para não dependerem do resultado entre Tolouca e Cienciano. Mesmo longe de seus domínios, os hermanos fizeram bonito e aplicaram uma goleada de 7 a 0 sobre os bolivianos. Com contornos dramáticos, o gigante argentino garantiu classificação rumo ao mata-mata continental. E enfim, a punição acabara. La Bombonera estava de volta, e Riquelme se preparava para o show em seu quintal.

Riquelme brilha e Boca elimina Vélez nas oitavas

Riquelme não fez uma boa fase de grupos, é verdade. Mas o camisa 10 era tão especial, que reservou o melhor de seu futebol para o mata-mata. Nas oitavas de final, o Boca Juniors encarou o Vélez, e o meio-campista precisou de apenas nove minutos para marcar e fazer La Bombonera explodir. Pouco tempo depois, o goleiro Sessa saiu de maneira estabanada do gol e derrubou Rodrigo Palacio na área. Pênalti, desperdiçado pelo próprio Palacio.

No segundo tempo, show de bola dos donos da casa. Palácios se redimiu e anotou belo gol de cabeça, após cruzamento preciso de Ledesma. No finzinho do jogo, Clemente Rodríguez fez o terceiro e deixou o Boca muito perto das quartas de final. Na partida de volta, o Vélez sabia que teria que se lançar ao ataque e partir para o famoso “tudo ou nada”. E foi exatamente isso que ele fez. Superior durante os 90 minutos, El Fortín marcou os três tentos que precisava, mas Riquelme, com um punhal na alma dos torcedores fortíneros, anotou um golaço olímpico e encerrou o confronto. Bosteros classificados.

Juan Román Riquelme, o principal destaque do Boca Juniors no título da Libertadores de 2007 (Foto: Divulgação/Boca Juniors)

Libertad até tentou, mas sucumbiu diante do Boca no Paraguai

Quando ficou decidido que o Boca Juniors enfrentaria o Libertad nas quartas de final, muitos torcedores xeneizes comemoraram, pois acreditavam em um duelo relativamente ‘tranquilo'. Não foi o que ocorreu. Na ida, os paraguaios ignoraram uma Bombonera pulsante e abriram o placar com Martínez já nos minutos finais. Antes do árbitro encerrar, Palermo empatou no apagar das luzes.

Em Assunção, o Boca jogou tudo o que não jogou na Argentina e dominou o Libertad. Riquelme abriu o placar com lindo chute de média distância, e Palacio deu números finais a partida. A semifinal era logo ali.

A remontada em La Bombonera na semifinal

O adversário do Boca Juniors na semifinal foi o modesto, porém competitivo Cúcuta, da Colômbia. No primeiro embate, na casa dos colombianos, Ledesma abriu o placar para os xeneizes. Contudo, Pérez, duas vezes, e Bustos, decretaram a virada e o triunfo por 3 a 1 dos mandantes. Os comandados de Miguel Ángel Russo precisavam de uma remontada na volta, e contavam com uma Bombonera entupida e barulhenta para alcançar tal objetivo.

Em uma noite com intensa névoa, que acabou paralisando o jogo por alguns minutos, o Boca foi empurrado pela torcida e conseguiu, na marra, uma virada heroica. De falta, Riquelme deu início a remontada no final do primeiro tempo. Na etapa complementar, Palermo e Battaglia marcaram e colocaram os bosteros na final da Libertadores pela quinta vez em oito anos. O adversário da decisão? O Grêmio, comandado por Mano Menezes, hoje no Corinthians.

Boca Juniors atropela Grêmio e fatura hexacampeonato da Libertadores

Mesmo com a fraca fase de grupos e a quase eliminação no mata-mata, o Boca Juniors entrou na final da Libertadores de 2007 como o grande favorito. Os motivos? Elenco superior ao do Grêmio e a presença de Riquelme. No dia 13 de junho, La Bombonera testemunhou um recital xeneize. Um 3 a 0 massacrante, incontestável e histórico.

Aos 18′ do primeiro tempo, Riquelme cruzou na área gremista e Palacio inaugurou o marcador. No início da segunda etapa, o camisa 10 aliou categoria, força e precisão em cobrança de falta. O resultado? Mais um golaço para sua coleção. Foi neste momento que o Boca Juniors ganhou o título. A explosão do estádio, a comemoração aflorada e enérgica de Riquelme, e o semblante dos gremistas davam indícios de que a América seria xeneize mais uma vez. Já quase no apagar das luzes, ele, sempre ele, o maestro bostero, tirou dois defensores para dançar e chutou forte, obrigando Saja a espalmar. No rebote, Palermo cruzou, a zaga brasileira bateu cabeça e Patrício mandou contra a própria meta.

Uma semana depois, no dia 20 de junho, o Estádio Olímpico, em Porto Alegre, pulsava. Fiel ao clube, a torcida gremista acreditou na virada e deu a vida nas arquibancadas para que isso ocorresse. Nada feito. Frios e calculistas, os argentinos deram aula de seriedade e castigaram o Imortal. Com 23′ no relógio, um petardo de Riquelme murchou completamente os adeptos tricolores, que ainda viram o camisa 10 ampliar na sequência, em rebote de chute de Palacio. A missão estava mais que cumprida. Boca campeão, hegemonia mantida e aura copeira mais fortalecida do que nunca.

Jogadores do Boca Juniors celebrando título da Libertadores de 2007, no Estádio Olímpico (Foto: Divulgação/Boca Jrs)

Boca Juniors tirou o Corinthians da fila em 2012

Corinthians x Boca Juniors fizeram a final da Copa Libertadores em 2012. E deu Timão. A equipe comandada por Tite não tomou conhecimento da tradição dos argentinos e deu o primeiro título do torneio ao clube do Parque São Jorge. Na ida, um herói improvável apareceu. Com um toque sutil, Romarinho encobriu o goleiro Orión, empatou aos 40′ do segundo tempo e deixou o Alvinegro a uma vitória em casa da glória eterna.

Em um Pacaembu completamente lotado, o Boca Juniors sentiu a pressão do bando de loucos e foi presa fácil para Emerson Sheik. Com dois gols no segundo tempo, o atacante decidiu a parada e cravou seu nome na história do clube.

Jogadores do Corinthians celebram conquista da Libertadores em 2012, sobre o Boca Juniors (Foto: Icon Sport)

O amargo vice para o arquirrival River Plater em Madrid

Depois do vice-campeonato para o Corinthians, em 2012, o Boca Juniors retornava a uma final de Libertadores sete anos depois. O adversário? Seu arquirrival, o River Plate. Na partida de ida, realizada em La Bombonera, um disputado e emocionante 2 a 2. A volta deu o que falar. No dia 24 de novembro de 2018, data do embate derradeiro, torcedores do River atacaram o ônibus xeneize na chegada ao Monumental de Núñez e o jogo teve de ser adiado.

Cinco dias depois, a Conmebol confirmou o jogo para 9 de dezembro no Estádio Santiago Bernabéu, em Madrid, por questões de segurança. Em solo espanhol, o Boca até abriu o placar com Benedetto, mas sofreu três gols dos millonarios e permitiu a virada. Lucas Pratto, Quintero e Pity Martínez marcaram, e o River Plate se sagrou campeão no maior Superclássico da história. Golpe duro para o Boca Juniors que, como citado, cinco temporadas depois espera recuperar o protagonismo e soltar o grito de campeão no Rio de Janeiro.

Campanhas do Boca Juniors na Libertadores após a conquista de 2007

  • 2008: semifinal
  • 2009: oitavas de final
  • 2010: não disputou
  • 2011: não disputou
  • 2012: vice-campeão
  • 2013: quartas de final
  • 2014: não disputou
  • 2015: oitavas de final
  • 2016: semifinal
  • 2017: não disputou
  • 2018: vice-campeão
  • 2019: semifinal
  • 2020: semifinal
  • 2021: não disputou
  • 2022: oitavas de final
Foto de Guilherme Calvano

Guilherme CalvanoRedator

Jornalista pela UNESA, nascido e criado no Rio de Janeiro. Cobriu o Flamengo no Coluna do Fla e o Chelsea no Blues of Stamford. Na Trivela, é redator e escreve sobre futebol brasileiro e internacional.
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