Roberto Martínez, ex-Bélgica, é uma escolha surpreendente para a seleção portuguesa
Aos 49 anos, Roberto Martínez, ex-técnico da Bélgica, assume a seleção portuguesa com a missão de tirar mais do talentoso elenco luso

A Federação Portuguesa de Futebol surpreendeu ao escolher o espanhol Roberto Martínez como técnico, após a demissão de Fernando Santos após a Copa do Mundo 2022. Aos 49 anos, Martínez era técnico da Bélgica de agosto de 2016 a dezembro de 2022. Em um país com diversos treinadores de prestígio no futebol europeu, a aposta da Federação Portuguesa é de buscar um treinador que teve sucessos na Bélgica, ainda que não tenha conseguido títulos com a melhor seleção belga da história.
Martínez assumiu a seleção da Bélgica após a Eurocopa ade 2016, substituindo Marc Wilmots, ex-jogador da Bélgica que dirigia a seleção. Com muito talento à sua disposição, como Thibaut Courtois, Kevin De Bruyne, Eden Hazard e Romelu Lukaku, para ficar em alguns deles, o treinador conduziu a Bélgica à semifinal na Copa do Mundo de 2018, eliminando o Brasil nas quartas de final. Perderam da França na semifinal por 1 a 0, em um jogo bem apertado.
O sucesso de 2018, porém, não se repetiu nas competições seguintes. Na Euro 2020, disputada em 2021, a Bélgica caiu nas quartas de final, diante da Itália, que seria a campeã. Na Copa do Mundo de 2022, a campanha foi um fracasso retumbante. O time caiu na fase de grupos, eliminado em uma chave com Marrocos, Croácia e Canadá. Os relatos de conflitos internos foram muitos e a relação do técnico com os jogadores também virou um problema.
Fernando Santos era muito criticado pela sua atuação à frente da seleção portuguesa. Ele tinha a gratidão por ter conquistado o improvável título da Eurocopa 2016, mas o desempenho depois disso foi frustrante, para dizer o mínimo. Em 2018, queda nas oitavas de final diante do Uruguai. Na Euro 2020, derrota para a Bélgica de Roberto Martínez nas oitavas de final. E na Copa do Mundo 2022, o time foi derrotado por Marrocos, nas quartas de final.
A escolha de um novo técnico gerava expectativa. José Mourinho foi um nome especulado e há outros técnicos com algum destaque, como Jorge Jesus (embora a sua última passagem pelo Benfica tenha deixado uma má impressão), além de Abel Ferreira, indo bem no Brasil. Apesar disso, a escolha da Federação Portuguesa foi mesmo com um estrangeiro já com experiência como técnico de seleções.
A Escolha de Roberto Martínez indica algo que já é sabido, mas é reforçado: as seleções não são o topo dos trabalhos dos técnicos europeus, especialmente. Por isso é tão difícil tirar um técnico como José Mourinho, que não vive o seu melhor momento na carreira da Roma. Se por um lado é difícil atrair um técnico do mais alto nível, do outro há muita desconfiança. Como o futebol brasileiro, e sul-americano em geral, sequer é assistido na Europa, o trabalho de Abel Ferreira aparece mais por aqui do que por lá, onde repercute muito menos. Assim, a escolha de Roberto Martínez acontece nesse contexto, o que não o isentará de críticas, muito pelo contrário.
Martínez: “Encantado por poder representar uma das seleções mais talentosas do mundo”
“Estou muito feliz por estar aqui, estou encantado por poder representar uma das seleções mais talentosas do mundo. Desde a primeira vez que conheci a direção e o presidente soube que era este o projeto que queria. Entendo que haja grandes expectativas e objetivos, mas também entendo que há um grande conjunto de pessoas a trabalhar para cumprir os nossos objetivos”, disse Roberto Martínez.
O treinador foi perguntado sobre Cristiano Ronaldo, claro. “As decisões de futebol têm que ser tomadas no campo de jogo. Não tomo decisões no escritório. Meu ponto de início é a lista da última Copa e Cristiano é jogador dessa lista. Tem 19 anos na seleção e merece o respeito de nos sentarmos e falarmos. Amanhã falaremos”, disse Martínez, deixando aberta a porta para uma possível continuidade d0o português.
“O importante é sermos uma seleção muito competitiva. Quando penso no meu percurso internacional, em seis anos e meio tivemos invictos em 28 jogos para grandes torneios. É uma forma de tornar uma competitividade dentro da equipa. Portugal tem de ter sempre vontade de ganhar tudo e para isso é preciso ser uma equipa moderna, com flexibilidade tática. Jogar com uma linha de três ou quatro defesas depende dos jogadores, e será meu trabalho e da equipa técnica tirar o máximo de cada jogador. A flexibilidade tática é muito importante. Se vamos jogar em transições, temos de estar bem estruturados sem bola e dar aso ao talento que temos com bola. Temos de controlar jogos. Essa flexibilidade tática dependerá dos jogadores”, continuou o espanhol.
“A estrutura da equipa técnica está clara. Depois de sete anos no futebol mundial sei exatamente o que é preciso, vamos finalizar isso nos próximos dias. Mas gostaria de ter um assistente português, que tenha sido jogador da seleção e tenha carreira internacional. Acredito que seria muito importante para acelerar o nosso entendimento pelo futebol português”, referiu.