‘Desacreditei de mim por muito tempo’: artilheiro do Botafogo, Júnior Santos se emociona ao relembrar trajetória
Artilheiro do Botafogo na Copa Libertadores, Júnior Santos relembrou dificuldades no começo da carreira e se emocionou em entrevista coletiva

Grande destaque do Botafogo na goleada sobre o Aurora-BOL, que manteve o clube vivo na briga por uma na fase de grupos da Copa Libertadores, Júnior Santos quase não “virou” jogador futebol. Natural de Conceição do Jacuípe, na Bahia, o atacante tentou a vida em Salvador e trabalhava como servente de pedreiro até os seus 20 anos, enquanto disputava campeonato de futebol amador nos fins de semana. O brilho nos campos da capital baiana rendeu uma proposta para jogar profissionalmente pelo Osvaldo Cruz, de São Paulo, já aos 23 anos, na famosa Bezinha.
Júnior Santos se destacou na Bezinha e, depois, passou por Ituano e Ponte Preta antes brilha no Fortaleza em 2019, sendo campeão e artilheiro da Copa do Nordeste. Este período no futebol cearense lhe rendeu o apelido “raio”. Ele ainda teve uma passagem pelo futebol japonês antes de chegar ao Botafogo, em 2022.
Toda essa trajetória de muita luta para virar jogador profissional até virar artilheiro do tradicional Botafogo na Copa Libertadores, com cinco gols, sendo quatro marcado nesta quarta-feira, sobre o Aurora, deixou o jogador emocionando durante a entrevista coletiva. Com lágrimas nos olhos, Júnior Santos relembro das dificuldades que passou e até dos momentos em que ele mesmo duvidou que poderia virar jogador.
– Quando cheguei aqui, eu falei que quem esperava algo de mim que iria ver a resposta dentro de campo. Eu desacreditei de mim por muito tempo, até uma certa idade achava que nunca seria jogador profissional. Mas uma vez na base me falavam que eu tinha potencial. Já tava praticamente com 23 anos. Comecei a acreditar, trabalhar e percebi que a chave do sucesso é o trabalho e a confiança. Sou o tipo de pessoa que não liga para o que falam de mim, que não vou conseguir, que não é possível, que eu não vou fazer. Eu vou errar, vou tentar, vou fazer novamente. Aos 23 anos eu fui pra São Paulo e ouvi alguém dizer que tava muito tarde pro futebol. Só que acreditei e cheguei até aqui. Quando a gente acredita, trabalha, dá o seu melhor, uma hora as coisas vão acontecer na sua profissão. As pessoas estudam, as pessoa se esforçam. A trajetória nunca vai ser fácil, passamos por dificuldade, mas tem que ter fé em Deus e o trabalho passa por qualquer dificuldade – disse um emocionado Júnior Santos depois de marcar quatro gols na Copa Libertadores.
Agora, aos 29 anos, Júnior Santos inicia a sua terceira temporada no Botafogo como um dos destaques do time. Não à toa, conseguiu essa importante marca de ser o artilheiro do clube na Copa Libertadores, ao lado de Jairzinho, Dirceu e Rodrigo Pimpão. Para o atacante, “um sonho”.
— Realmente, estou vivendo um sonho de jogar no Botafogo. Trabalhei bastante para alcançar minhas metas. Fico muito feliz de alcançar essa marca juntamente com jogadores muito importantes que vestiram e honraram a camisa do Botafogo. Comecei a jogar profissionalmente com 23 anos, não imaginava isso. É um grande sonho, é uma noite especial. Vai ficar marcado na minha vida — disse o atacante.
Júnior Santos se emociona ao falar do pai
Parte importante desse trajetória de Júnior Santo foi longe da família. Ele se mudou sozinho para São Paulo quando foi tentar, pela primeira vez, a vida no futebol profissional. E, em 2017, no período em que fazia testes no Ituano, o pai do atacante, seu José Antonio, sofreu um AVC. Como sequela, ele perdeu a memória e, depois, faleceu em 2021, antes do filho começar a brilhar no Botafogo. Agora, ao relembrar a sua trajetória, Júnior Santos também se emocionou ao falar da importância do seu pai para a sua vida e carreira.
— Sobre meu pai, eu me emocionou muito ao falar dele porque ele acreditou mais em mim do que eu mesmo. Desde a minha infância, quando comecei a jogar futebol, meu pai sempre foi um apoiador. Não tínhamos condições, e ele dava de tudo para eu estar jogando. Eu, com 16 anos, não queria mais saber de futebol e achava que eu não ia dar em nada. Meu pai sempre acreditava em mim, e eu fui uma criança muito rebelde, não ouvi meu pai e quebrei muito a cara na vida. A partir do momento em que eu botei a cabeça no lugar e passei a ouvir meu pai, eu tive a oportunidade de ir para São Paulo. Passei certas dificuldades e quis voltar – afirmou Júnior Santos.
— Lembro que ele falou comigo que se eu voltasse ele não ia mais falar comigo. Para nós que somos do interior, ir para São Paulo é o mundo. Meu pai nunca tinha ido a São Paulo, nunca tinha saído da Bahia. Então meu pai foi um guerreiro, ele acreditou em mim. Se estou aqui, tenho certeza que ele tem uma grande contribuição — finalizou o atacante.