É até estranho ver a Udinese sem Antonio Di Natale. Após 12 temporadas, 445 partidas e 227 gols com os friulani, o lendário atacante se aposentou ao término da última temporada. Escreveu uma grandiosa história com a camisa bianconera, e não apenas dentro de campo: do dia em que assumiu a custódia da irmã deficiente de Piermario Morosini, seu ex-companheiro que faleceu após um ataque cardíaco em campo, ao momento em que prorrogou a carreira para cumprir o desejo de seu pai e superar Roberto Baggio na lista de artilheiros da Serie A, a trajetória do italiano é recheada de ótimos capítulos. E um dos mais notáveis aconteceu em 2009, quando recusou a proposta para se transferir à Juventus, mesmo ganhando carta branca da diretoria em Udine.
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Nesta semana, Di Natale voltou a tocar no assunto. Juve e Udinese se enfrentam no sábado, em Turim. Entrevistado pelo jornal Tuttosport para falar sobre o jogo, o veterano não demonstrou um pingo de arrependimento por sua escolha. Pelo contrário, declarou que faria tudo novamente.
“Se eu me arrependo de ter rejeitado a Juventus? Absolutamente não. Foi uma escolha de vida, com meu coração: eu queria permanecer em Udine com a minha família. Algumas pessoas tentam me fazer de estúpido, mas, se eu pudesse, rejeitaria a proposta do mesmo jeito que fiz. Na Juventus, não chegaria a 209 gols na Serie A. Quando eu vejo meu nome ao lado de Totti, Roberto Baggio e outros craques, eu percebo que fiz algo de bom na minha carreira”, comentou o ex-atacante, que completa 39 anos nesta quinta.
Di Natale, porém, foi elogioso ao falar sobre a atual equipe juventina. Destacou principalmente Paulo Dybala, que chegou a ser sondado pela Udinese antes de ser contratado pelo Palermo: “Todo mundo gostaria de jogar nesta Juve de hoje, com Pjanic, Higuaín e Dybala, que parece um Messi mais novo. Eu joguei contra ele, é fenomenal. Na próxima temporada, acho que vai vestir a 10, ele é perfeito para o número. A camisa 10 é como uma Ferrari: nem todos sabem como usá-la. Acho que ele se sobressairá com Higuaín, deve ser divertido jogar ao lado de Dybala, como era comigo quando joguei com o Alexis Sánchez”.
Por fim, o ex-atacante negou que o técnico Lugi Delneri tenha tentado convencê-lo a desistir da aposentadoria: “Ele me conhece bem, sabe que, se eu tomei uma decisão, não voltarei atrás. Eu disse basta ao futebol, com minha mente e meu coração. Ele é um bom técnico, não precisa de mim. Só espero que ele eleve o nível da Udinese. Até gostaria de trabalhar fora de campo, com os jogadores mais jovens, ou como diretor esportivo. Mas Maldini está certo: quando você faz história em um clube, não pode aceitar se tornar apenas um palhaço. A Udinese está no meu coração e sempre manterei as portas abertas ao clube”. Um ídolo que se faz também nas atitudes.