Banfield: Além das fronteiras

Desde a primeira edição da Taça Libertadores da América, em 1960, uma quantidade enorme de equipes argentinas já teve a oportunidade de disputá-la. Foram dezesseis no total. Com uma campanha surpreendente na última temporada, somando-se os pontos dos torneios Apertura (32) e Clausura (32), o Banfield assegurou uma vaga na principal competição interclubes do continente pela primeira vez na história. Para completar, ainda deixou para trás times de tradição e que já faturaram a Libertadores, como o Independiente, o Racing, o Estudiantes e o Vélez Sarsfield.

Apenas um argentino na primeira conquista

O centenário Club Atlético Banfield foi fundado por um grupo de comerciantes ingleses que moravam na cidade que leva o mesmo nome do clube. Mas o leitor deve estar se perguntando: qual é a origem desse nome? Edward Banfield foi o primeiro gerente da empresa Gran Ferrocarril Sur (Grande Estrada de Ferro Sul) e, em sua homenagem, a estação de trem da cidade foi assim batizada.

Nos primeiros anos de vida do clube, o esporte que recebia maior atenção e era tido como prioridade era o críquete. Porém, se não fosse por uma pessoa, talvez não estivéssemos falando aqui a respeito do Banfield. Alfred John Goode, um amante do futebol, assumiu a presidência do clube em 1899 e o rumo tomado acabou sendo outro.

Ainda nesse ano, o Banfield participou do primeiro campeonato nacional da segunda divisão, onde sagrou-se campeão. Com esse feito, o Banfield é, atualmente, o único clube pertencente à AFA a ter ganhado um campeonato no século 19. Nessa conquista, o mais curioso é que apenas um jogador era argentino: James Doods Watson. Todos os restantes eram nascidos na Grã-Bretanha. Como nessa época o acesso não existia, o Banfield foi obrigado a continuar na segunda divisão. E novamente provou ser o melhor.

´El Taladro´

Em 1938, o Banfield encontrava-se numa situação difícil. O time havia sido rebaixado à terceira divisão e o número de sócios era baixíssimo. Era a vez de mais um personagem importante entrar em cena. O jovem empresário Florencio Sola foi escolhido como novo presidente e contribuiu para o início de uma fase exitosa.

Aproveitando-se do fato que o Estudiantil Porteño, time da segunda divisão, havia se desfiliado da AFA, Sola conseguiu levar seu clube a ocupar o lugar sem dono. Só que a equipe necessitava de reforços e os alvos foram jogadores reservas da primeira divisão. O resultado foi a formação de um grande time, que obteve o direito de disputar a primeira divisão.

Após sofrer uma reformulação, o Banfield realizou uma excelente campanha. O caçula até recebeu o apelido de ´El taladro´ (a broca), o qual permanece até os dias de hoje.

Com a melhor campanha, mas sem o título

Na Argentina, o sistema adotado para se conhecer o campeão é o de pontos corridos. Mas há uma exceção. Caso duas equipes terminem com pontuações iguais, haverá uma partida extra, deixando-se de lado os critérios de desempate (número de vitórias, saldo de gols etc). Portanto, nota-se que a melhor campanha pode não pertencer ao campeão do torneio. Foi o que aconteceu em 1951.

Naquele ano, o Banfield e o Racing terminaram a competição com 44 pontos. Como o regulamento previa, ambos deveriam se enfrentar, para azar do Banfield, que era dono de um retrospecto mais favorável. Comparado ao adversário, havia ganhado mais partidas e possuía defesa e ataque melhores.

No dia 1º de dezembro, no estádio ´El Gasómetro´, cujo dono era o San Lorenzo, houve um empate sem gols. Naquela oportunidade, ocorreu a primeira transmissão de uma partida de futebol pela televisão. Quatro dias mais tarde, novo confronto no mesmo local. Desta vez, o time de Avellaneda, através de um tento anotado por Mario Boyé, derrotou o Banfield e faturou seu terceiro campeonato consecutivo.

Façanhas para compensar

Mesmo sem ter em seu currículo a conquista de um título expressivo, o Banfield já atingiu algumas marcas consideráveis. Entre 1950 e 1953, permaneceu 49 partidas sem conhecer o sabor da derrota em sua casa. Esse recorde é um dos maiores de todos os tempos no país.

Outro feito marcante aconteceu há trinta anos. O Banfield derrotou o Puerto Comercial, de Bahia Blanca, por 13 a 1 e registrou a maior goleada da história do futebol profissional nacional. Numa jornada inspirada, Juan Taverna balançou as redes sete vezes.

Antes da Libertadores, a Copa Sul-Americana

Realmente a última temporada é motivo de enorme felicidade para os torcedores do Banfield. Além de ter o privilégio de participar da Libertadores, a equipe irá disputar também a Copa Sul-Americana, a partir de sua fase preliminar. É uma competição que está dando seus primeiros passos, mas não será olhada com desdém pelo Banfield.

Para enfrentar o Arsenal, adversário do próximo dia 10 de agosto, na estréia, o técnico Julio César Falcioni poderá ter à sua disposição praticamente o mesmo elenco do primeiro semestre, pois as perdas foram poucas. Entretanto, uma delas é bastante sentida. O experiente atacante Bustos Montoya, artilheiro do time no Clausura com sete gols, transferiu-se para o Independiente e deverá deixar saudades.

Foto de Equipe Trivela

Equipe Trivela

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