Guia da Premier League 2020/21 – Brighton: Tentando entrar no top 10, mas pouco a pouco
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Cidade: Brighton
Estádio: Amex Stadium (30.000 pessoas)
Técnico: Graham Potter
Posição em 2019/20: 15º colocado
Projeção: Meio da tabela
Principais contratações: Adam Lallana (Liverpool), Jensen Weir (Wigan), Joël Veltman (Ajax-HOL), Jan Paul van Hecke (NAC Breda-HOL)
Principais saídas: Anthony Knockaert (Fulham), Aaron Mooy (Shanghai SIPG-CHI), Shane Duffy (Celtic-ESC), David Button (West Brom), Martín Montoya (Betis-ESP), Percy Tau (Anderlecht-BEL), Jan Mlakar (Maribor-SLO), Matt Clarke (Derby County), Leo Östigard (Coventry), Glen Murray (Watford), Ezequiel Schelotto (sem clube)
“É difícil, mas não impossível, nos estabelecermos regularmente entre os dez primeiros”, afirmou o diretor técnico do Brighton, Dan Ashworth, ao The Athletic. “Você tem o tradicional top seis. Será difícil quebrar o ciclo deles. Depois, você tem alguns clubes com bons recursos e estrutura – Leicester, Everton, Wolverhampton – e, depois, os outros 11. Qualquer um pode cair, qualquer um pode ser nono ou décimo. É realmente apertado assim”.
“Você também tem clubes grandes como Leeds, Nottingham Forest e West Brom entre os oito e nove primeiros da Championship. E o Derby. Então você tem quase 20 clubes que estão tentando entrar na parte de cima da tabela da Premier League, tentando sair da Championship, tentando ficar fora da Championship, e não há muito em termos de dinheiro ou tamanho de clube entre eles. Temos que tentar chegar ao topo dessa liga com boas decisões, bons treinamentos, bom recrutamento, bom desenvolvimento, cuidando dos nossos jogadores quando estiverem aqui, do ponto de vista médico e da ciência esportiva, tentando trazer o tipo certo de jogador para ajudar Graham”.
“Temos uma academia próspera, que coloca jogadores no time principal a uma fração do custo de comprar jogadores prontos para os titulares, um programa criativo de empréstimos que dá aos jogadores as experiências certas para estarem pontos para a Premier League, também por uma fração do custo. Se todas essas coisas derem certo, temos uma chance de ser um dos dez melhores times da Premier League. É certamente uma aspiração, uma meta distante, mas que, nos próximos anos, esperamos conseguir cumprir”, completou.
Antes de trabalhar no Brighton, Ashworth tinha o mesmo cargo na Federação Inglesa. Sabe aquele sucesso nas categorias de base, com os títulos mundiais sub-20 e sub-17 e o europeu sub-19? Teve o dedo dele. Um dos fundamentos que tenta colocar em prática no Brighton segue a filosofia do trabalho anterior: preparar jogadores jovens para atuar na Premier League. Na mesma entrevista, o dirigente afirmou que a liga inglesa não tem um percurso claro para o garoto se desenvolver e entrar no time principal. Acredita que um Time B, como existe na Espanha, é uma ideia que merece ser considerada.
O que o Brighton faz é contratar jovens e emprestá-los. Como se fosse um Chelsea que realmente usa esses caras mesmo quando não é obrigado por uma punição da Fifa. Em fevereiro, quando Ashworth conversou com o The Athletic, havia 21 jogadores emprestados a outros clubes, o quarto maior total da Premier League – Manchester City (30), Chelsea (27) e Wolverhampton (23). A um mês do fim da janela de transferências, cedeu temporariamente oito dos seus atletas, um a menos que o City. Alexis Mac Allister foi um dos que passou por esse processo. Foi contratado do Argentino Juniors, devolvido, passou pelo Boca Juniors e foi resgatado para ajudar a evitar o rebaixamento na última temporada.
Outro foi o zagueiro Ben White. O Leeds fez todo o possível para tentar comprar o zagueiro que contribuiu para o seu acesso à Premier League. O Brighton recusou todas. Concluiu que chegou a hora de utilizar o jogador de 22 anos que recrutou da base do Southampton, após empréstimos ao Newport County, Peterborough e Leeds. Ele se junta ao setor mais forte do time, com o capitão e grande destaque Lewis Dunk e Adam Webster, titular na temporada passada. O promissor Tariq Lamptey, 19 anos, chegou do Chelsea, em janeiro. Joël Veltman, um dos poucos reforços desta janela, fecha a retaguarda e pode ser importante pela experiência de mais 200 partidas pelo Ajax e, principalmente, pelo seu estilo de jogo.
O Brighton tomou uma decisão corajosa ao trocar Chris Hughton, que havia conquistado o acesso, por Graham Potter. Foi uma mudança brusca de direção, de um futebol mais rústico para outro mais em linha com a atualidade, agressivo, com posse de bola e iniciativa. A transição foi naturalmente acidentada, em parte porque não houve mudança profunda no elenco para se adaptar à nova filosofia. Em um clube com uma visão tão clara e comedida de como quer progredir, terá que ser pouco a pouco. Além de Veltman, defensor da escola holandesa, capaz de atuar também nas laterais, o Brighton contratou Adam Lallana, ao fim de seu contrato com o Liverpool. Meia dinâmico e criativo que pode ajudar bastante na criação de um dos seis times que fez menos de 40 gols na última Premier League.
O pior momento do Brighton na temporada foi entre janeiro e o começo da retomada após a paralisação, quando ficou oito jogos sem vencer. Ainda assim, apenas três derrotas. Potter tornou o seu time um especialista no empate por 1 a 1 que, somados, serviram para escapar do rebaixamento. Foi o time que mais empatou na Premier League, com 14, ao lado de Arsenal e Wolverhampton. Ficou a sete pontos da Championship. Cada um desses pontinhos valeu ouro. Talvez tenha sido a equipe na liga que mais vezes terminou um jogo em que atuou relativamente bem de mãos abanando. Mas conseguiu boas vitórias contra os Gunners, duas vezes, um bom 3 a 0 sobre o Tottenham e arrancou pontos de Chelsea e Leicester.
Considerando todas as dificuldades, foi uma primeira temporada positiva para Potter, contratado do Swansea após se destacar pelo Östersunds, da Suécia. E há talento em outras áreas do time, como Yves Bissouma no meio-campo e Neal Maupay, ex-atacante do Brentford que fez dez gols em sua primeira temporada na Premier League – mais de 25% do total da equipe. Talvez não seja a hora de dar o salto para a primeira metade da tabela, mas um 13º lugar igualaria a melhor campanha do Brighton na elite inglesa, em 1981/82.
E a maneira escolhida pelo clube para progredir exige paciência e estabilidade. Tanto que, apenas seis meses depois de ser contratado, Potter recebeu uma extensão de dois anos. Seu contrato vale até 2025. Foi uma renovação mais rápida que a de Jürgen Klopp em sua primeira temporada pelo Liverpool. Não demorou para o Brighton perceber que tinha a pessoa certa no comando da sua equipe para executar uma estratégia interessante. O que ele e o clube precisam para atingir suas metas é seguir tomando boas decisões e, principalmente, de tempo.