Eintracht Frankfurt: Quero ser grande – de novo

O dia 18 de maio de 1960 entrou para a história do futebol mundial. Em Glasgow, no Hampden Park, a final da Liga dos Campeões daquele ano atraiu cerca de 130 mil espectadores privilegiados. Ao final de 90 minutos, a partida entre Real Madrid e Eintracht Frankfurt tornou-se mítica, como se nela pudesse se resumir a mais fina essência do esporte.

Com o passar das temporadas, os dois times seguiram caminhos opostos. Os merengues consolidaram sua supremacia no continente europeu, poder que dura até os dias atuais. Enquanto isso, os alemães desejam hoje retornar um dia aos tempos em que o Eintracht era considerado um clube grande.

O Eintracht surgiu no dia 1º de maio de 1899, com o nome de Frankfurter FC 1899. No ano seguinte, o clube fundiu-se com o FC Kickers Frankfurt e modificou seu nome para Frankfurter FC 1899 Kickers. Em 1904, passou a se chamar FV Kickers Frankfurt. Outra fusão em 1911, dessa vez com o Viktoria Frankfurt, e nova troca de nome: o time passou a ser conhecido como Frankfurter FV. Em 1920, juntou-se ao Frankfurter TG 1861 para formar o Frankfurter TSG Eintracht 1861. No ano de 1968 ganhou o nome de Eintracht Frankfurt. Em alemão, a palavra 'eintracht' significa algo como 'harmonia, concórdia'.

Na Alemanha, o campeonato nacional era disputado em ligas regionais, cujos campeões decidiam qual deles seria o melhor time do país. A idéia de se montar um torneio com o formato de liga ganhou força na década de 60. Foi então que, em 1963, surgiu a Bundesliga, sendo o Eintracht um de seus clubes fundadores.

A final dos sonhos

Como havia ganho o campeonato alemão na temporada 1958/9, o Eintracht classificou-se para a disputa da Liga dos Campeões. Desbancou ao longo do torneio os suíços do Young Boys, os austríacos do Wiener Sportclub e humilharam os escoceses do Rangers com duas goleadas: 6 a 1 e 6 a 3. Classificados para a final, os alemães teriam pela frente o Real Madrid, então tetracampeão europeu.

No Real, jogavam 'apenas' Canario, Santamaría, Del Sol, Di Stéfano, Puskas e Gento. Mesmo que o Eintracht tivesse Pfaff e Stein, o favoritismo merengue era notório. O estádio Hampden Park abrigou um duelo marcado pela excelência técnica e tática.

Coube a Kress marcar o primeiro gol aos 10 minutos da partida, dando a falsa impressão de que o Eintracht derrubaria os merengues. Então Di Stéfano marcou duas vezes, aos 27 e 30, com Puskas fazendo o seu aos 45. No final da primeira etapa, a virada por 3 a 1 dava sinais do que ainda estava por vir.

No segundo tempo, os madrilenos continuaram sua exibição de gala. Puskas marcou mais dois (aos 11, de pênalti, e aos 15), ampliando a goleada. Stein ainda descontou aos 19, mas sete minutos depois Puskas fez seu quarto gol na partida. No minuto seguinte, Stein diminuiu de novo, mas ainda havia tempo para Di Stéfano fazer seu terceiro, aos 30. O placar final (7 a 3) coroou o domínio espanhol, mas não significou a humilhação para o Eintracht, que saiu de campo extremamente aplaudido pelo público escocês.

Do topo à segunda divisão

A equipe do Frankfurt já pertencia à elite alemã. Nas décadas de 60 e 70, chegava sempre perto do título da Bundesliga, mas jamais conseguiria repetir o feito da temporada 1958/9, quando venceu o campeonato nacional. Porém, na copa da Alemanha, conquistou a taça em 1974 e 1975. Nesta época, o Eintracht possuía em seu elenco os jogadores Jürgen Grabowski e Bernd Hölzenbein – ambos compunham a seleção alemã campeã mundial em 1974.

Em 1980, o time trouxe para Frankurt seu troféu mais importante: o de campeão da Copa UEFA, após vencer na final os compatriotas do Borussia Moenchengladbach. No grupo de jogadores, estava um sul-coreano que seria eleito o melhor jogador na Alemanha naquele ano: Cha Bum Kum.

Na década de 80, houve um declínio de qualidade, mas mesmo assim o Eintracht conquistou a copa da Alemanha em 1981 e 1988. Este foi seu último título. Na Bundesliga, nada muito animador: o clube terminava o campeonato sempre em posições intermediárias. A situação mudou na temporada 1989/90, quando chegou em terceiro; no ano seguinte, ficou em quarto; em 1991/2, novamente em terceiro, com o título nacional escapando de suas mãos na última rodada.

No início dos anos 90, o time contava com um bom elenco, tendo jogadores como Andreas Möller, Uwe Bein, Anthony Yeboah, Augustine Okocha e Maurizio Gaudino. Chegou até a ganhar o prêmio 'Fussball 2000'. Porém, aos poucos houve um processo de desmanche que a cada ano fazia o time despencar mais e mais na tabela. Em 1995/6, o Eintracht Frankfurt foi rebaixado.

Manter-se na Bundesliga, o desejo atual

Em seu primeiro ano na 2. Bundesliga, o Eintracht terminou em sétimo. Na temporada seguinte (1996/7), conquistou o título e voltou para a primeira divisão. As campanhas foram fracas em seu retorno (15º em 1998/9, 14º em 1999/2000 e 17º em 2000/1, quando foi punido com a perda de dois pontos por violar condições de licença e caiu novamente). Em 2001/2, ficou em sétimo na segunda divisão.

Na temporada de 2002/3, o Eintracht assegurou seu retorno à divisão principal do futebol alemão, graças a um gol nos últimos minutos da última rodada. O time derrotava o Reutingen por 5 a 3, mas o placar era insuficiente. O resultado deixaria o Frankfurt empatado em terceiro lugar com o Mainz, mas perderia a vaga nos critérios de desempate. Foi quando Alexander Schur marcou mais um gol, garantindo maior saldo de gols ao Eintracht em relação ao Mainz.

Para evitar nova queda, o time decidiu apostar em reforços vindos de um país com pouca tradição no futebol – a Albânia. Chegaram ao clube os meias Mehmet Dragusha e Ervin Skela, além do defensor Geri Çipi. Para o ataque, o Eintracht conta com Cha Du Ri, filho de Cha Bum Kum. Ainda faz parte do grupo Uwe Bindewald, que defende as cores do clube desde 1986.

O desafio de se manter na Bundesliga motiva o atual elenco do Eintracht também para calar a boca dos críticos alemães, que dão como certo seu retorno à segunda divisão. Afinal, o Eintracht busca uma oportunidade para abandonar a sina de de eterno coadjuvante.

Foto de Equipe Trivela

Equipe Trivela

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