Atlético Sorocaba: O caçula entre os grandes

Em 2004, aqueles que gostam de acompanhar o futebol paulista irão conhecer uma nova equipe. O Atlético Sorocaba, pela primeira vez em sua curta história, estará disputando a primeira divisão. Depois de muitos anos longe da elite do campeonato estadual, a cidade de Sorocaba volta a ter um representante. O São Bento, que chegou a realizar boas campanhas, foi rebaixado em 1991 e nunca mais voltou. Agora, o Galo Sorocabano (como é carinhosamente chamado por seus torcedores) quer imitar seu maior rival. Porém, mantendo-se na Série A-1.

O acesso foi conseguido a duras penas. Na decisão da Série A-2 deste ano, não passou pelo Oeste de Itápolis, que acabou subindo. Pelo regulamento, ainda teria a chance de ir para a primeira divisão, enfrentando o penúltimo colocado do 'torneio da morte' (que reuniu as equipes que não se classificaram para as quartas-de-finais da Série A-1), já que o último, a Inter de Limeira, foi rebaixado automaticamente. Com isso, teve que jogar contra o Botafogo de Ribeirão Preto. Com uma vitória de 2 a 1 atuando em casa e um empate sem gols no Estádio Santa Cruz, o Atlético conquistou seu maior feito no futebol. Os jogadores foram recepcionados como heróis ao chegarem a Sorocaba e desfilaram no carro do Corpo de Bombeiros, seguidos por carros com torcedores vestindo a camisa amarela e vermelha, as mesmas cores da cidade (como no hino oficial: “Sorocaba de braços abertos/Te recebe e te aplaude de pé”).

O principal destaque do Atlético foi Ricardo Xavier, que foi o artilheiro do campeonato com 12 gols, ao lado do experiente Clóvis, da Francana. Após a conquista do acesso, ele foi emprestado ao Criciúma para a disputa do Brasileirão. Outro nome importante na campanha do Galo, mais pela experiência do que pela atual técnica, foi o atacante Nilson, com passagens por clubes grandes, como Corinthians, Palmeiras e Internacional de Porto Alegre, onde foi o artilheiro do Brasileirão de 88, quando o Colorado chegou ao vice-campeonato.

Sucesso rápido no interior

Fundado em 1991, o Atlético tinha o intuito de divulgar o nome da cidade e levar o lazer e a prática esportiva à população. No começo, o único esporte praticado pelo clube era o basquete (o qual conquistou todas as competições femininas possíveis, comandado pela rainha Hortência). Mais tarde, estendeu suas atividades a outras 11 modalidades, incluindo o futebol (devido a uma fusão com o Barcelona e o Estrada, ambas equipes amadoras). O estádio do Estrada, o Rui da Costa Rodrigues, foi escolhido como o local das partidas do Atlético. Entretanto, teve que atender às exigências da federação paulista para que pudesse sediá-las. O gramado recebeu novas medidas, a arquibancada e as instalações elétricas foram reformadas, novas traves foram colocadas e várias outras modificações foram feitas.

Os resultados logo apareceram dentro de campo. Em 1993, Serginho Chulapa (o maior artilheiro da história do São Paulo, com 242 gols, e titular da seleção brasileira na Copa do Mundo de 82) ajudou o Atlético a subir para a Série A-3 do campeonato paulista. No ano seguinte, chegou na quarta colocação, mas apenas os três primeiros é que iriam participar da A-2. Ainda em 1994, participou pela primeira de vez de uma competição de âmbito nacional: a terceira divisão do campeonato brasileiro. A estréia foi contra o Matsubara, do Paraná, e a equipe perdeu paulista por 3 a 0. A situação continuaria a mesma até o fim da primeira fase, onde terminaria em último em seu grupo, sem nenhuma vitória.

Novos tempos

No início de 2000, o presidente do Atlético, João Caracante Filho, foi procurado por um grupo sul-coreano, interessado em assumir integralmente o clube, inclusive o conselho e a diretoria, além de se responsabilizar por todas as dívidas. Era a 'Associação das Famílias para a Unificação da Paz Mundial', liderada pelo Reverendo Moon, que necessitava de um clube paulista para colocar em prática um grande projeto cultural e social no estado, semelhante ao realizado no Mato Grosso do Sul com o Cene. O equipado centro de treinamento e os mais de 100 garotos das categorias de base foram alguns fatores que chamaram a atenção dos asiáticos. Em abril do mesmo ano, o Atlético foi entregue oficialmente à diretoria da associação.

Em 2001, comandado pelo treinador Wagner Benazzi, o Galo conquistou mais um acesso, desta vez para a Série A-2, mesmo terminando na segunda posição, já que o campeão foi o outro time da cidade, o São Bento. O Atlético teve o melhor ataque, marcando 62 gols, e também a melhor defesa, sofrendo apenas 29.

Pensando em 2004

Neste ano, o Atlético Sorocaba disputou a terceira divisão do campeonato brasileiro. A intenção do Galo era fazer uma boa campanha, projetando-se ainda mais no cenário nacional. Porém, não conseguiu igualar sua melhor campanha – chegou à terceira fase em 1996 -, sendo eliminado já na segunda etapa, pelo Botafogo-SP, curiosamente a mesma equipe que eliminou os sorocabanos na campanha de 1996.

Para 2004, o otimismo é muito grande, tanto do elenco como da torcida. A base do time que conquistou o acesso à Série A-1 foi mantida, assim como o treinador João Martins. Os jogadores mais conhecidos do grupo são o lateral-direito Márcio Rocha (que fez parte do time do Guarani no Brasileirão de 94, ao lado de Amoroso e Djalminha) e o volante Douglas (vice-campeão paulista de 2001 com o Botafogo, com breve passagem pelo São Paulo).

Espera-se que, com a aparição do Atlético Sorocaba no próximo Paulistão, o futebol do interior volte a ter uma forte representação, pois seu nível está baixo, visto as últimas edições. Existem muitas equipes que, no passado, tiravam pontos dos grandes, mas hoje não assustam mais. Os favoritos que se cuidem, pois o Galo vai querer cantar alto para todo o estado ouvir.

Foto de Equipe Trivela

Equipe Trivela

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