Rehab Rubro-Negro

As iniciais do Flamengo, CRF, todos sabe, significa Cuidado com os Reservas do Fogão. Mas as coisas podem e vão mudar. Mas – calma, rapá – não é papo de tri-vice recalcado. Trata-se da nova empreitada da visionária diretoria rubro-negra capitaneada pelo guru Kléber Leitche, a grande, a nova, a revolucionária, a revigorante, a Clínica de Reabilitação do Flamengo.
A ideia – você pode pensar – não é nova. Afinal, o São Paulo alega ter inventado a técnica de reintegração futebolística profissionalizante do futeboleiro brasiliano em decadência no mercadológico cenário internacional mas que preserva capacidade de humilhar zagueiros brasileirinhos. A estratégia é também conhecida como modelo de gestão, política de contratação e Reffis.
Mas – que porra – é claro que o São Paulo não inventou isso. Quem inventou foi o Flamengo, porque é o maior clube do mundo, de maior torcida e o mais querido. E o único pentacampeão brasileiro. Ponto Quer mais do que isso?, perguntaria o Kléber Milk. É claro que não, responderia a mais querida. O Flamengo inventou essa tática refertilizante pseudo-inovadora em momentos passados. Pu-or exemplo, Zico, regresso da Udinese; Leovegildo, o Pescara, vindo do Júnior; e Sócrates, que fracassou em sua tentativa no futebol grego (e também na Carta Capital).
Pois bem, passaram-se os Kléberes e os Romários, Edmundos, Nowaks e Pierkaskis. O Flamengo mostrou ser sempre um ótimo lugar para a reabilitação de atletas, como provam Denílson e Alex. E, desde então, o clube percebeu um novo nicho altamente compatível com a mercantilização do esporte mais bretão do mundo. Ciente disse, o Flamengo chamou o Ronaldo e seus fenômenos para um período de aclimatação no Spa da Gávea, como é carinhosamente conhecida a rehab rubro-negra. A visita do ex-craque, ex-cascão, ex-garanhão e ex-tragadão gerou os holófotes necessários para a nova leva de jogadores, ou melhor, pacientes.
Sem muito burburinho, o Flamengo trouxe Zé Roberto, também conhecido nas rodas de samba do Rio, Salvador, Bahia e Gelsenkirchen, como Zeca, o Zé Katchatcha. Não satisfeito, quis mais. Um paciente só não faz verão, pensaram os rubro-gênios. E então trouxeram Adriano. Renomado cachaceiro com fama Internazionale. Tutti buona genti. Solidário, L'Imperatore pensou nos bens do amigos e já indicou ao pagode do Doutor Runco outro paciente de peso: Beto, o Beto Katchatcha, que – acredite – não tem parentesco com Zeca. Tutti buona…você já sabe.
Pois bem, pra juntar esse caldinho de feijão da melhor catiguria, a Clínica de Reabilitação do Flamengo já flerta e sonda outra figurinha fácil. Seu problema já foi diagnosticado por 17 em cada dez não profissionais da área. Por questões não-profissionais, vou ser obrigado a manter quieto o barulho. Não revelo o milagre, mas contraditoriamente – pra variar –, revelo o santo. Ronaldinho, o Gaúcho. Que de santo só tem…só tem…não tem.
Pra azeitar essa mistureba, é claro, a clínica já percebeu que precisa urgentemente de um profissional cada vez mais valorizado no mercado: o pastor. A figura, nascida com Jorginho, cresceu com Bebeto, ganhou corpo com Mueller e maestria com Lúcio Flávio. Pois é este, o último, que a clínica espera contar para perdoar os pecados do mundo e livrai-los de todo o mau. E, de quebra, oferecer o contra-ataque para o adversário – que é, aliás, uma das missões de Lúcio Flávio, o pastor da agonia, na terra.
canta melhor que a Perla e bota o Adriano no bolso
Dado o diagnóstico. Fica a ideia. Com tantos pacientes a serem reabilitados, que tal não mudar de razão social?
A moral e os bons costumes agradecem.