O Reserva

Paixão, vida, tragédia, alegria, traição e futebol. Esses são alguns dos ingredientes presentes no romance ´´O Reserva´´, do autor português Rui Zink. O livro foi lançado em Portugal em 2001 e chegou ao Brasil no ano passado.

Na trama, Paulo Gomes, um comentarista de futebol que não consegue nunca lembrar o nome dos reservas que entram em campo, é o personagem principal. O que começa com um tom de comicidade logo ganha cores dramáticas. O protagonista, na saída do estádio, atropela uma criança, que morre quando chega ao hospital. Daí se desencadeia um enredo entre o riso e o choro, sempre pincelado por momentos inusitados, como o estranho amor de Paulo por Mila ou o revoltado protesto dos velhinhos amigos do avô da criança.

Zink busca uma dialética frenética. Ao mesmo tempo em que mostra Portugal, um país voltado para o futuro, com suas grandes avenidas, grandes espetáculos, ele mergulha nos dramas tradicionais das pessoas envolvidas na tragédia, como o casamento falido e a delinqüência juvenil.

O autor também quis trazer o leitor para perto dos personagens, uma característica moderna. Ele vez ou outra coloca o texto em primeira pessoa, depois de poucos instantes já o leva a terceira pessoa e em alguns momentos conversa com o próprio leitor, mas nada comparado a Machado de Assis. Também não é linear, como se fosse uma novela com vários núcleos. Os capítulos que se sucedem não têm relação com o anterior e sim com fatos que foram narrados pelo menos dois capítulos atrás. Além disso, o leitor vai reparar na quantidade de palavras de baixo calão empregadas pelos personagens.

Os mesmos personagens nascidos da posição inovadora de Rui Zink são a síntese perfeita das vivências desse país. Entre o sossego do velho e o desafio do novo, preferem a segurança do meio termo.

Já em relação à trama propriamente dita, é um romance como muitos outros. O texto é um pouco exagerado em alguns pontos, mas em sua maioria são fatos cotidianos que ocorrem na vida de qualquer um. Zink quis mostrar os dois lados de uma mesma moeda, que no caso foi a tragédia envolvendo amantes do maior esporte do planeta. Não é um livro sobre futebol, mas sobre os momentos em que ele está presente na vida das pessoas.

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Equipe Trivela

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