Rodgers vence o Chelsea pela primeira vez na carreira e coloca o Leicester na liderança (por enquanto)

É muito provável que a passagem do Leicester pela liderança da Premier League será curta, com Manchester City e Manchester United entrando em campo nesta quarta-feira, mas, como está tudo bagunçado no número de rodadas, não custa nada destacar que as Raposas assumiram a ponta, nesta terça, ao vencerem o Chelsea com certa tranquilidade, por 2 a 0, no King Power Stadium.
O Leicester tem a vantagem de ter jogado mais vezes do que todos os outros concorrentes, o único entre os seis primeiros a chegar a 19 partidas. Mas ganhou 12 delas, mais do que qualquer outra equipe da tabela, e tem 38 pontos, com Manchester United logo atrás (37 em 18 rodadas) e City em terceiro lugar (35 em 17 rodadas).
Ex-treinador de Swansea e Liverpool, antes de retornar à Inglaterra para treinar o Leicester após uma vitoriosa passagem pelo Celtic, o treinador Brendan Rodgers venceu o Chelsea pela primeira vez, em seu 16º confronto, deixando o seu velho conhecido Frank Lampard, com quem trabalhou quando era membro da comissão técnica de José Mourinho em Stamford Bridge, em situação bem complicada. Era o único dos 34 adversários que enfrentou pela Premier League que o norte-irlandês ainda não havia vencido.
Depois de uma boa sequência em que parecia ter aprendido a defender, o Chelsea tem apenas três vitórias nas suas últimas dez partidas por todas as competições – uma delas sobre o Morecambe da quarta divisão – e voltou a sofrer gols em profusão. Contra o Leicester, embora não tenha tido muita sorte em momentos decisivos do primeiro tempo, mostrou muitos problemas na retaguarda e falta de capacidade de transformar posse de bola em chances de gol.
Kanté não estava disponível para enfrentar o seu ex-clube, com uma lesão na coxa. Lampard precisou mudar o seu meio-campo e optou por uma formação mais leve, com Jorginho no banco de reservas. O ítalo-brasileiro não é um ladrão de bolas como o francês, mas tem experiência de primeiro volante. Pelo menos, mais experiência do que Kovavic, geralmente mais confortável como segundo homem de meio-campo ou mais avançado.
Sem muita proteção na cabeça de área, houve bastante liberdade para o Leicester atacar com James Maddison e Harvey Barnes ou Marc Albrighton, escalados pela ponta, mas com instinto para centralizar. O primeiro gol saiu em uma jogada de bola parada, um escanteio curto entre Maddison e Albrighton. O segundo cruzou para trás, Barnes deu um toquinho no meio do caminho e Ndidi emendou um bonito chute para abrir o placar.
O Leicester seguiu no controle da partida. O segundo ficou próximo de sair quando Castagne arrancou pela direita e rolou para Maddison, com muita liberdade na entrada da área, mandar um de seus balaços direto ao travessão de Mendy. Apenas a partir dos 20 minutos o Chelsea conseguiu se assentar no jogo, com uma boa jogada individual de Reece James que exigiu defesa de Schmeichel. Na cobrança de escanteio, Thiago Silva desviou na primeira trave, e o goleiro dinamarquês afastou de soco.
A melhor chance de empate do Chelsea no primeiro tempo aconteceu aos 32 minutos. Pulisic recebeu da defesa no meio-campo, tabelou bem com Havertz e avançou até a entrada da área. Abriu na direita para Callum Hudson-Odoi chegar batendo, no lado de fora da rede. O Leicester respondeu imediatamente com Vardy, que saiu na cara de Mendy, mas optou pela cavadinha e parou no desvio do goleiro senegalês.
Em jogos de alto nível entre duas boas equipes, as margens são muito pequenas. Aos 40 minutos, o Chelsea teve um pênalti marcado a seu favor, com Evans derrubando Mount. O árbitro não apitou com muita convicção. Parece, na verdade, que apitou apenas para poder revisar com o assistente de vídeo porque não tinha certeza se a falta havia acontecido em cima da linha ou fora da área. Aconteceu fora da área.
E logo em seguida, Schmeichel lançou para o campo de ataque, Albrighton ficou com a sobra e mandou para a entrada da área. Rüdiger derrubou Vardy, o que provavelmente teria sido um pênalti se Maddison não aparecesse nas costas da defesa para bater de primeira no canto de Mendy: 2 a 0.
O mais preocupante da atuação do Chelsea foi a falta de poder de reação depois do intervalo. O Leicester ficou muito mais próximo do terceiro do que os Blues de voltarem à partida. Completamente livre, nas costas de Reece James e observado de longe por um estático Hudson-Odoi, James Justin perdeu uma excelente chance na segunda trave. Albrighton chegou a ampliar, impedido por alguns centímetros, e Tielemans exigiu boa defesa de Mendy ao fim de um contra-ataque de pé em pé do Leicester.
Lampard colocou Ziyech e Werner por volta dos 20 minutos para tentar mudar o panorama da partida e… não mudou nada. Werner chegou a descontar, impedido por muito pouco, em cobrança de falta, e Ziyech teve uma chance boa nos minutos finais, mas bateu muito mal. No geral, o Chelsea apenas tocou a bola para lá, para cá, sem infiltração, sem jogadas mais agudas, sem criar chances de gol. Não tinha como voltar à partida dessa maneira.
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