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Vila Madalena viveu clima de provocação sadia entre argentinos e brasileiros

Não parecia a Vila Madalena com a qual ficamos acostumados durante a Copa do Mundo. As ruas do coração do bairro estavam fechadas pela polícia. A maioria parecia deserta. Apenas no cruzamento entre a Azpicuelta e a Mourato Coelho, epicentro da festa, alguns argentinos comemoravam a classificação à final da Copa do Mundo. Cem, duzentos, certamente não mais do que trezentos. E, apesar da provocação, o clima com os brasileiros era amigável.

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A Vila Madalena ficou sem luz durante a semifinal entre Holanda e Argentina na Arena Corinthians, o que pode ter afugentado bastante gente desesperada para assistir à disputa de pênaltis. Além disso, quase todos os bares estavam fechados. Dos quatro do cruzamento citado acima, apenas dois vendiam cerveja para os festeiros. Segundo a polícia, os próprios comerciantes decidiram fechar as portas para evitar violência. E à 1h tudo seria encerrado, por determinação da prefeitura.

A Vila Madalena não esteve lotada, mas recebeu alguns torcedores (Bruno Bonsanti/Trivela)
A Vila Madalena não esteve lotada, mas recebeu alguns torcedores (Bruno Bonsanti/Trivela)

Por tudo isso, a festa não foi tão grande quanto se imaginava. Mesmo os argentinos, na decisão pela primeira vez em 24 anos, não pareciam tão animados. A maioria dos gritos que entoavam durava apenas dez segundos. Quando viam brasileiros, ganhavam motivação. Os gols da Alemanha sobre o Brasil na última terça-feira cabiam apenas em duas mãos e os gritos de “siete, siete, siete” saíam das suas bocas. A resposta vinha em forma de títulos mundiais: “cinco títulos, cinco títulos, cinco títulos”, mas eram poucos os brasileiros com vontade de brincar com os argentinos.

Eles foram rápidos para montar as músicas. Já tem uma para a final e provocando o Brasil: “Olha que loucura, olha que emoção, vocês vão para Brasília, e nós para o Rio ser campeão”. E também desenvolveram uma resposta ao grito que ganhou as gargantas dos brasileiros. Mas trocaram “Mil gols, mil gols, mil gols” por “puto, puto, puto” e, ao invés de explorarem a dependência química de Maradona, mencionam o suposto caso de que Pelé teria feito sexo com um garoto. Também pediram emprestado – talvez sem pedir – placas de voluntários com mensagens de adeus: “Obrigado por ter vindo”, em inglês e espanhol, certamente despedindo-se hipoteticamente do Brasil.

A música favorita é aquela que versa sobre a superioridade de Maradona a Pelé, registrada no vídeo abaixo, como em várias reuniões de argentinos ao longo da Copa do Mundo. As ruas da Vila Madalena não pulsaram como nos primeiros dias do torneio, mas receberam a felicidade dos argentinos. E não tem como não pensar em quão mais bonita a festa estaria se a decisão de domingo fosse entre Brasil e Argentina.

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Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
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