Manchester United Ruined my Wife
Quando crianças, os filhos costumam ir aos estádios de futebol acompanhado por seus pais, os quais os levam, na maioria das vezes, na esperança de tentar influenciá-los na escolha de seu time de coração. Entretanto, essa táctica às vezes acaba dando errado, pois quando menos se espera, eles acabam escolhendo torcer por outras equipes que não aquelas que tinham sido anteriormente persuadidos a se apaixonar.
Essa história se encaixa perfeitamente na de David Blatt, um então adolescente britânico de 14 anos residente em Londres que apesar de não ter sofrido uma pressão muito intensa dentro de sua casa para apoiar um determinado clube teve que assistir encontros de diversas equipes como Tottenham, West Ham e Arsenal. Aliás, num confronto entre este último e o Manchester United, ele teve uma sensação nunca antes sentida. Na verdade, ele finalmente tinha encontrado sua paixão, a eterna paixão de sua vida.
Trinta e cinco anos após a ida ao estádio de Highbury, ele decidiu transcrever para um livro as aventuras vividas durante todo esse tempo em que esteve acompanhando seu time de perto, tendo presenciado desde os momentos mais felizes até os mais tristes dos Red Devils. E os tais poderão ser encontrados em ´´Manchester United Ruined My Wife´´. Esse título é uma paródioa ao da obra de Colin Shindler, torcedor do rival Manchester City, ´´Manchester United Ruined My Life´´.
Rivalidade à parte, espera-se que o livro de David tenha o mesmo sucesso do de Colin. E isso pode vir mesmo a acontecer, pois ele apresenta diversos componentes capazes de atrair até o mais reticente dos leitores, aquele que insiste na tese de que não é válido trocar uma ou duas horas à frente da televisão por uma leitura. Esses, com certeza, mudarão esse hábito após dar uma oportunidade para que o leitor que há dentro de si desperte do sono profundo em que se encontra.
Além de apresentar as narrações de suas histórias com um tempero humorístico perfeito, não poupando nem sua própria mulher, a francesa Hélène, a qual, com o decorrer do tempo, aprendeu a detestar o futebol na mesma intensidade da paixão de seu marido por esse esporte. Para nós, brasileiros, ainda há uma característica interessante e familiar nessa obra. No entanto, deixarei para o leitor a tarefa de ´meter a cara´ na obra e a descubra. Não será muito difícil.
Uma das poucas críticas que podem ser feitas a David fica por conta da falta de detalhes da maneira como esse enlouquecido amor afetou sua vida pessoal, como o nome do livro tenta propor. No mais, não me resta mais nada a não ser recomendá-lo para todos, sem exceção, os simpatizantes do Manchester United e até para aqueles que não tenham essa simpatia, pois se existem até torcedores do Arsenal lendo, por que será que um santista, por exemplo, não iria poder ler?