Num jogo de tirar o fôlego, o West Ham respirou aliviado no final, com a gigante vitória sobre o Chelsea

West Ham e Chelsea vivem campeonatos distintos nesta reta final de Premier League. Os Hammers integram a rabeira da tabela e lutam contra o rebaixamento. Os Blues, enquanto isso, estão no bolo que busca uma vaga na Champions League e sabem que não podem se descuidar. O embate no Estádio Olímpico de Londres, entre dois times que têm seus objetivos claros, seria equilibrado e com ótimas chances aos dois lados. Porém, mais centrado em sua missão e com mais ambição até o final, o West Ham arrancou uma vitória fantástica. Michail Antonio foi pulmão e coração no triunfo agônico por 3 a 2, no qual outra noite inspirada de Willian (em busca de um novo contrato) não evitaria a decepção aos Blues.
Desde os primeiros minutos, estava claro que seria uma partida aberta em Londres. As duas equipes buscavam a vitória, cada qual dentro de sua proposta de jogo. O Chelsea logo começou com mais posse de bola e testava o goleiro Lukasz Fabianski, com defesas seguras. Mas, ainda que priorizasse a proteção defensiva, o West Ham não deixava de incomodar. Michail Antonio desde o princípio lutava contra a marcação para arranjar os ataques e um tiro cruzado do inglês, que Manuel Lanzini não completou, seria um aviso aos Blues.
Aos 20 minutos, uma jogada bem trabalhada pelo Chelsea quase terminou em gol. Christian Pulisic recebeu uma deixadinha de Tammy Abraham e chutou com muito capricho, mas a bola saiu lambendo a trave. A loucura desataria mesmo na reta final do primeiro tempo, com os dois times agressivos. O West Ham até balançou as redes primeiro. A partir de uma cobrança de escanteio, a sobra ficou com Tomas Soucek no segundo pau. O volante precisou se desvencilhar até de Michail Antonio, caído à sua frente, para estufar o barbante. O VAR, todavia, flagraria o impedimento de Antonio por centímetros e avaliaria que ele interferiu na visão de Kepa Arrizabalaga. O árbitro invalidou o tento.
Como se não bastasse, o Chelsea respondeu de imediato e ganhou um pênalti aos 41 minutos. Issa Diop derrubou Pulisic na área e, sem qualquer dúvida, a infração foi marcada. Willian assumiu a cobrança e mandou a meia altura, no lado oposto ao escolhido por Fabianski. Mas o West Ham não permitiu que os Blues fossem para o intervalo com a vantagem. A jogada se repetiu nos acréscimos: um escanteio foi parar no segundo pau, a Soucek, e desta vez o tcheco cabeceou às redes sem qualquer interferência no caminho. A igualdade era merecida pelo esforço dos Hammers.
A volta ao segundo tempo trouxe um West Ham ainda aceso, procurando o ataque. A virada se deu aos seis minutos. Michail Antonio até reclamou de um pênalti, mas se levantou a tempo de aproveitar a jogada de Jarrod Bowen e, sem ser acompanhado pela marcação, escorou livre o passe no miolo da área. Enquanto a zaga do Chelsea dormia, o atacante não desistia. Comandado por Declan Rice no meio e com Bowen muito participativo na direita, o time de David Moyes levava os visitantes às cordas. Lanzini poderia ter assinalado o terceiro, aos 13 minutos, mas a batida saiu muito alta. E o melhor exemplo aos companheiros era Antonio, incansável para abrir os espaços e arrancar.
O Chelsea precisava de mudanças para se reanimar. Foi o que Frank Lampard fez, com as entradas de Mason Mount, Olivier Giroud e Ruben Loftus-Cheek. Os Blues deram uma resposta positiva e ameaçaram numa jogada de Willian, sem que Loftus-Cheek pegasse em cheio na bola. Mas, se a melhora do time não se manteve, ao menos havia Pulisic e Willian para resolver. Mais uma jogada do americano rendeu uma falta perigosa para o Chelsea na entrada da área. O brasileiro bateu com categoria o tiro livre e mandou um chute cruzado, que saiu do alcance de Fabianski e triscou na trave antes de entrar. Pintura.
O West Ham, por sua vez, também tinha suas cartas na manga. Jack Wilshere e Andriy Yarmolenko foram as únicas mudanças de David Moyes naquele momento, mas contribuíram bastante à equipe. O Chelsea tinha mais posse, mas os Hammers levavam perigo o suficiente e Kepa precisou abafar uma bola nos pés de Antonio. E, na tentativa de pressão dos Blues, Giroud furou uma chance de ouro ao errar o chute dentro da área. Custaria caro.
Pouco depois, aos 44 minutos, o West Ham construiu um contra-ataque perfeito para anotar o gol da vitória. Após o lançamento de Rice, Antonio matou no peito e tabelou com Pablo Fornals pelo meio. Então, acertou um lançamento excepcional a Yarmolenko na direita. O ucraniano se livrou de Antonio Rüdiger e bateu de canhota no canto. O triunfo estava decretado. Ainda restavam os acréscimos, mas o Chelsea mal reagiria, baqueado pelo resultado. A chance de tomar a terceira posição escapou pelos dedos.
Com 54 pontos, o Chelsea permanece na quarta colocação, um ponto atrás do Leicester. Quem esfrega as mãos são Manchester United e Wolverhampton, com 52 pontos, ambos na esperança de descolarem uma vaga na Champions. Que o reinício dos Blues na liga seja muito bom, os dois perseguidores não permitem qualquer desleixo. Já o West Ham se desgarra na rabeira. Nesta rodada, apenas o time de David Moyes venceu entre os seis últimos colocados – os principais candidatos ao descenso. Os Hammers subiram ao 16° lugar, com 30 pontos. Um prêmio e tanto pela exibição valente, bem como pelos 125 anos de fundação celebrados nesta semana.