Estrela da Amadora: Uma estrela tricolor

Um time de poucos títulos, fundado por jovens de uma cidadezinha típica portuguesa amantes do futebol. Assim é o Estrela da Amadora, que, após muita polêmica, conseguiu o direito de disputar a Superliga de Portugal, equivalente à primeira divisão, nesta temporada. O que mais chama a atenção em sua história é que apesar de desconhecido por muitos, o clube tem uma grande ligação com o futebol brasileiro, tanto em sua história como nos ídolos e nas curiosidades.

Amadora sempre foi um bairro de Conselho de Oeiras e só se tornou município em 1979. Localizado na área metropolitana de Lisboa, Amadora é o município português com a maior densidade demográfica: são 175 mil habitantes em uma área de apenas 24 km2 . Em sua história, a cidadezinha já foi dominada pelos romanos e sempre se destacou pelos solos férteis e água abundante.

Em 22 de janeiro de 1932, sete jovens da região fundaram o Estrela motivados pela extinção do Lusitano da Amadora, clube para o qual torciam. Como sempre, o começo foi muito difícil. Depois de muita batalha, os rapazes arrumaram os uniformes e alugaram o campo de aviação da Amadora para seus jogos. Logo os rapazes começaram a chamar a atenção da pequena Vila, tanto é que o Clube Futebol da Amadora, time profissional do vilarejo, chegou a convidar alguns jogadores para atuar por ele. Muitos saíram do Estrela mas, mesmo diante das dificuldades, o clube sobreviveu.

Com ajuda do Porcalhota e do Flu, o Estrela começa a brilhar

A estréia do time aconteceu em abril do mesmo ano contra o Palmense. Cheio de problemas financeiros, o Estrela jogou com o uniforme emprestado do Porcalhota Futebol Clube, um time vizinho. Dentro de campo, o Estrela venceu a partida por 2 a 1. A vitória deu ânimo aos jovens, mas o novo time só foi registrado oficialmente em janeiro de 1940. Oficialmente, o clube começou a participar de campeonatos amadores em 1943. O Estrela não foi bem e ficou dois anos sem participar de competições. Em 1949, o time conquistou seu humilde, mas primeiro título: a Taça de Lisboa.

O Estrela era conhecido por seu uniforme azul com uma risca horizontal verde, calção branco e meias verdes. Mas, em 1951, o Fluminense, aqui do Brasil, presenteou o pequeno time com três uniformes completos. A estrela lusitana virou tricolor. Até hoje o clube utiliza o uniforme listrado verde, vermelho e branco.

Mesmo de uniforme novo, os problemas continuaram. A Igreja resolveu construir sua sede na parte central da vila, justamente onde era o campo do time. Após muita discussão, a Igreja ficou com a área. O Estrela se transferiu para a região da Reboleira, onde até hoje fica o estádio José Gomes.

Os anos foram se passando. Décadas de 60, 70 e 80. Anos em que o Estrela não brilhou na constelação do futebol. Em 1984, nasceu no clube o esporte que o difundiu no mundo: a esgrima. A luta de espadas é o esporte que melhor representa o clube. Em Portugal, o Estrela tem uma das principais equipes do país. Na Europa, está entre os dez melhores do continente. Se no futebol o clube pouco representa, graças a seus floretistas, o Estrela é conhecido mundialmente quando o assunto é esgrima.

O modesto time português conquistou seu maior título na temporada 1989/90: a Taça de Portugal, ao vencer o Farense por 2 a 0 na final. Na temporada 1992/3, o título foi de menor expressão, mas também bastante comemorado. O Estrela conquistou seu único título da segunda divisão de Portugal. O time se manteve na primeira divisão até 2001, quando caiu para a Segundona. Nesse time jogava o atacante brasileiro Sandro Gaúcho, ex-Sport, e atualmente no Figueirense.

Lembra do caso Figueirense x Caxias?

Na temporada 2003/4, o clube voltou à principal divisão do futebol português, mas sua ascensão foi tão sofrida quanto polêmica. Na última rodada, precisava vencer fora de casa o Portimonense. A Naval 1º de Maio, seu adversário direto na vaga, não poderia somar os três pontos contra o Rio Ave. O Portimonense abriu 2 a 0 no placar. Foi então que aconteceu uma daquelas coisas que só o futebol é capaz de proporcionar: o Estrela teve força e empatou a partida. Nos acréscimos do segundo tempo, o time converteu um pênalti e virou o jogo. Para completar, no mesmo momento o placar do estádio anunciou o empate de 0 a 0 no jogo da Naval. A torcida tricolor nem esperou o juiz terminar a partida para invadir o campo e comemorar o retorno à Superliga portuguesa.

Depois da vitória no campo, o jogo foi parar nos tribunais. A Naval alegou que a partida não havia terminado, pois a torcida invadira o campo antes do apito final do Juiz. Foi exatamente o que aconteceu aqui no Brasil, em 2001. A torcida do Figueirense comemorou a ascensão do clube dentro de campo, e o Caxias se sentiu prejudicado. Tanto em Portugal como aqui no Brasil, após muita polêmica a Justiça determinou que o resultado do jogo foi válido. O único prejuízo para o Estrela foi não ter jogado a primeira rodada do campeonato português, contra o Belenenses, pois a decisão ainda não tinha sido confirmada.

Nesta temporada, o difícil objetivo do clube é se manter na primeira divisão. Para isso conta com um artilheiro brasileiro que já caiu nas graças da torcida. Julio César, recém-adquirido do Locomotiv Moscou, virou símbolo do time ao fazer o gol de empate (1 a 1) da partida contra o Porto na segunda rodada.

Foto de Equipe Trivela

Equipe Trivela

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