Mundial de Clubes

A Terra é azul: Chelsea vence Palmeiras na prorrogação para conquistar seu primeiro Mundial

Em um duelo que o Palmeiras dificultou o quanto pode, Chelsea conseguiu uma vitória com gol de pênalti na prorrogação e ganha o título Mundial pela primeira vez

O Chelsea precisou de muita insistência em um jogo que foi até a prorrogação, mas venceu o Palmeiras por 2 a 1 e conquistou o título do Mundial de Clubes pela primeira vez em sua história. Foi um jogo duríssimo, com o campeão da Libertadores resistindo enquanto conseguiu às investidas dos campeões europeus.

O time brasileiro teve alguns bons momentos, especialmente no primeiro tempo e precisou se defender na maior parte do tempo. Aos poucos, perdeu a força de chegada ao ataque e acabou sucumbindo. Ainda assim, esteve vivo no jogo até o final.

O jogo teve casa cheia: 32.870 pessoas no estádio Mohammed Bin Sayed, em Abu Dhabi, sendo a grande maioria de palmeirenses, que se fizeram ouvidos. Gritaram, apoiaram e tentaram ser um reforço para a equipe verde e branca do Parque Antártica. E em alguns momentos, foi importante para a equipe.

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Escalações

O Chelsea de Thomas Tuchel foi a campo com três mudanças importantes: na ala esquerda, Callum Hudson-Odoi entrou no lugar de Marcos Alonso. No meio-campo, Jorginho ficou no bvanco e quem entrou como titular foi N’Golo Kanté. No ataque, saiu Hakim Ziyech e entrou Mason Mount.

O Palmeiras de Abel Ferreira manteve o time da semifinal, mas cm uma diferença sutil: Gustavo Scarpa recuava da ponta esquerda para a ala esquerda e eventualmente recuado até a linha de defesa, formando uma linha de cinco jogadores atrás. Com isso, Joaquín Piquerez centralizava para se tornar um terceiro pela esquerda.

Primeiro tempo

Os dois times trocavam ataques com alguma dose de perigo nos primeiros minutos. O Chelsea chegava tentando buscar o atacante Romelu Lukaku, que estava muito marcado. Quem tinha liberdade para jogar era o zagueiro Thiago Silva e, por vezes, o volante Kanté. Eram eles que conduziam a bola na maior parte das vezes buscando os espaços, que não apareciam.

O Palmeiras não se restringia a se defender. Pelo contrário, o time ia para o ataque com constância nos primeiros 30 minutos. Dudu recebeu uma bola longa pela esquerda e, bem marcado, girou, saiu da marcação e finalizou com perigo, buscando o ângulo. Aos 27 minutos, em uma bola longa, Zé Rafael ganhou no corpo, girou e tocou para Dudu, que dominou a bola, perdeu o equilíbrio e acabou chutando para fora, sem direção.

Tuchel precisou fazer uma mudança aos 30 minutos. Mason Mount sentiu uma lesão e precisou ser substituído. O técnico alemão colocou Christian Pulisic, mudando um pouco a característica. O americano é mais atacante que o inglês, mais rápido e gosta de atuar mais aberto.

A essa altura do jogo, o Chelsea já controlava mais jogo com a bola e o Palmeiras não conseguia encaixar mais tantos contra-ataques perigosos. Mas apesar da posse de bola, o Chelsea tinha dificuldades para criar chances para finalizar.

Ao final do primeiro tempo, o time inglês teve 71% de posse de bola, chutou oito vezes a gol e acertou só uma delas no alvo. Já o Palmeiras, mesmo tendo menos a bola, conseguia chegar ao ataque e fez sete chutes a gol, com um deles no alvo. O Chelsea era ligeiramente melhor, mas o duelo era bastante equilibrado.

Kanté, do Chelsea, e Danilo, do Palmeiras (GIUSEPPE CACACE/AFP via Getty Images)

Segundo tempo

O segundo tempo manteve o panorama da primeira etapa: o Chelsea com a bola, rondando a área, enquanto o Palmeiras escapava em contra-ataques. E desta vez os ingleses conseguiram balançar a rede nos momentos iniciais.

Aos nove minutos, o Chelsea encontrou espaço com Kovacic, que achou Hudson-Odoi na esquerda. Chegou até a linha de fundo, cruzou para a área e Lukaku subiu bem para tocar de cabeça de forma fatal: 1 a 0.

Abel Ferreira mudou o time aos 14 minutos. Zé Rafael pareceu sentir e foi substituído por Jaílson, que é um marcador mais contundente. Logo depois, aos 15 minutos, uma bola na área dentro da área levou perigo e a bola sobrou para Dudu, que girou e bateu fraco. Só que os jogadores do Palmeiras reclamaram de uma mão de Thiago Silva que de fato aconteceu.

A revisão do VAR deixou muito claro: Thiago Silva tirou a bola da cabeça de Gustavo Gómez com a mão. Pênalti que o árbitro Chris Beath, da Austrália, apontou a marca da cal. Raphael Veiga teve a responsabilidade da cobrança, aos 18 minutos de partida. Com uma responsabilidade enorme nas costas, ele respirou fundo e cobrou com firmeza e segurança: bola de um lado, goleiro do outro e gol do alviverde: 1 a 1 no placar.

A torcida palmeirense presente em Abu Dhabi começou a fazer mais barulho, empolgada com o gol. O gol também mudou um pouco o jogo, com o Palmeiras chegando mais uma vez ao ataque com perigo em uma bola que sobrou na entrada da área para Raphael Veiga e o meia chutou girando, mas a bola saiu fraca.

O Chelsea lembrou ao time brasileiro o risco que corre ao deixar espaços. Em uma boa trama pelo meio aos 27 minutos, Kanté avançou pelo meio, tocou para Lukaku, que ajeitou de primeira para Pulisic. O americano chutou de primeira, de fora da área, e levou muito perigo, mas foi fora.

Os dois times fizeram mudanças aos 30 minutos. Tuchel tirou Lukaku e Hudson-Odoi no Chelsea e entraram Werner e Saúl no Chelsea. Já o Palmeiras tirou Rony e Raphael Veiga e colocou em campo Wesley e Eduard Atuesta. A ideia parecia a mesma, mas apenas com jogadores diferentes e mais descansados: um jogador rápido pelos lados em contra-ataques e outro de meio-campo para criação de jogadas, provavelmente recuando mais já que Veiga por vezes ficava mais como atacante do que como meio-campista.

As mudanças, porém, fizeram o Chelsea perder força ofensiva. Sem Lukaku, perdeu uma referência na área e Hudson-Odoi era uma boa opção pela ala esquerda, algo que ficou sem com a sua saída. Pulisic por vezes fez o papel por ali, com muito mais liberdade ofensiva. O Chelsea seguia no campo de ataque, mas tinha dificuldades de entrar na defesa do Palmeiras.

O time brasileiro, por sua vez, errava muitos passes quando recuperava a bola e, assim, não conseguia emplacar contra-ataques com a mesma fluidez que fez no primeiro tempo. O jogo ficou mais no meio-campo dos dois times, com os ingleses no campo de ataque e os palmeirenses marcando muito.

Com o passar do tempo, o Chelsea ficava com a bola no campo de ataque e o Palmeiras esperava recuperar uma bola para partir para o ataque. Nos minutos finais, os Blues pressionaram em busca do gol, especialmente com cruzamentos.

Prorrogação

Kai Havertz comemora o gol do título do Chelsea (GIUSEPPE CACACE/AFP via Getty Images)

O Chelsea fez outra mudança na prorrogação. Hakim Ziyech entrou no lugar de Mateo Kovacic, com Saúl fazendo a função de meio-campista central ao lado de Kanté e Ziyech atuando como ponta. A partida seguia igual: Chelsea com a bola, buscando espaços, circulando a bola, enquanto o Palmeiras marcava e não conseguia sair para o jogo. Nenhum dos dois times criava chances claras.

Com oito minutos do primeiro tempo da prorrogação, um lance que deu susto nos palmeirenses. Werner recebeu na ponta esquerda, cruzou para trás e na dividida a bola tocou na trave. O alemão estava impedido, mas como o lance foi para escanteio, e não saiu gol, não foi revisado pelo VAR.

No fim do primeiro tempo da prorrogação, aos 12 minutos, Abe Ferreira tirou o desgastado Dudu, que já demonstrava sinais claros de cansaço, e colocou Rafael Navarro, centroavante mais físico. O jogador, porém, não conseguiu fazer muito em campo, até porque teve poucas vezes a bola no ataque do Palmeiras.

No segundo tempo da prorrogação, aos 10 minutos, o árbitro foi chamado pelo VAR para revisão de um chute do Chelsea que tocou no braço do zagueiro Luan. Foi um bloqueio feito pelo defensor palmeirense, que ao revisar o lance, não teve dúvida: apontou o pênalti. Quem foi para a cobrança foi o atacante Kai Havertz, autor do gol do título da Champions League. De pé esquerdo bateu bem, colocou a bola de um lado, Weverton de outro e marcou: 2 a 1 para o Chelsea.

Nos minutos finais, Luan fez falta em Havertz que só foi vista no VAR porque foi recomendada expulsão do jogador. Após rever o lance, o árbitro mostrou o cartão vermelho a Luan. Acabou sendo o ato final da partida, já que houve cobrança de falta que não deu em nada, mas o juiz encerrou a partida logo em seguida.

Veja os gols

Foto de Felipe Lobo

Felipe Lobo

Formado em Comunicação e Multimeios na PUC-SP e Jornalismo pela USP, encontrou no jornalismo a melhor forma de unir duas paixões: futebol e escrever. Acha que é um grande técnico no Football Manager e se apaixonou por futebol italiano (Forza Inter!). Saiu da posição de leitor para trabalhar na Trivela em 2009, onde ficou até 2023.
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