Paysandu: O Papão está chegando

Quem apostou em Santos, Grêmio ou Corinthians como melhor time brasileiro na Copa Libertadores está se dando mal. O primeiro time do país a conseguir a classificação para a segunda fase foi o Paysandu. O time de Belém do Pará, primeiro da região norte do Brasil a disputar o torneio sul-americano, começou com força total. Na primeira fase, além da invencibilidade, o Papão da Curuzu, como o time é conhecido, conseguiu significativos resultados, como a goleada de 6 a 2 sobre o Cerro Porteño, jogando no Paraguai.

Terminada a primeira fase da Libertadores, o time tem hoje o melhor aproveitamento de pontos de um brasileiro na história da competição, com 90% de pontos ganhos. Nenhum clube grande do país registra aproveitamento superior a 70%. Segundo a IFFHS (Federação Internacional de História e Estatística do Futebol), o Papão é o time que mais evolui no mundo. Pulou da 416ª posição para o 181º lugar, subindo 235 posições.

Os tradicionais times do sul que se cuidem, pois o Papão tem aprontado pra cima dos times grandes. Na Copa dos Campeões do ano passado, ficou em primeiro lugar no grupo que contava com Corinthians e Fluminense. Depois, no mata-mata, eliminou Bahia e Palmeiras. Na final, venceu o Cruzeiro em uma disputa emocionante: os mineiros venceram o primeiro jogo por 2 a 1 em Belém. No segundo encontro, em Fortaleza, o Paysandu venceu o Cruzeiro por 4 a 3, e depois fez 3 a 0 na decisão por pênaltis.

E até nas arquibancadas o a torcida 'bicolor' vem dando banho nas dos times grandes. No campeonato brasileiro do ano passado, mesmo terminando em 20º lugar, o Paysandu obteve a melhor média de público jogando em casa: 23.242 pagantes por partida, seguido por Corinthians (22.808) e Atlético-MG (22.285).

Nascido contra o Remo

A maioria dos times de futebol ganha rivais após grandes confrontos ou decisões. O Paysandu Sport Club é diferente. Ele nasceu para ser rival do Clube do Remo, maior time do Pará até então.

O campeonato paraense de 1913 estava chegando a seu final. O Norte Club precisava de uma vitória contra o Guarany na última rodada para forçar uma partida extra contra o Grupo do Remo, que já havia cumprido toda sua tabela.

A partida foi realizada no dia 15 de novembro de 1913 e terminou empatada em 1 a 1, resultado que garantiu o título ao Remo. Os integrantes do Norte Club, inconformados com o resultado do jogo contra o Guarany, foram à liga, solicitando “a anulação da partida, por diversas irregularidades ocorridas”.

A liga, junto com a assembléia geral e a Liga Paraense de Foot-ball, julgou o caso e validou o resultado do jogo em 1 a 1. Insatisfeitos, os integrantes do Norte Club resolveram tomar um posição para que sua associação se tornasse mais forte e pudesse enfrentar em igualdade de condições seus adversários e até mesmo superá-los.

Hugo Manoel de Abreu Leão, que jogava no Norte Club, era o líder desse movimento. Os integrantes do Grupo do Remo chegaram até a convidá-lo para ingressar no time campeão de 1913, mas sua resposta foi clara: “Vou fundar um clube para superar o Grupo do Remo!”

Depois de várias reuniões, componentes do Norte Club decidiram que o melhor seria a extinção da agremiação, fundando-se em breve espaço de tempo uma outra, com novo nome e mais forte que o Norte Club. A nova agremiação contaria com atletas que participaram da liga em 1913, mas haviam se desligado de seus clubes.

Em uma reunião no dia 2 de fevereiro de 1914, com integrantes do Norte Club, internacional Sport Club e Recreativa, foi fundado o Paysandu Foot-baal Club. O atual nome, Paysandu Sport Club, foi adotado 17 dias depois.

Velozes e furiosos

O símbolo do Paysandu, desenhando por Mario Bayma de Moraes, é tão curioso quanto sua história. Se repararmos, existe a figura de um pé com asas logo abaixo do 'S' no centro do distintivo. Segundo o autor, o pé alado tem “o objetivo de mostrar velocidade, uma das características do time, jamais igualada nem superada por seus adversários, pois chega aos limites do vôo”. As duas estrelas existentes hoje em cima do símbolo representam os dois campeonatos brasileiros da Série B, conquistados em 1991 e 2001.

O nome Paysandu é uma homenagem a um fato histórico. Em 2 de janeiro de 1865, tropas brasileiras lideradas pelo general Mena Barreto e pelo almirante Tamandaré invadiram a província paraguaia de Paysandu, no episódio conhecido como 'Tomada de Paysandu'.

O Papão costuma mandar seus jogos importantes, inclusive os jogos do campeonato brasileiro, no estádio do Mangueirão. Mas o estádio particular do clube, adquirido em 1918, é o Evandro Leônidas Sodré de Castro, com capacidade para 15 mil pessoas, o popular Curuzu. Daí vem o apelido Papão da Curuzu. O estádio ainda tem o apelido de Caldeirão, Princesinha e Vovô da Cidade, por ser o estádio mais antigo do Pará.

Os fundadores do Paysandu podem ter certeza de que sua missão foi cumprida. Além da goleada por 7 a 0 contra o Remo em 1945, o Papão é hoje o maior vencedor de campeonatos paraenses, com 40 títulos, contra 39 do Remo e 14 da Tuna Luso.

Foto de Equipe Trivela

Equipe Trivela

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