Mundial de Clubes

Entrevista de Abel é reflexo de um Palmeiras que não revoltou nem deu orgulho no Mundial

Técnico reconheceu erros na partida contra o Chelsea e declarou torcida para o restante do torneio

Quem via os sorrisos de Estêvão e Abel Ferreira na entrevista coletiva, após a derrota para o Chelsea (1 a 2), e a consequente eliminação na Copa do Mundo de Clubes, nem estranhava muito.

Porque não havia ali nenhum desdém. Os sorrisos do maior técnico da história alviverde e do maior talento a deixar a base do clube nos últimos 30 anos eram o reflexo do que o Palmeiras fez na Copa do Mundo. Um enorme “tanto faz”.

Embora tenha chegado às quartas de final, o Alviverde fez uma campanha irregular. O término com eliminação não entristece o suficiente para devastar emocionalmente ou revoltar. Mas que também não enche de orgulho seus devotados e dedicados torcedores.

Abel reconheceu que o bom jogo de Cole Palmer, bem como que o posicionamento do Chelsea, pegou seu time de surpresa.

— Eles não entraram da maneira que esperávamos. Demoramos a encaixar a marcação — explicou, antes de reconhecer o óbvio, com um tom de ironia e falsa humildade subjacente fácil de ler para quem o conhece.

— Eles têm um time melhor e um técnico melhor — disse, com uma afirmação cuja segunda parte não é real, e nem de fato exprime o pensamento do treinador.

Abel Ferreira não se considera nem é pior treinador que Enzo Maresca. Tanto que, ao entender o que o italiano fizera, corrigiu a rota e sufocou a equipe inglesa. Mesmo assim, levou o gol em falha de Weverton.

— Tiveram um pouquinho de sorte — disse ele.

Pode até ser. O chute de Gusto realmente desviou levemente em Giay. Mas Weverton falhou ao tentar adivinhar o curso da bola. E mostrou um tempo de reação muito ruim para um jogador de seu patamar.

Abel ainda revelou que vai torcer para o Fluminense de Renato Gaúcho, a quem elogiou e pediu, publicamente, um convite para jogar futevôlei na praia.

Time do Palmeiras que enfrentou o Chelsea nas quartas de final da Copa do Mundo de Clubes
Time do Palmeiras que enfrentou o Chelsea nas quartas de final da Copa do Mundo de Clubes (Foto: Cesar Greco/Palmeiras/by Canon)

Estêvão usou tom desafiador

Escolhido melhor do jogo, Estêvão, chamado de filho pelo técnico, participou da entrevista e esbravejou em uma pergunta completamente normal, sobre o que faltara para o time.

— Não sei, diz aí, o que você acha que faltou? — disparou o atacante, ressentido, em tom desafiador.

— Eu não vou abrir meu coração. Da última vez, disse uma coisa e vocês levaram para outro lado — completou.

É complicado saber qual era o tom a ser dado para a afirmação de que ele não estava conseguindo se concentrar na Copa por conta da iminente mudança para a Inglaterra.

Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata LimaSetorista

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, Diego cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023.
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