Foi um verdadeiro espetáculo o que o Arsenal ofereceu no primeiro tempo contra o Fulham, em vitória cheia de magia dos líderes

Vitórias suadas forjam o caráter de um time que deseja ser campeão. Não foram poucas as vezes que o Arsenal precisou apresentar esse espírito de luta recentemente para manter sua sequência positiva na Premier League. Por outro lado, alguns triunfos mais elásticos promovem a magia de uma equipe ambiciosa. E a tarde em Craven Cottage, definitivamente, foi mágica aos Gunners. O time de Mikel Arteta ofereceu ao público um primeiro tempo de encher os olhos contra o Fulham. Trossard orquestrou a equipe com três assistências, mas é difícil falar quem não foi bem no amasso dos alvirrubros, com Leno evitando ainda uma vantagem maior ao ex-clube. Foi o que se chama de espetáculo. O segundo tempo permitiu que o Arsenal reduzisse a marcha, com o Fulham ainda interessado em descontar. Nada que diminuísse a ótima impressão deixada pelos líderes. O placar de 3 a 0 não é o mais dilatado aplicado pela equipe na temporada, mas certamente foi uma das exibições mais exuberantes.

O Arsenal não teve problemas em impor o seu jogo na casa do Fulham. Os Gunners adiantavam sua marcação e pressionavam desde os primeiros minutos, o que dificultava qualquer progressão dos Cottagers. Ainda levou um tempo para os visitantes acertarem seus lances ofensivos, mas, a partir dos 15 minutos, o domínio se tornou total. E os alvirrubros precisaram lidar com uma frustração aos 16. Muito envolvido na partida, Martinelli recebeu na ponta esquerda e bateu cruzado, exigindo boa defesa de Bernd Leno. Antonee Robinson anotou o gol contra no rebote, mas se safou. A arbitragem flagrou um impedimento milimétrico do brasileiro, que anulou o tento.

Porém, o Arsenal não se abalou com a decisão. O time seguiu com muita intensidade e Leno voltou a trabalhar contra Granit Xhaka. Já aos 21, o primeiro gol saiu naturalmente. Num escanteio cobrado na esquerda por Leandro Trossard, Gabriel Magalhães desviou de cabeça no meio da área e comemorou. Nem isso fez os Gunners reduzirem o ritmo. William Saliba arriscou de longe e mandou por cima do travessão. Já o segundo gol aconteceu aos 26. Num avanço iniciado no campo de defesa, Xhaka avançou e abriu com Trossard na esquerda. O atacante entortou a marcação e deu mais uma assistência, com o cruzamento na medida para Martinelli só cumprimentar na pequena área. Era um prêmio também à boa atuação do brasileiro até então.

Só depois disso é que o Fulham se soltou um pouco mais. Teria sua primeira finalização aos 33, num chute de Manor Solomon para fora, e aparecia no ataque. Em contrapartida, o Arsenal jogava muito fácil. E sobravam até mais espaços para as lindas tramas dos Gunners. Quase um golaço coletivo aconteceu num lance entre Xhaka e Trossard. O suíço deu o corta luz e já apareceu na área para receber a devolução, mas Leno se antecipou. Pouco depois, Trossard também mandou uma batida perigosa para fora. Os alvirrubros jogavam por música.

Cada investida do Arsenal gerava uma chance clara. Aos 44, Leno salvou no contrapé o terceiro gol, numa batida de Martinelli quase na linha de fundo, já dentro da pequena área. Isso até que os Gunners realmente comemorassem mais um nos acréscimos, em novo envolvimento de Trossard – sua tripleta de assistências. O belga deu outro cruzamento na medida, agora para Martin Odegaard dominar na coxa e abrir espaço no chão, até a finalização no canto inferior. O show era total.

O Fulham até buscou mais atitude no segundo tempo. Adiantou suas linhas e teve a primeira chegada, num chute de Andreas Pereira que desviou na marcação. Entretanto, tudo parecia dar certo ao Arsenal. O time se segurava bem na defesa e não precisava de muito para incomodar no ataque. Logo Trossard reapareceu aos seis, num chute defendido por Leno. Mesmo que Aleksandar Mitrovic fosse mais acionado, não conseguia prevalecer dentro da área dos Gunners, com a marcação em cima. Do outro lado, a defesa dos Cottagers também estava mais atenta para travar as investidas esporádicas dos visitantes.

Uma breve provação aconteceu para o Arsenal aos 24 minutos. Primeiro, Aaron Ramsdale também foi chamado a participar da festa e impediu o primeiro gol do Fulham, numa batida de Bobby Decordova-Reid. Na sequência, os Cottagers ganharam um escanteio e Mitrovic acertou a trave com uma cabeçada. Arteta fez as duas primeiras mudanças neste momento, com Reiss Nelson e Kieran Tierney, dando um descanso a Bukayo Saka e Oleksandr Zinchenko. De qualquer maneira, o momento era dos alvinegros em sua tentativa de descontar e Ramsdale trabalhava bem.

Trossard e Martinelli deixaram de campo aos 32 minutos. As substituições davam razão para a torcida do Arsenal se empolgar mais, com a volta de Gabriel Jesus após quatro meses sem entrar em campo pelo clube.  Os Gunners até cresceram nos instantes seguintes, mas sem necessariamente a mesma contundência do primeiro tempo. Gabriel Jesus, ainda assim, teria sua chance num lindo lance aos 40. O atacante deu um giro fantástico para acionar Fábio Vieira e recebeu a devolução, mas não finalizou bem e Leno salvou. Pouco depois, Nelson entregou um bom passe a Odegaard e o capitão isolou. Com um pouco mais de aplicação, cabia mais, e em certos lances os alvirrubros até abusavam da habilidade. Mas nem precisava de mais. Já era daquelas partidas para serem relembradas, especialmente se a taça voltar ao norte de Londres depois de quase duas décadas.

O Arsenal alcança os 66 pontos pela Premier League. Os Gunners recuperam a vantagem de cinco pontos sobre o Manchester City, e com uma vitória muito mais impressionante que a conquistada por seus concorrentes na rodada. São cinco triunfos seguidos do time de Mikel Arteta, desde o revés contra os Citizens. Já o Fulham fica na oitava colocação, mas esta não foi uma rodada tão ruim. A maior parte dos concorrentes pelas vagas nas copas europeias tropeçaram, exceção feita a Tottenham e Chelsea. Os Cottagers somam 39 pontos, na oitava colocação, mas acumulam três rodadas sem ganhar.