Um clássico para a história: Benfica arranca uma alucinante virada nos acréscimos sobre o Sporting
O Benfica perdia no Estádio da Luz até os 48 do segundo tempo, mas conseguiu dois gols agônicos contra o Sporting e assumiu a liderança do Português
O Benfica vinha de uma semana frustrante. Diante de tamanhas expectativas na Champions League, a eliminação na fase de grupos era o que os encarnados menos esperavam. Neste domingo, para tentar se reerguer, o time de Roger Schmidt encarava o clássico contra o Sporting. Era um duelo fundamental, com os leoninos três pontos à frente no topo da tabela do Campeonato Português. E, até os 48 do segundo tempo, a noite parecia oferecer outro pesadelo aos benfiquistas no Estádio da Luz. Os rivais ganhavam por um gol de vantagem, mesmo jogando com dez homens durante quase todo o segundo tempo. O embate terminou, todavia, com uma das vitórias mais épicas das Águias na história do dérbi. Viraram para 2 a 1, com gols aos 49 e aos 52 da segunda etapa. De quebra, encerraram a invencibilidade dos sportinguistas e tomaram a primeira posição na tabela.
Roger Schmidt escalou o Benfica num 4-2-3-1. Anatoliy Trubin era o goleiro, com a defesa formada por Fredrik Aursnes, António Silva, Nicolás Otamendi e Felipe Morato. Florentino Luis e João Neves eram os volantes. A trinca de meias tinha Ángel Di María, Rafa Silva e João Mário, enquanto Petar Musa encabeçava o ataque. Já Rúben Amorim alinhava o Sporting no costumeiro 3-4-3. António Adán abria a equipe, com Ousmane Diomande, Sebastián Coates e Gonçalo Inácio na defesa. O meio reunia Ricardo Esgaio, Morten Hjulmand, Hidemasa Morita e Matheus Reis. Na frente, o perigoso trio com Marcus Edwards, Viktor Gyökeres e Pote.
O Sporting constrói a vantagem
O Benfica tentou se impor durante o início do primeiro tempo no Estádio da Luz, mais confiante e com mais pegada. O gol poderia ter vindo cedo. Rafa Silva teve uma chance de ouro aos nove minutos, depois de um lance disputado por Musa. O meia, no entanto, mandou ao lado da meta mesmo de frente para o crime. Já aos 12, Rafa quase se redimiu com um grande lance. Bateu colocado e a bola prensada acabou parando no travessão. Os encarnados se mostravam mais acesos, mas também não podiam se descuidar. Aos 20 minutos, por muito pouco Ricardo Esgaio não completou no segundo pau o cruzamento rasteiro de Matheus Reis.
O clássico ficaria mais animado a partir de então. O Benfica seguia mais presente no ataque, mas logo o Sporting se tornou mais perigoso. João Mário deu um presente a Florentino, que não conseguiu emendar a cabeçada na pequena área. Logo depois, António Silva salvaria duas tentativas sportinguistas do outro lado, e os leoninos ainda pararam em grande defesa de Trubin, após cabeçada de Diomande. O goleiro também reapareceu aos 33, crescendo diante de Pote. Os dois times tinham suas brechas e os benfiquistas lamentaram bastante um grande lance de Di María aos 41, em que escapou sozinho e acertou a trave, embora estivesse impedido.
O Sporting, no entanto, conseguiu preponderar aos 45 minutos. Foi um gol brilhantemente construído pelos alviverdes para abrir o placar. Marcus Edwards teve todos os méritos no lance, ao recuperar uma bola na defesa e dar uma meia lua em Morato para escapar uma velocidade. No contra-ataque aberto, o atacante enfiou para Gyökeres, que recebeu na área e mandou uma paulada de primeira para vencer Trubin. O sueco comemorou de braços abertos diante da torcida benfiquista.
O Benfica faz o impossível
O Benfica teria todo o segundo tempo para buscar a virada. E com um homem a mais. Aos seis minutos, Gonçalo Inácio cometeu uma falta sobre Rafa Silva em que o árbitro deu vantagem, mas ainda assim aplicou o segundo amarelo no beque. Soou como uma marcação rigorosa da arbitragem, até pela aplicação do primeiro cartão. Logo na sequência, Marcus Edwards deixou o campo para Jeremiah St. Juste arrumar a defesa. A partir de então, o jogo se tornou um ataque contra defesa.
O Benfica acionou o seu banco a partir dos 19, mandando a campo Arthur Cabral e Casper Tengstedt, com bem mais presença ofensiva. Isso não era suficiente, todavia. Pote até assustou contra Trubin num lance impedido. Do outro lado, o jogo benfiquista era burocrático e não gerava grandes chances. Quem poderia oferecer algo diferente era Di María. Num chute no alto, o craque exigiu um milagre de mão trocada de Adán, em tiro que ainda bateu no travessão antes de sair para escanteio. Mesmo assim, os esforços dos encarnados eram insuficientes. A zaga leonina se segurava.
O jeito para o Benfica foi insistir no chuveirinho. E a persistência daria resultado nos acréscimos. O gol de empate aconteceu aos 49, num escanteio em que Trubin já estava na área. A bola espirrou na marca do pênalti para João Neves, que dominou e mandou a pancada para dentro. A arbitragem deu seis minutos adicionais, mas o tento alongou um pouco mais o duelo. E a virada aconteceu aos 96:22. Di María limpou pelo meio e abriu com Aursnes na direita. O cruzamento rasteiro veio na pequena área para Tengstedt, que só escorou. Ainda existiam dúvidas de um possível impedimento, mas quatro centímetros validaram o lance. Era um milagre.
A saída de campo ainda teve uma dose de confusão, algo natural para um clássico vivido à flor da pele. E também muito importante à tabela. O Benfica assume a liderança no saldo de gols, com os mesmos 28 pontos do Sporting – no final da campanha, o primeiro critério de desempate é o confronto direto. Foi a primeira derrota dos leoninos na campanha. O Porto também se aproxima do topo com 25 pontos, enquanto o Braga permanece à espreita com 23. Promete ser uma grande temporada em Portugal.