Julio Baptista: De Sevilha para a Seleção

Espetacular, esplendorosa, ótima… Os espanhóis do sul do país, mais precisamente de Sevilha, não encontram mais elogios para definir a atual fase do meia brasileiro Júlio César Baptista, ou apenas Júlio Baptista, de 22 anos, que veste a camisa de número 19 do espanhol Sevilla Fútbol Club. A excelente fase do ex-jogador do São Paulo chamou a atenção de Carlos Alberto Parreira, técnico da seleção brasileira, que o convocou para o amistoso contra a Irlanda, em Dublin. Na partida contra os irlandeses (0 a 0), Baptista entrou no intervalo, no lugar de Kléberson, e teve atuação regular, com boa movimentação.

A filosofia de Parreira de manter sempre a mesma base da Seleção minava as esperanças de Baptista de ser lembrado pelo técnico. Essa não foi a primeira vez do atleta na seleção brasileira: em 2001, ele fez parte do grupo que fracassou na Copa das Confederações (campanha que acabou custando o cargo do técnico Leão). A penúltima convocação do meia acabou frustrada por seu clube, o Sevilla, que não o liberou para a disputa do Pré-Olímpico do Chile. Também chamado por Ricardo Gomes, o atleta disputou a Copa Ouro no ano passado.

Força e técnica em nova posição

Contratado pelo Sevilla para atuar como segundo volante, Júlio Baptista foi apontado pela imprensa espanhola como jogador com as mesmas características de Mauro Silva, volante do Deportivo La Coruña.

Porém, após os primeiros treinamentos de Baptista em seu novo clube, o técnico da equipe, Joaquín Caparrós, notou a habilidade do atleta, combinada com uma capacidade física avantajada. Essa foi a chave para o treinador reunir-se com Baptista, para uma breve conversa sobre seu posicionamento em campo. Durante a reunião, Caparrós pediu ao jogador que atuasse mais à frente, como quarto homem do meio-campo, para encostar nos atacantes da equipe, devido a sua força para chegar ao setor ofensivo – no São Paulo, Júlio Baptista chegou a desempenhar a função de centroavante, de costas para o gol, mas não teve bom desempenho.

Em sua primeira partida na nova posição, Júlio Baptista marcou um gol e deu a vitória ao Sevilla por 1 a 0, sobre o Atlético de Madrid, aos 26 minutos do primeiro tempo, na primeira rodada do campeonato espanhol.

´La Bestia´, ´O Tanque´…

Grandes atuações, com sua marca registrada, a união de força e técnica, renderam a Júlio Baptista alguns apelidos curiosos na Espanha. O preferido da imprensa local, sem dúvida, é ´La Bestia´, que em bom português significa a ´A Fera´. Quando atuava pelo São Paulo, Baptista recebeu o apelido de ´O Tanque´.

Negócio da China

Está virando costume da atual diretoria do São Paulo vender atletas jovens, com potencial comprovado, a preço de ´banana´ – o maior exemplo é o de Kaká, vendido ao italiano Milan por US$ 8,2 milhões. A venda de Júlio Baptista ao Sevilla não fugiu do script. Por ´apenas´ US$ 2,8 milhões (cerca de R$ 8 milhões), Baptista está defendendo as cores vermelha e branca da equipe espanhola, desde agosto de 2003. O jogador foi negociado na época em que estava com a seleção sub-23 disputando a Copa Ouro.

Ao chegar a Sevilla, o jovem atleta assinou contrato por cinco temporadas. O clube que quiser contar com o brasileiro em seu elenco agora terá que desembolsar o montante de US$ 45 milhões, referentes à cláusula de rescisão de seu contrato.

No Morumbi

Júlio Baptista chegou ao São Paulo em 1994, proveniente do Pequeninos do Jóquei, equipe da capital reveladora de talentos – dentre eles André Luiz, lateral/meia com passagens por São Paulo e Corinthians e atualmente no Fluminense. Pelo tricolor paulista, Baptista foi campeão da Copa São Paulo de futebol júnior, em 2000, e nos profissionais conquistou o campeonato paulista (2000) e o Torneio Rio-São Paulo (2001). No total, o meia jogou 138 partidas no São Paulo e marcou 22 gols em três temporadas entre os profissionais.