Didi

Didi é mais um personagem da série ´´Perfis do Rio´´, que foi idealizada pela prefeitura da cidade do Rio de Janeiro e pela secretaria da cultura. O campeão do mundo em 1958 e 1962 junta-se a João Saldanha, outra legenda do futebol que está na coleção, lançada em 1996.

Fica aqui registrado que esta obra, escrita por Roberto Porto, jornalista e torcedor declarado do Botafogo, não tem apenas Didi como foco principal. Existem diversas histórias sobre o jogador, falecido em 2001, abrangendo todos os anos em que atuou. Porém, há também espaço para abordar os bastidores do futebol, participações da seleção brasileira em campeonatos sul-americanos e Copas do Mundo, esquemas táticos e importantes confrontos entre clubes da ´cidade maravilhosa´.

No começo do livro, tive a impressão de que estava lendo uma autobiografia. O autor, no decorrer de várias páginas, faz um resumo de sua infância, mostrando como era sua vida e o início de seu contato com o esporte. Aos dois anos de idade, mudou-se da Urca para as Laranjeiras. Em ambos os bairros, viveu momentos que guarda na memória até hoje. Filho de um flamenguista fanático, o pequeno Porto foi influenciado por um tio para que se tornasse torcedor do Botafogo. Morando próximo ao Fluminense, começou a praticar natação no clube e, a partir dali, conheceu grandes nomes que só tinha visto pela televisão, como: Telê Santana, Castilho, Píndaro, Pinheiro e… Didi. Entretanto, a primeira vez em que Didi aparece com ênfase no livro é no ano de 1950, quando foi o responsável por marcar o gol inaugural do estádio do Maracanã. A partida foi disputada entre a seleção de novos do Rio e de São Paulo, a poucos dias da abertura da Copa do Mundo, e terminou 3 a 1 para os visitantes.

Porto gosta de interromper histórias para contar outras e acaba atrapalhando a leitura em alguns momentos. Um exemplo é quando ele fala sobre a venda de Didi para o Botafogo, pelo Fluminense. Logo em seguida, começa a contar sobre a eleição para a presidência do tricolor carioca, em 1974, a qual teve Francisco Horta como vencedor. Ao terminar, ele volta a falar da chegada de Didi em General Severiano, em 1956.

Em 1957, alguns dias após o fim do campeonato sul-americano, num jogo válido pelas eliminatórias da Copa da Suécia, a folha-seca foi apresentada ao mundo. O Brasil enfrentou o Peru no Maracanã, e o mestre Waldir Pereira, mais conhecido como Didi, fez o único gol da partida em uma cobrança de falta que enganou toda a barreira e o goleiro.

Mas não pense que a carreira de Didi foi imune a fatos desagradáveis. No mesmo ano do gol marcante contra os peruanos, ocorreu uma troca de pontapés entre Telê Santana e ele, na decisão do campeonato carioca. O motivo de o episódio ter acontecido foi Mané Garrincha. O craque das pernas tortas não parava de dar seu espetáculo, mesmo com o título praticamente faturado pelo alvinegro, que goleava o Fluminense no Maracanã. Após o quarto gol sofrido pelo Flu, Telê pediu a seu adversário Didi que, juntamente a Nilton Santos, dissesse a Garrincha que não havia mais necessidade de fazer aquilo. Didi não atendeu ao pedido e ocorreu o desentendimento. Já na Copa do Mundo de 54, realizada na Suíça, as travas das chuteiras foram as responsáveis por Didi não conseguir parar em pé no jogo contra a fortíssima Hungria. O gramado estava encharcado e, com isso, as travas foram se desprendendo com facilidade. Resultado final: 4 a 2 para os europeus. Brasil eliminado.

O passado do futebol brasileiro, mais especificamente das décadas de 50 e 60, foi muito bem retratado no livro, sempre com detalhes. Elogios merecidos para as fotos pessoais e da carreira do jogador, raramente vistas, e para a parte final, na qual há uma lista de todos os jogos e gols de Didi pelo clube da estrela solitária (não incluídos os válidos pelo Torneio Início). O principal de tudo é que o esporte ganha um novo registro, de uma época que não possui uma variedade tão grande de informações.

Foto de Equipe Trivela

Equipe Trivela

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