Demitido após expressar apoio à Palestina, El Ghazi abre processo contra Mainz na Justiça
El Ghazi ficou apenas dois meses na Bundesliga, mas sua saída continua repercutindo pelo apoio dado à Palestina

Contratado no início da temporada 2023/24 após o fim de seu contrato com o PSV, Anwar El Ghazi chegou ao Mainz querendo provar seu talento com a camisa do Mainz. Contudo, a passagem pela Bundesliga durou apenas dois meses, já que o clube alemão rescindiu seu vínculo no início deste mês de novembro.
Como a Trivela noticiou, a saída do jogador de 28 anos se sucedeu após uma publicação nas redes sociais, onde o neerlandês expressou apoio à Palestina em meio à guerra entre Israel e Hamas. O Mainz chegou a suspender e reintegrar El Ghazi ao restante do elenco.
Entretanto, o atacante deixou bem claro que não iria retirar o que disse, quando trouxe uma forte declaração sobre as ações israelenses na Faixa de Gaza. Vale ressaltar que a mensagem podia ter uma conotação antissemita. Por conta disso, o post foi apagado pouco tempo depois.
Em meio a esse cenário, o neerlandês abriu um processo contra seu ex-clube por demissão sem justa causa. Segundo o The Atletic, o Mainz confirmou que o julgamento está marcado para o dia 6 de dezembro. A polêmica publicação de Anwar El Ghazi dizia:
“(Quando um lado) bloqueia água, comida e eletricidade (…) tem armas nucleares (…) é financiado com bilhões de dólares (…) usa inteligência artificial para disseminar desinformação (…) e usa as redes sociais para censurar conteúdo do outro lado (…) não é um conflito e não é uma guerra, é um genocídio e uma destruição em massa que estamos testemunhando ao vivo”
A crítica à resposta violenta de Israel após ataques terroristas do Hamas em outubro não foi o problema, mas sim uma frase que pode ter outras conotações: “do rio ao mar, a Palestina será livre”. A referência é o território entre o Mar Mediterrâneo, ao oeste de Israel, e o Rio Jordão, na fronteira leste com a Jordânia.
Como os extremos passam por todo território israelense, o post do ex-jogador do Mainz pode ser entendido como o não reconhecimento de Israel como um Estado legítimo. Ou, até mesmo, indicar a retirada ou eliminações dos judeus que vivem ali.
O posicionamento do Mainz em contrapartida ao de El Ghazi
Um dos fundadores do Mainz era Eugen Salomon, um judeu alemão que foi assassinado pelos nazistas no campo de concentração de Auschwitz. Isso ajuda a explicar a sensibilidade do clube após o post de El Ghazi defendendo a Palestina com uma mensagem contra às ações de Israel.
Quando decidiu suspender o jogador, o Mainz declarou que a posição que ele tomou sobre o conflito era “inaceitável”, argumentando que, por mais que “respeite que há diferentes perspectivas no complexo conflito no Oriente Médio, claramente se distancia do conteúdo da publicação porque ele não reflete os valores do clube”.
Na sequência, Anwar El Ghazi tentou deixar claro o que realmente pensava sobre a guerra entre Israel e Hamas, dizendo que ele é “um defensor da paz acima de tudo” e pediu mais “empatia”, assim como o “aprofundamento do nosso conhecimento sobre a história deste conflito”, o que julgou “ser vital”.
O clube alemão então entendeu que o neerlandês se arrependeu da publicação inicial, ainda mais após sua exclusão nas redes sociais. Só que El Ghazi manteve seu apoio à Palestina, além de se colocar “contra a guerra e a violência, contra o assassinato de todos os civis inocentes, contra todas as formas de indiscriminação”.
Por fim, o Mainz então definiu rescindir o contrato de duas temporadas do jogador de 28 anos. Agora, El Ghazi e o clube alemão voltam a se encontrar nos tribunais, que deve definir se a demissão do neerlandês foi justificada ou não após suas publicações nas redes sociais.