Pelé Eterno
Édson Arantes do Nascimento viveu momentos marcantes no ano de 2004. Sofreu uma cirurgia para que fosse corrigido um descolamento de retina, emprestou seu nome a uma polêmica lista com os ´melhores´ jogadores da história do futebol e agitou a vida de alguns clubes brasileiros, criticando sua desorganização. Entretanto, o que mais lhe marcou deve ter sido o lançamento de ´Pelé Eterno´ – uma prova aos mais jovens de que esse atleta foi realmente especial.
Trata-se de um filme que reúne imagens (das quais muitas são inéditas) de excelente qualidade, relacionadas à carreira e à vida particular de Pelé. Foi tomado cuidado para que elas não fossem ´atiradas´ sem nenhuma seqüência e, então, foi feita uma divisão bem definida. Há fatos que não puderam ser exibidos em movimento, mas estão presentes em fotos e textos de jornal. Familiares, amigos, companheiros dos gramados e jornalistas também fazem parte do enredo, no qual eles dão seus depoimentos. A trilha sonora é uma mistura bem interessante, sendo composta por algumas músicas que falam sobre o ator principal e por outras instrumentais, tipicamente brasileiras.
Qualquer amante do futebol ficará encantado com essa obra do diretor Aníbal Massaini Neto, apesar de o texto ser descaradamente pró-Pelé (deixando de lado suas pisadas de bola fora dos campos) e às vezes abusar dos clichês. Tudo se inicia quando Dona Celeste e Seu Dondinho, os pais do craque, se conhecem. Passado um certo tempo, Pelé vem ao mundo e tem seu nome registrado em homenagem a Thomas Edison, que foi o inventor da luz elétrica e ídolo de Seu Dondinho.
Atuando no Bauru Atlético Clube, o Baquinho, Pelé chamou a atenção do Santos e se transferiu para a Vila Belmiro. Daí em diante, diversos títulos seriam conquistados nos âmbitos nacional e internacional, formando uma história espetacular. E a cada vez que Pelé balançava a rede, as torcidas (sem exceção) ficavam admiradas com a habilidade do camisa 10. Foi no Maracanã, enfrentando o Fluminense, que ele deu origem à expressão ´gol de placa´, ao marcar um golaço após ter driblado diversos adversários. Como não foi encontrada em nenhum arquivo essa pintura, o diretor resolveu fazer uma reprodução. Porém, as pessoas que representavam os jogadores do tricolor pareciam dar uma certa ´liberdade´ a Pelé. Ou seja, a cena não aparenta ter sido tão fiel. Idéia semelhante ocorreu com um tento anotado na Rua Javari, reproduzido com o auxílio do computador (novamente com um baixo nível técnico dos marcadores na cena). Quatro jogadores do Juventus receberam um chapéu antes da bola entrar e muitos espectadores dizem que esse foi o gol mais bonito marcado pelo Rei.
Depois de enorme sucesso no Santos e na seleção, Pelé resolveu ir para o Cosmos. Lá, ele se destacou mais uma vez com sua genialidade e ainda deu um empurrão para o ´soccer´ se tornar popular. Com as chuteiras penduradas, fez de tudo um pouco: gravou músicas, virou empresário, participou de campanhas publicitárias, foi ator de cinema, recebeu prêmios, etc.
O que desagrada um pouco no filme é a aparição de alguns erros factuais, deixando a impressão de ter havido falta de atenção dos responsáveis pela pesquisa. Na partida de ida da final da Copa Intercontinental de 1962, Santana foi o autor do primeiro gol do Benfica. No entanto, Eusébio acabou sendo citado em seu lugar. Já em determinadas partidas, surgem cenas inseridas por engano, como na primeira despedida de Pelé da Seleção, em 1971. O local foi o Morumbi, mas quando aparece a legenda com o nome do estádio, o que se vê é outro gigante: o Mineirão