
O domingo pode ter sido de lamentação na metade vermelha de Porto Alegre. No entanto, também foi de carnaval no Nordeste. As partes rubro-negras de Salvador e de Recife comemoraram mais um ano de permanência na elite do Brasileirão. Com méritos, Vitória e Sport conquistaram a sobrevivência. E protagonizados por dois dos jogadores mais imprescindíveis do campeonato. Marinho e Diego Souza merecem ao menos brigar por um lugar na seleção do torneio. Carregaram suas equipes rumo à salvação.
Diego Souza terminou o Brasileiro como um dos artilheiros, ao lado de Fred e William Pottker. Tudo bem que a marca de 14 gols foi baixa. Problema maior aos outros atacantes do que propriamente ao meia. A quantidade não tira os méritos do rubro-negro ao longo da campanha. Neste domingo, o camisa 87 coroou a festa na Ilha do Retiro ao fechar a vitória por 2 a 0 sobre o Figueirense. Somando também as assistências, participou diretamente de 20 dos 49 tentos do Leão. Apenas Robinho conseguiu ser mais produtivo neste sentido, mas representando menos no total de gols do Atlético Mineiro.
Aclimatado a Recife, Diego retornou ao Sport depois de uma modesta passagem pelo Fluminense. Para reafirmar sua idolatria junto aos rubro-negros. O bom futebol valeu pontos decisivos ao Leão. Os mais emblemáticos, conquistados no início de novembro, em Porto Alegre. A partidaça que fez diante do Grêmio, nos 3 a 0 na Arena, está entre as melhores exibições individuais da temporada. E que se destacou ainda mais graças ao golaço que marcou naquela ocasião. Fundamental, como nos 5 a 3 sobre o Santa Cruz e nos 4 a 4 contra o Atlético Mineiro. Se já vinha jogando bem desde o início do Brasileiro, o meia se superou nos momentos finais, potencializando o bom trabalho de Daniel Paulista após a saída de Oswaldo de Oliveira.
Marinho, por sua vez, começou o campeonato de maneira um tanto quanto tímida. Até meados de setembro, só havia marcado quatro gols, embora suas boas atuações não tenham se medido apenas pelas bolas nas redes. Nas últimas nove partidas, em compensação, transformou-se em um tornado, devastando todo e qualquer adversário. A fase imparável começou na vitória sobre o São Paulo, com uma pintura de falta. De lá para cá, foram vários gols, tão bonitos quanto decisivos ao Vitória.
Somente contra o Grêmio é que Marinho passou em branco na arrancada espetacular. Foram oito gols e seis assistências, que representaram nada menos do que 73,6% dos tentos do Vitória nos últimos nove jogos. Possibilitou triunfos marcantes, como os diante de Atlético Paranaense e Coritiba. Já neste domingo, o camisa 7 não celebrou a vitória no Barradão, mas sim o rebaixamento negado. Deixou sua marca pela última vez na derrota para o Palmeiras, aplaudido em sinal de gratidão por tudo o que proporcionou.
Apesar da queda do Santa Cruz, o Nordeste se mantém com três representantes na Série A, contando com o acesso do Bahia. Uma região de tantos clubes tradicionais e de torcidas apaixonadas, mas que sofre para competir com o poderio financeiro das equipes mais ao sul. Nem sempre organização consegue ser suficiente, mas coração costuma valer muito. Ainda mais quando ele se combina com qualidade técnica. É o que Diego Souza e Marinho alcançaram: desequilibraram, ao mesmo tempo em que incorporaram a alma de rubro-negros – baianos ou pernambucanos.