25 jogadores de 25 clubes diferentes: Cabo Verde quer fazer história na Copa Africana de Nações
Equipe tenta repetir o feito de 2013, quando chegou até às quartas de final da competição
A seleção de Cabo Verde vem evoluindo no cenário africano e quer fazer história na edição 2024 da Copa Africana de Nações. No Grupo B da competição, a estreia da equipe acontece neste domingo (14), às 17h (horário de Brasília), diante de Gana, no Estádio Felix Houphouet-Boigny. Nas eliminatórias, o time treinado pelo técnico Pedro Leitão Brito, o Bubista, conseguiu uma classificação tranquila em um grupo com Burkina Faso, Togo e Essuatíni.
Na 73ª posição do ranking da Fifa, Cabo Verde, nação localizada em um arquipélago vulcânico perto da costa oeste da África, pode ser considerada a seleção mais globalizada da Copa das Nações Africanas, já que todos os seus 25 jogadores atuam em 25 times diferentes, em 16 países distintos. Na era da miscigenação cultural do futebol, com praticamente todas as competições do mundo com ao menos um estrangeiro, a equipe africana é a representação fiel do poder do esporte nesta sociedade cada vez mais conectada.
Os jogadores de Cabo Verde atuam em clubes do Azerbaijão, Chipre, Rússia, EUA, Espanha, França, Itália e Irlanda, entre outros vários países. Somente um atleta joga em seu país de origem. O zagueiro João Paulo, por exemplo, atua pelo Sheriff Tiraspol, que oficialmente faz parte da Moldávia, porém estásediado em um estado autônomo conhecido como Transnítria, que não é reconhecido por ninguém.
Jogadores da Seleção de Cabo Verde nasceram em seis países distintos
Outro ponto que chama a atenção para o globalismo da seleção de Cabo Verde é que o time é formado por jogadores que nasceram em seis países diferentes. Quase metade dos atletas são nascidos no próprio país, o que representa um montante de 11 jogadores. Do restante, cinco nasceram na França, quatro na Holanda, três em Portugal, um na Suíça e um na Irlanda.
Essa quantidade considerável de jogadores de Cabo Verde espalhados pelo mundo é fruto de um êxodo de habitantes do país que migraram para a Europa em busca de melhores condições de vida. O zagueiro Roberto “Pico” Lopes, por exemplo, nasceu na Irlanda, mais precisamente na capital Dublin e é filho de mãe irlandesa e de pai cabo-verdiano. Antes de assumir seu posto na seleção principal de seu país, jogou pelo sub-18 da Irlanda.
O atleta explica que as condições no país fizeram com que a população de Cabo Verde se espalhasse por outros lugares do mundo, principalmente na Europa, em busca de trabalho e condições mais favoráveis para o desenvolvimento pessoal e profissional.
Cabo Verde sofreu um grande êxodo. As pessoas partiriam em busca de melhores oportunidades de carreira ou apenas melhores oportunidades de vida. Estamos espalhados por todo o mundo”, explicou o defensor que joga no Shamrock Rovers da Irlanda.
Outros países, como o Marrocos, a Costa do Marfim e a Argélia, também possuem jogadores nascidos em outros lugares, a grande diferença é que Cabo Verde possui mais jogadores nascidos em outras nações. A Costa do Marfim tem sete jogadores nascidos na França, os argelinos têm a influência da França e da Holanda na formação de sua seleção, e o time marroquino é o mais parecido com os cabo-verdianos, já que seu time é formado por jogadores que nasceram em quatro países diferentes.
Mesmo tão global, equipe aposta na união de seu povo para conquistar a África
Embora seja formada por jogadores espalhados por boa parte da Europa, com criações e culturas diferentes, quando estão reunidos, os jogadores de Cabo Verde parece que se conhecem há muito tempo e é com esta união do grupo e entrosamento em campo que a equipe vai em busca de repetir, ou melhorar o feito alcançado em 2013, quando a equipe conseguiu se classificar para as quartas de final da Copa Africana de Nações, sendo eliminada por Gana, adversária da estreia na edição de 2024.
Na época, o time cabo-verdiano se classificou em 2º lugar no Grupo A, na edição que foi disputada na África do Sul, com uma vitória sobre Angola por 2 x 1 e dois empates frente o Marrocos por 1 x 1 e diante dos donos da casa por 0 x 0. Nas quartas, derrota para Gana por 2 x 0, na melhor campanha de Cabo Verde na história da competição.