Huth: Mais que uma promessa
Logo que assumiu o comando da seleção alemã, em meados de agosto, Jürgen Klinsmann anunciou que intensificaria o processo de renovação do time, iniciado por Rudi Völler em 2000. Quando fez sua primeira convocação, para o jogo contra a Áustria, o novo treinador chamou um jovem de 20 anos, relativamente desconhecido, para ocupar o banco de reservas.
Trata-se de Robert Huth, zagueiro do Chelsea. ´´Robert quem?´´, pode perguntar o leitor acostumado a assistir à Premiership e à Liga dos Campeões na TV. Pois é, ele, que é apenas o segundo reserva do time de José Mourinho, transformou-se em titular da seleção alemã em menos de dois meses.
Na ´reedição´ da final da Copa de 2002, em Berlim, ele estava em campo e foi o responsável por parar ninguém menos que Ronaldo. E, para surpresa geral, o fez bem.
Considerado pela imprensa local como um dos melhores em campo naquela partida, começou a ganhar espaço e a gerar dúvidas na cabeça da torcida e da mídia alemã: como raios pode um segundo reserva ser titular de uma das mais tradicionais seleções do planeta?
Carreira relâmpago
Aos 20 anos de idade, Huth não soma muito mais do que 30 partidas em seu currículo. Formado pelo Union Berlin, o primo pobre do Hertha, ele trocou a capital alemã pela inglesa em 2000, quando mal havia completado 16 anos.
Chegou ao Chelsea como promessa e teve de esperar dois anos para finalmente fazer sua estréia entre os profissionais – contra o Aston Villa, na temporada 2001/2. Até então, toda sua experiência se resumia a partidas como amador e nas seleções de menores da Alemanha.
Nas temporadas seguintes, ele começou a ganhar espaço com Claudio Ranieri, mesmo com a chegada dos milhões de Abramovich e seus badalados reforços. Em 2003/4, ele foi titular em 10 partidas, entre Premiership, Liga dos Campeões e copas locais.
Com a chegada de José Mourinho, Huth perdeu espaço, devido à contratação de Ricardo Carvalho, queridinho do técnico português. Coincidência ou não, foi exatamente nesse mesmo momento que Klinsmann resolveu promovê-lo da seleção sub-21 para a principal.
Futuro promissor, mas incerto
Seu 1,91 m de altura é motivo suficiente para intimidar qualquer atacante adversário. Foi assim com a dupla Ronaldo-Adriano no jogo contra o Brasil e também nas outras partidas em que vestiu a camisa da Alemanha.
Outra de suas virtudes é a força física. Difícil de ser derrubado e trombador, Huth aproveita-se muito bem desse fator quando fica no corpo-a-corpo com seus adversários. Além disso, o potente chute de direita é uma de suas principais armas ofensivas, usada com eficiência em cobranças de falta.
A inexperiência de alguém que está no princípio da carreira é o que joga contra todas suas virtudes. Isso tem feito a diferença em seu confronto pessoal contra John Terry, William Gallas e Ricardo Carvalho, os titulares do Chelsea.
Como tem planos a longo prazo para o garoto, Klinsmann quer Huth longe dos Blues o quanto antes. Ele já inclusive conversou com Mourinho a esse respeito, pedindo que o zagueiro seja utilizado com mais freqüência ou que seja colocado à venda para que ele possa se desenvolver mais rápido.
Newcastle, Hamburg e Stuttgart mostraram interesse em contratar a jovem aposta do técnico alemão. O jogador, por sua vez, já comentou que não pretende deixar o Chelsea.
Seja qual for seu destino nos próximos meses, o certo é que a Alemanha começa a respirar um pouco mais aliviada quanto a seu futuro e a sonhar em não depender mais de veteranos que mal se agüentam sobre as próprias pernas.