O Al-Jazira até esboçou o crime, mas, no fim, a força do Real Madrid prevaleceu

Era difícil de acreditar no que estávamos vendo. O Real Madrid amassava o Al-Jazira, representante do anfitrião do Mundial de Clubes, como poucas vezes um time amassou o outro. O goleiro Ali Khaseif estava pegando até pensamento, às vezes na sua qualidade, às vezes na pura sorte. E a poucos minutos do fim do primeiro tempo, Romarinho fez 1 a 0. E no começo do segundo, Boussoufa fez 2 a 0. Mas o segundo gol foi anulado por um impedimento milimétrico, Ali Khaseif teve que ser substituído, e o atual bicampeão europeu, aliviado, conseguiu a virada, venceu por 2 a 1 e marcou um encontro com o Grêmio, no próximo sábado.
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Não é exagero dizer que, por volta dos dez minutos, o Real Madrid poderia estar vencendo por 3 a 0. Ali Khaseif foi lá embaixo defender uma cabeçada quase certeira de Cristiano Ronaldo. Em seguida, parou outra testada forte do português, meio no susto, com a mão direita. Modric mandou de fora da área, Ali Khaseif caiu para defender, e a bola ainda bateu na trave e no seu braço antes de ir para fora. Ronaldo foi travado, dentro da pequena área, e o goleiro acabou ficando com a sobra. O cronômetro ainda mostrava nove minutos de jogo.
Ali Khaseif deveria cobrar por um expediente drobado, depois de tanto que trabalhou. Aos 16, defendeu uma cabeçada de Benzema e, depois, um chute de primeira de Modric, de dentro da área, após pivô do francês. No contra-ataque, Mabkhout quase abriu o placar para o Al Jazira. O Real Madrid marcou duas vezes, em um intervalo de dez minutos, mas nenhum deles valeu. Sandro Meira Ricci apontou falta de Ronaldo, em tento que seria de Benzema, e impedimento do centroavante, em tento que seria de Casemiro, depois de utilizar o auxílio do vídeo.
E aí, apareceu Romarinho, aquele jogador que não treme nem um centímetro em jogos grandes. Boussoufa roubou e deixou com o brasileiro, que ajeitou a bola, ajeitou o corpo, e tocou no canto de Keylor Navas para abrir o placar para o Al Jazira, e dar início ao que poderia ser uma das maiores zebras da história do Mundial de Clubes.
E não foi por muito pouco. No começo da etapa final, Romarinho armou o contra-ataque com um toque esperto para Mabkhout, que venceu Hakimi e avançou com campo vazio. Jogada clássica, de dois contra um, que o Al Jazira conseguiu, de alguma maneira, estragar. Mabkhout demorou demais para tocar para Boussoufa, que correu rápido demais e se colocou em posição de impedimento na hora do passe. O Al Jazira chegou a comemorar o segundo gol, mas Ricci, mais uma vez, usou o árbitro de vídeo par anular o tento.
Machucado, Ali Khaseif precisou ser substituído por Khaled Al Senani no lance seguinte, e a casa do Al Jazira caiu. Modric deu o passe para Cristiano Ronaldo, Fares Juma furou bem feio, e o português bateu cruzado para empatar. A prorrogação ainda era uma possibilidade real, principalmente quando Benzema acertou a trave duas vezes em menos de sete minutos. Mas um belo passe de Marcelo resolveu a parada. De primeira, com o lado de fora do pé, o lateral brasileiro achou Lucas Vázquez, que tocou para trás. Bale pegou de primeira e marcou. Cristiano Ronaldo ainda tentou completar de letra, mas o gol foi confirmado para o atacante galês.
O Al Jazira esboçou cometer o crime contra o Real Madrid, mas, no fim, a força e a qualidade técnica muito superior dos espanhóis prevaleceram. Perdemos a oportunidade de uma grande zebra, uma história fantástica de Davi e Golias. Mas ganhamos um encontro imperdível entre Real Madrid e Grêmio, no próximo sábado.
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