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O Arsenal até tentou novo milagre, mas tropeçou contra o lanterna e abriu a porta para o City

Agora, o atual bicampeão inglês não precisa nem vencer o confronto direto da próxima quarta-feira para passar à frente

Os jogadores do Arsenal agacharam-se no gramado do estádio Emirates assim que o árbitro deu o apito final porque entenderam o que havia acontecido. Apesar de mais uma vez demonstrar muito coração para empatar o jogo em 3 a 3 com o Southampton, mesmo perdendo por dois gols de diferença até os 43 minutos do segundo tempo, o resultado significa que o Manchester City, agora a cinco pontos e com duas rodadas a menos, nem precisa vencer o confronto direto no Etihad Stadium para assumir a liderança.

O terceiro empate consecutivo do Arsenal teve um roteiro diferente ao dos anteriores. Se contra Liverpool e West Ham chegou a abrir 2 a 0, precisou correr atrás do resultado contra o lanterna da Premier League durante toda a partida, após o goleiro Aaron Ramsdale falhar logo no primeiro minuto. Ao longo desta ainda excepcional campanha, o time de Mikel Arteta conseguiu sair de buracos profundos, como contra o Bournemouth, ou o Manchester United, ou o Aston Villa, mas dessa vez a reação não foi o bastante.

O Manchester City folga neste fim de semana pela Premier League porque enfrenta o Sheffield United na semifinal da Copa da Inglaterra. O próximo compromisso do time de Guardiola pelo Campeonato Inglês é justamente contra o Arsenal, em casa, na quarta-feira, e agora ele pode até empatar o confronto direto porque passará à frente se vencer os dois jogos que está devendo – contra West Ham e Brighton.

Doente, Granit Xhaka foi um desfalque de última hora para o Arsenal, que entrou com um meio-campo mais leve, em que Fábio Vieira acompanhou Thomas Partey e Martin Odegaard. Oleksandr Zinchenko voltou na lateral esquerda. O técnico espanhol Rubén Sellés deixou Kamaldeen Sulemana no banco de reservas e começou com Adam Armstrong pela esquerda. E antes que o jogo pudesse se organizar, o Southampton abriu o placar.

Erro crasso de Aaron Ramsdale, que deu um passe muito mole na saída de bola para a entrada da área. Carlos Alcaraz interceptou, dominou, ajeitou e bateu cruzado para fazer 1 a 0. O Arsenal imediatamente precisou atacar com mais urgência, e até criou uma chance com Odegaard invadindo a área pela esquerda antes de bater no lado de fora da rede, mas não demorou para levar o segundo. Após outro erro, agora de Odegaard no meio-campo, Alcaraz trouxe pelo meio e deu um lindo passe nas costas de Gabriel Magalhães para Theo Walcott bater cruzado de primeira.

O buraco ficou mais fundo para o líder da Premier League, e o jogo virou praticamente um ataque contra defesa. O Arsenal descontar rápido, com uma boa jogada de Saka pela direita. Da linha de fundo, ele cruzou para trás, e Martinelli pegou de primeira. Outro susto, porém, aos 26 minutos, quando Elyounoussi cabeceou na primeira trave, para boa defesa de Ramsdale. O goleiro se redimiu de verdade ao desviar, no puro reflexo, o rebote de Alcaraz por cima do travessão.

O Arsenal seguiu em cima. Odegaard mandou uma cabeçada para fora, Fábio Vieira tentou colocado da entrada da área, e Saka encontrou Jesus nas costas da defesa, pela direita da grande área. Bazunu saiu bem do gol e conseguiu abafar a finalização. Na cobrança de escanteio, Ben White desviou na primeira trave, a bola encobriu o goleiro, e foi cortada em cima da linha por Alcaraz.

Alcaraz havia feito um gol, dado uma assistência e feito uma ação defensiva decisiva no primeiro tempo e, portanto, ninguém entendeu quando ele foi substituído por Lyanco no intervalo. O brasileiro, pelo menos, foi muito bem para cortar um cruzamento de Saka que encontraria Vieira na cara do gol, pouco antes do terceiro do Southampton: Bella-Kotchap desviou escanteio na primeira trave, Caleta-Car apareceu na segunda e mandou para o fundo das redes.

O Arsenal sentiu o golpe e demorou um pouco para reagir. Durante cerca de 20 minutos, pressionou, mas sem criar chances muito claras, com exceção de um belo cruzamento de Martinelli para Gabriel Jesus, que apareceu livre na segunda trave e, de primeira, mandou para fora. A blitz na reta final começou mesmo com o gol de fora da área de Odegaard. Na região do bico esquerdo, ele tabelou com White e bateu colocado – nem tanto no canto – para diminuir.

Esse gol energizou o Emirates, das arquibancadas aos jogadores. Gabriel Jesus recebeu de Nketiah logo em seguida e carimbou a marcação. Um minuto depois, Trossard deu um bom passe para o brasileiro, que fez a parede para uma batida rasteira de Reiss Nelson. Bazunu fez a defesa por baixo, e Saka chegou batendo de primeira para empatar, bem na marca dos 45 minutos. O árbitro deu oito de acréscimo e estenderia a partida até os 54. Havia tempo suficiente para a grande virada.

E o Arsenal tentou. Trossard mandou de fora da área no travessão e houve pelo menos duas situações em que a bola ficou passeando e sendo finalizada pela área do Southampton, com tropeções, bloqueios e pedidos de pênalti. A bola, porém, se recusou a entrar, e agora o Arsenal tem alguns dias de retiro psicológico para tentar compensar o prejuízo no Etihad Stadium na próxima semana.

Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
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