América do Sul

Kimmich diz que protestos da Alemanha a favor dos direitos humanos mancharam seleção

A seleção alemã expressou sua opinião política na Copa do Mundo do Catar, porém, Kimmich adota novo discurso

Após protestos da Alemanha a favor dos direitos humanos na Copa do Mundo no Catar, Joshua Kimmich adotou um novo discurso. O volante do Bayern de Munique argumentou que jogadores de futebol não são especialistas em política.

Em coletiva nesta quarta-feira (13), Kimmich foi perguntado sobre a votação para a sede do Mundial em 2034. Como a Arábia Saudita lançou a única candidatura, o país deve ser oficializado como sede pela Fifa em dezembro.

Contudo, a nação saudita tem um histórico de desrespeito aos direitos humanos, o que levanta debates sobre sportwashing, cuja prática significa melhorar a imagem de uma pessoa, governo ou país através do esporte.

Além desse tema, o volante da Nationalelf foi questionado sobre a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, uma das sedes da Copa do Mundo 2026. Joshua Kimmich, por sua vez, estabeleceu um limite para o impacto dos atletas em assuntos relevantes da sociedade:

Em geral, nós, jogadores, devemos defender valores específicos, especialmente como capitão da seleção nacional. Mas não é nosso trabalho nos expressar politicamente o tempo todo.

Kimmich relembra posicionamento político da seleção alemã no Mundial 2022

Foto: (Imago) - Protesto da Alemanha na Copa do Mundo do Catar
Foto: (Imago) – Protesto da Alemanha na Copa do Mundo do Catar

No Mundial de 2022, a seleção alemã se posicionou politicamente em apoio à comunidade LGBTQIA+. Vale ressaltar que, no Catar, a homossexualidade é proibida por lei.

À época, a Fifa ameaçou punir sete países europeus caso eles usassem braçadeiras de capitão com as cores do arco-íris na Copa do Mundo. Esse equipamento simboliza o respeito à diversidade, além do apoio à comunidade LGBTQIA+.

Publicamente, apenas a Nationalelf se opôs às possíveis sanções da Fifa. Para isso, os jogadores da Alemanha — incluindo Kimmich — posaram para a foto oficial da partida contra o Japão, pela fase de grupos do Mundial, com as mãos cobrindo a boca.

Quase dois anos depois, o volante da Nationalelf relembrou a situação durante entrevista. Atual capitão da seleção alemã, Joshua Kimmich acredita que o protesto manchou a imagem do país no Catar:

Veja a questão do Catar. Não apresentamos uma boa imagem geral como time e país. Expressamos opiniões políticas e isso tirou um pouco da alegria do torneio. Foi uma Copa do Mundo excelente em termos de organização.

Apesar dos elogios do atleta da Alemanha, a Copa do Mundo de 2022 ficou marcada pelas condições precárias nas obras dos estádios, que resultou em mortes de trabalhadores imigrantes. Até hoje, ninguém sabe o número exato de falecimentos para que o Mundial acontecesse no Catar.

E a Arábia Saudita?

Foto: (Imago) - Copa do Mundo de 2034 deve ter a Arábia Saudita como sede
Foto: (Imago) – Copa do Mundo de 2034 deve ter a Arábia Saudita como sede

Desde meados de 2023, o governo da Arábia Saudita tem investido violentamente no futebol. De lá para cá, diversos jogadores reconhecidos mundialmente, como Cristiano Ronaldo, Neymar e Sadio Mané, foram jogar no país convencidos por salários astronômicos.

O próximo passo dos sauditas é receber a Copa do Mundo de 2034. Mesmo com as denúncias de abusos dos direitos humanos, a nação alega proteger sua segurança nacional por meio da legislação — que também proíbe a homossexualidade.

Neutro, Kimmich reforçou que os jogadores não devem dar pitaco sobre esses assuntos, pois as seleções serão cobradas pelo desempenho esportivo:

Eu gostaria que os jogadores que participarão do torneio daqui a 10 anos pudessem se concentrar na competição. Afinal, é nosso dever fazer o melhor quando convocados, porque somos medidos pelos resultados.

Foto de Matheus Cristianini

Matheus CristianiniRedator

Jornalista formado pela Unesp, com passagens por Antenados no Futebol, Bolavip Brasil, Minha Torcida e Esportelândia. Na Trivela, é redator de futebol nacional e internacional.
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