Mundial de Clubes

Tigres: com uma lenda no banco e um artilheiro em campo, tentará quebrar a sina do México

O México não manda bem em Mundiais de Clube. São mais numerosos os casos em que perderam sem grande cerimônia do que realmente conseguiram complicar os adversários, como o Pachuca em 2017 e o Monterrey ano passado, contra o Liverpool. A missão de quebrar essa sina nesta edição será do Tigres. E pelo menos é um clube que entende bem o que é uma sina.

Foram três vice-campeonatos da Concachampions em quatro anos antes de conseguir finalmente conquistar o título continental contra o Los Angeles FC. O autor do gol da vitória não poderia ter sido outro: André-Pierre Gignac, um dos mais letais atacantes de todo o continente americano. Ele será o líder técnico do time dentro de campo, enquanto o experiente Tuca Ferreti tentará superar o Ulsan Hyundai para depois tentar dar um nó em Abel Ferreira e, quem sabe, em Hans-Dieter Flick, caso se torne o primeiro mexicano a chegar à final do Mundial.

A história de fundação

São os Tigres da UANL: Universidade Autônoma de Nuevo León, considerada a terceira maior universidade pública do México. Fica no Estado de Nuevo León, no norte do país, o mesmo que abriga a cidade de Monterrey, que enviou o último representante mexicano ao Mundial. A fundação oficial foi em 7 de março de 1960, quando o Jabatos, nascido três anos antes, foi cedido à universidade. Transformou-se em Club Deportivo Universitário de Nuevo León, passou a adotar pela primeira vez o apelido de Tigre e a usar o uniforme azul e amarelo. Sete anos depois, após mais mudanças, a atual versão do Tigres foi constituída para usar o Estádio Universitário, inaugurado em maio de 1967. Fez sua primeira partida contra o Orizaba, em julho daquele mesmo ano. José de Jesús “Triquis” Morales marcou duas vezes no empate por 2 a 2.

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A ascensão no futebol nacional

Precisou bater duas vezes na trave – lembra alguma coisa? – antes de conseguir o primeiro acesso na temporada 1973/74. E aí, não demorou muito para ser campeão. Conquistou seu primeiro título em 1977/78 e repetiu o feito em 1981/82. Se firmaria como uma força nacional apenas na última década, com mais cinco troféus da Liga MX desde 2011. Em meados da década de noventa, conquistou também uma das suas três Copas do México – e fez um bate e volta na segunda divisão.

Histórico nas competições continentais

Foi bem em sua primeira participação, chegando às semifinais de 1979, mas, após duas eliminações precoces no começo da década de oitenta, passaria um bom tempo longe da competição. Estabelecendo-se com força nos anos 2010, entrou em uma sequência amaldiçoada de vice-campeonatos. Perdeu a final para o América, em 2016, para o Pachuca em 2017 e para o rival Monterrey em 2019 até finalmente quebrar o tabu com o título da última edição. Também houve uma boa participação na Copa Libertadores, vice do River Plate em 2015.

Caminhada até o mundial

Foi mais tranquila do que poderia ser. O Tigres deu a sorte de não precisar enfrentar nenhum mexicano – os outros três, Cruz Azul, América e León, ficaram no outro lado da chave e caíram antes da final. Mas foi necessária uma dose boa de drama para eliminar o Alianza, de El Salvador, com um gol do goleiro Nahuel Guzmán, a 20 segundos do fim. O New York City foi despachado sem cerimônias, com 5 a 0 no placar agregado. O surpreendente Olimpia, de Honduras, havia eliminado dois times da Major League Soccer (Seattle Sounders e Montreal Impact), mas sucumbiu por 3 a 0, já na bolha de Orlando. Na final, Diego Rossi assustou, abrindo o placar ao Los Angeles FC no primeiro tempo, mas Ayala e Gignac viraram o jogo nos 20 minutos finais e deram um baita presente de Natal aos seus torcedores no dia 22 de dezembro.

Participações anteriores no Mundial

Teria alguma se não tivesse batido na trave três vezes antes de ganhar seu primeiro título da Concachampions ano passado.

O destaque

Andre-Pierre Gignac, do Tigres (Photo by Azael Rodriguez/Getty Images)

André-Pierre Gignac tomou uma decisão curiosa para a sua carreira. Após cinco anos competentes pelo Olympique Marseille, e com passagem pela seleção francesa, seu contrato chegou ao fim. Havia sido vice-artilheiro da Ligue 1, com 21 gols, mais que Ibrahimovic e Cavani naquela temporada, e, aos 29 anos, tinha mercado para continuar na Europa. Mas decidiu jogar no México. Férias em Cancún no início do ano deram oportunidade para a delegação do Tigres plantar a semente. Não dá para dizer que a escolha não se pagou. Colecionou artilharias e foi quatro vezes campeão do México. Soma 144 gols em 244 jogos e é o jogador mais importante do melhor time da Concacaf.

Os estrangeiros

Guzmán marca nas oitavas de final da Concachampions

O argentino Nahuel Guzmán é uma constante debaixo das traves do Tigres desde 2014, um forte candidato a ídolo – até pelo gol que valeu vaga nas quartas de final da Concachampions a 20 segundos do fim. À sua frente, tem o colombiano Francisco Meza, campeão da Copa Sul-Americana e quadrifinalista da Libertadores pelo Independiente Santa Fé. Guido Pizarro retornou ao clube após uma única temporada pelo Sevilla e segue dando consistência ao meio-campo.

Também conta com o garoto uruguaio Leo Fernández, formado pelo Fênix e com passagem pelas categorias de base da seleção uruguaia, e dois Quiñones: Julián, 23 anos, e Luís, 29 anos. A colônia brasileira é formada pelo volante Rafael Carioca, ex-Atlético Mineiro e Spartak Moscou, e Patrick Ogama, um garoto de 20 anos, filho de Juninho, ex-zagueiro de Coritiba, Botafogo e São Paulo e que defendeu o Tigres durante a maior parte da década passada. Nico López seria outro estrangeiro bem conhecido pelo torcedor brasileiro, mas ele não viajou ao Catar após testar positivo para Covid-19.

O líder em campo

Hugo Ayala é uma instituição do Tigres. O jogador de 33 anos, com 47 partidas pela seleção mexicana, duas delas na Copa do Mundo da Rússia, chegou do Atlas, em 2010, e parece muito confortável em Nuevo León. Aliás, trívia: contra o Toluca, nas oitavas de final do Apertura em novembro do ano passado, igualou Tomás Boy como o jogador que mais vezes vestiu a camisa do Tigres, chegando a 424 jogos, e…. fez um gol contra e foi expulso na vitória do seu time por 2 a 1. Bateu o recorde contra o Cruz Azul, na partida de volta das quartas. Soma cinco títulos do Campeonato Mexicano, uma Copa do México e três Recopas.

Treinador

Ricardo Ferretti, o Tuca, é um desbravador e uma lenda. Foi para o futebol mexicano muito antes de virar modinha, como jogador, após iniciar carreira no Botafogo, ainda na década de setenta. Defendeu uma série de clubes grandes e levantou troféus pelo Pumas. Emendou a segunda carreira na primeira e também não demorou para ser campeão. Levou a liga nacional com o Chivas, em 1997, a Concachampions com o Toluca e o Clausura de 2009 com o Pumas. No ano seguinte, chegou ao Tigres para ficar. Está há dez anos no clube de Nuevo Léon, fazendo história a cada um deles. Já conquistou cinco vezes a Liga MX, uma copa e entregou à torcida que o idolatra o sonhado título continental. E agora terá a chance de testar suas habilidades no Mundial de Clubes.

Ídolo do passado

“Nunca mais os Tigres usarão o número 7”. O reitor da UANL fez o anúncio no círculo central do Estádio Universitario, no jogo de ida da semifinal do Campeonato Mexicano de 1981/82, contra o América. Era uma decisão um pouco precipitada e arriscada, mas também merecida. Um pouco precipitada e arriscada porque o homenageado ainda tinha 28 anos. Estava de saída para a Itália, mas vai saber o que faria no futuro? Mas também merecida porque o homenageado era Gerónimo Barbadillo.

De linhagem nobre no futebol peruano, Barbadillo começou a carreira de ponta-direita Sport Boys, passou pelo Defensor Lima e ganhou a Copa América de 1975 com a seleção peruana antes de desembarcar no México. Foi o protagonista dos primeiros três títulos do Tigres como clube da primeira divisão – duas ligas e uma Copa do México -, marcou muitos gols para quem não era um centroavante e levou o apelido de “Patrulla”, em referência ao policial de uma série norte-americana, porque os dois cultivavam um belo black power.

A partir da saída de Barbadillo para o Avellino, da Itália, em 1982, jogadores do Tigres usaram a camisa 7 apenas na Libertadores – obrigados pelas regras de inscrição do torneio sul-americano. E para a sorte dos dirigentes, ele encerrou sua carreira pela Udinese e nunca cruzou o caminho do clube como adversário.

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Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
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