Entre dois irmãos

A última rodada da Bundesliga foi emblemática. A vitória por 3 a 0, fora de casa, contra o Bochum mostrou que o Bayern de Munique retomou a disputa pelo título e o Hoffenheim, que apenas empatou, parece ficar distante até mesmo de uma vaga na Liga dos Campeões. Mas a vice-liderança dos bávaros traz também uma situação curiosa: os irmãos Uli e Dieter Hoeness, managers de Bayern e Hertha, travam uma luta com um final ainda imprevisível.
Foram muitos anos dedicados ao Bayern como jogador e atualmente como diretor, além de inúmeros títulos. Mas em 2009, Uli Hoeness passou boa parte da temporada desdobrando-se para minimizar todos os “princípios de crise” que rondaram (e parecem rondar) o clube, principalmente quando o assunto é, ainda, a desconfiança em relação ao técnico Jürgen Klinsmann.
Uli, que estabeleceu uma gestão altamente profissional no Bayern, não deixa de ter seu folclore e não poupa o adversário de provocações, mesmo que seu irmão mais novo esteja entre os rivais: “Dê uma olhada no calendário. O Hertha tem seis jogos fora de casa, nós apenas quatro”.
Do outro lado, o ex-atacante Dieter, que assim como Uli defendeu o Bayern em sua carreira como jogador, chegou em 1997 ao Hertha e, igualmente elogiado por seu profissionalismo, comemora a possibilidade de entrar para a história ao transformar seu trabalho em um título conquistado pela ultima vez há 78 anos. Em 2010, seu contrato chega ao fim e, mesmo que a conquista não venha, o objetivo de estabelecer, em uma década, o Hertha Berlim como um grande clube foi alcançado.
Em 2010 o trabalho de Uli como dirigente do Bayern também se encerra, já que o dirigente se despede assim que Franz Beckenbauer deixar a presidência do clube, e ele também se divide em encontrar um substituto. Apesar de desmentir de que possa ser substituído por seu irmão, o nome de Dieter vem a tona.
Se a disputa entre os irmãos transformou-se em mais um fator para alimentar a reta final da competição, a aproximação do Bayern deixa sim a impressão de que cada partida torne-se ainda mais decisiva. Dividido também na disputa da Liga dos Campeões, e embalados pela goleada histórica diante do Sporting de Portugal, o Bayern poderá ter que se dividir (e priorizar) uma das competições. A contusão de Klose e o retorno de Luca Toni, que nesta temporada esteve aquém fisicamente, fará com que o time fique ainda mais dependente de Ribery.
Com a vantagem de quatro pontos, mas uma tabela mais complicada, a liderança do Hertha dependerá, agora, do desempenho da equipe fora de casa e o retrospecto não é dos melhores: em 11 partidas, cinco vitórias e quatro derrotas. Contando com a regularidade da equipe e com o entusiasmo da torcida que já contagia o grupo.
Ainda faltam seis rodadas de um campeonato que será definido no detalhe, na concentração e na eficiência. E que pode ficar entre dois irmãos.
Mönchengladbach reage
Algumas vezes nesta coluna, tratei a luta do Borussia Mönchengladbach para escapar do rebaixamento e garantir sua permanência pela segunda temporada consecutiva na Bundesliga como um “milagre”. Na ultima rodada, a vitória fora de casa diante do Colônia (a segunda consecutiva) deixou o Gladbach na 16ª posição, com possibilidade de não ter um final de temporada tão ruim assim.
Parte da reação pode ser creditada ao jovem meio-campista Alexander Baumjohann, já contratado pelo Bayern de Munique para a disputa da próxima temporada.
Wolfsburg arranca
O desempenho do time após a pausa de inverno impressiona: são seis resultados positivos consecutivos, uma sequência de dez vitórias em casa, o melhor retrospecto do returno, um artilheiro muito confiante – Grafite marcou três gols só na ultima rodada, contra o Schalke, e está a apenas um da artilharia da competição – e os mesmos quatro pontos de diferença em relação ao Hertha. Este é o momento do Wolfsburg, que provoca desconfiança até mesmo no próprio treinador Felix Magath.