Liverpool teve a força e consistência que vinham faltando e quem pagou foi o Tottenham

Na temporada 2019/20, enfrentar o Liverpool era uma das tarefas mais ingratas possíveis. O time de Jürgen Klopp era um triturador, passava por cima dos rivais como um trator e não dava a menor chance, ao menos na Premier League. Nesta temporada, porém, as coisas não estão tão nos trilhos assim para os Reds. Eram cinco partidas sem vencer, o que fez o treinador alemão dizer que este era o momento mais difícil que ele enfrentava desde o início da sua trajetória no clube. Nesta quinta-feira, o time teve uma atuação digna do campeão inglês que é. Diante de um concorrente direto, o Tottenham, fora de casa, venceu por 3 a 1 com autoridade, com um bom futebol e com controle da partida, elementos que faltaram em muitos jogos desta temporada.
Logo no início, o Tottenham conseguiu marcar um gol em uma linda triangulação. Ndombélé tocou para Son, que de primeira tocou para Kane e o camisa 10 dominou e colocou em profundidade para o próprio Son avançar em velocidade e tocar para vencer o goleiro Alisson. Só que a revisão do gol encontrou um impedimento quando Ndombélé toca para Son, por um calcanhar.
A agilidade dos operadores do VAR chama a atenção de quem, como nós, está acostumado com um VAR pouco transparente e altamente incompetente. Um impedimento como esse, no Brasil, seria fruto de dúvidas, já que os operadores não conseguem mostrar nada com clareza, e nem a CBF mostra isso acontecendo com transparência.
Os Spurs apostavam em velocidade para agredir o Liverpool. E duas vezes, Son recebeu em velocidade para tentar a finalização. Na primeira, o jogador foi travado por Joel Matip. Na segunda, Son conseguiu finalizar de pé esquerdo, mas chutou fraco e em cima de Alisson, que defendeu sem dificuldade.
O Liverpool ficava com a bola, mas tinha muito pouco espaço. O Tottenham dava espaço antes da intermediária, mas muito pouco ou nenhum. Seria preciso movimentação para tirar os Spurs da sua posição defensiva. Foi em uma dessas que Mané recebeu na entrada da área, tocou para Mohamed Salah, que tocou por cima para o senegalês se esticar todo para finalizar, mas Hugo Lloris defendeu com segurança. O replay mostrou que o atacante estava impedido, o que significa que o gol teria sido anulado, de qualquer forma.
Aos poucos, o Liverpool conseguiu entrar na defesa dos Spurs. Aos 42 minutos, depois de algumas tentativas pelo meio, Mané recebeu dentro da área, girou e finalizou, exigindo boa defesa de Lloris.
A quebra do cadeado veio nos acréscimos do primeiro tempo. Jordan Henderson fez um lindo lançamento em velocidade para Mané na ponta esquerda, o camisa 10 dominou, avançou e cruzou para o meio, rasteiro, e Roberto Firmino só empurrou para a rede: 1 a 0. Foi o placar do primeiro tempo.
No intervalo, os dois times fizeram substituições. Joel Matip deixou o gramado para a entrada de Nathaniel Phillips no Liverpool; no Tottenham, mudança inclusive de sistema com a saída de Serge Aurier e a entrada de Harry Winks e de Erik Lamela no lugar de Kane, que saiu machucado. Uma ausência terrivelmente sentida.
Nos primeiros segundos do segundo tempo, Firmino recebeu dentro da área, foi travado, ainda ficou com a bola, ficou sem espaço e tocou para trás. Salah recebeu, abriu espaço e finalizou, mas mandou para fora.
Os Reds voltaram com tudo no segundo tempo e criaram uma chance logo depois. Mané recebeu pela esquerda, girou em cima da marcação e chutou colocado. O goleiro Lloris espalmou para o lado e o lateral Alexander-Arnold chegou finalizando, cruzado, e estufou a rede: 2 a 0.

O técnico José Mourinho estava uma fera à beira do campo com a desatenção do seu time. Os Spurs conseguiram reagir rápido. Um minuto depois, Steven Bergwijn desceu pela esquerda, rolou para o meio e o meio-campista Pierre-Emile Hojbjerg chutou bonito, de primeira, e marcou um golaço: 2 a 1. O Tottenham voltava para o jogo. Mourinho, à beira do gramado, apontava com o dedo para a cabeça, pedindo que o time tivesse inteligência.
O Liverpool logo conseguiu um outro gol que complicaria a vida do Tottenham. No início do ataque, Firmino dominou a bola com o braço, o lance seguiu, a bola chegou em Salah e o egípcio chutou para finalizar e colocar no fundo da rede. O árbitro, porém, foi chamado a revisar o lance pelo toque de mão de Firmino. Viu que ele dominou mesmo com o braço e anulou o gol, aos 12 minutos.
Uma falha, porém, colocaria tudo a perder para o Tottenham. O lateral Alexander-Arnold cruzou da direita, o zagueiro Toby Alderweireld falhou e Mané, atrás dele, não perdoou: bola na rede e 3 a 1 para os Reds no Tottenham Stadium.
O gol foi um banho de água fria nos Spurs. O jogo esfriou bastante depois disso. Depois dos 20 minutos, com o placar em 3 a 1, o ritmo caiu e ficou morno. O time de Jürgen Klopp assumiu as rédeas da partida como fazia na temporada anterior, com uma autoridade que o time não vinha tendo.
As comemorações depois do apito final foram grandes. O time vibrou com o triunfo também porque eram cinco jogos sem vitória, algo que incomodava, e muito, uma equipe que defende o título da Premier League. Começa a se recuperar para ainda sonhar com um bicampeonato. Neste momento, são quatro pontos de diferença para o líder Manchester City, que tem um jogo a menos para fazer (e, portanto, pode até abrir sete pontos se vencer).
O Tottenham, por sua vez, chega em um momento de luz amarela. Já está em sexto, fora da zona de classificação à Champions League. Uma situação complicada para José Mourinho e seus comandados. É verdade que o time tem um jogo a menos, mas mesmo que vença, só conseguirá tomar uma posição, do West Ham, e ficar em quinto, ainda um ponto atrás do Liverpool. E mais do que a tabela, o Tottenham precisa voltar a mostrar o bom futebol do início da temporada, que se esfarelou há algumas semanas.
O Tottenham volta a campo no domingo, contra o Brighton, fora de casa. Será preciso somar pontos. Depois, no dia 4, próxima quinta, faz um duelo de rivalidade com o Chelsea. Já o Liverpool enfrenta o West Ham no domingo, antes de voltar a campo, na quarta-feira, contra o Brighton.
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