Em tourada no Etihad, Manchester City vence Wolverhampton graças a pênalti controverso
Defesa dos Lobos segurou a barra enquanto pôde com 10 em campo, mas os mandantes prevaleceram
Em 90 minutos bastante semelhantes com o que conhecemos por futebol, o Manchester City venceu o Wolverhampton pelo placar mínimo, na manhã deste sábado. Os líderes da competição mantiveram a vantagem na ponta graças a um pênalti bastante discutível, ainda que houvesse conferência do VAR no lance. A vitória só foi possível por uma cobrança segura de Raheem Sterling no meio do gol.
Não foi o que poderíamos chamar de partida disputada. Desde o início, ficou claro que os Wolves teriam uma missão similar à de semana passada, quando seguraram o Liverpool até o fim. A diferença essencial entre os jogos é que, contra os Reds, a equipe de Bruno Lage não teve um jogador expulso. Na rodada de hoje, o lusitano teve de jogar uma etapa inteira sem um homem.
Um City bastante previsível (isso é um elogio)
O City fez valer a sua posição na tabela, o apoio da torcida e toda a superioridade técnica que já conhecemos para estabelecer seu domínio. Jogou sempre com a bola nos pés, com estatísticas assustadoras de posse, e fez por onde na hora de criar chances. Pep Guardiola só não contava com uma tarde bastante iluminada de José Sá e do capitão Conor Coady.
No primeiro tempo, Sá trabalhou bem e foi protegido por sua forte defesa. Os 45 minutos iniciais foram marcados por algumas eventualidades como o choque de cabeça entre o lateral Max Kilman e o meia Ruben Neves, colegas de Wolverhampton. Repleto de sangue, Kilman precisou ser atendido com cuidado para estancar o ferimento, enquanto Neves fez exames de vista. Passados pelo menos cinco minutos, a partida teve seu andamento. Pouco depois, foi a vez de Roman Saïss ir ao chão, depois de ser atingido nos olhos, sem intenção, por Sterling. A torcida local se irritou com o zero no placar e as constantes (porém justas) quedas dos visitantes.
O lance capital da etapa inicial foi mesmo a expulsão estúpida de Raúl Jiménez. O mexicano matou uma descida do City aos 46′ e levou cartão amarelo. Menos de um minuto depois, fez cera e ficou na frente do batedor, desviando a bola. O árbitro Jonathan Moss não perdoou a atitude e advertiu o atacante, que passou a argumentar de maneira feroz. Aos 47, Jiménez viu o cartão vermelho.
Revoltado, Lage ainda teria muito mais do que reclamar no segundo tempo. E nesse cartão, Moss não fez nada que outros árbitros não fariam. Se já estava difícil segurar o ímpeto do City com 11, que dirá com 10. Com a vantagem numérica, o time da casa resolveu se lançar definitivamente ao ataque.
Pedradas na janela do ônibus do Wolverhampton
Passando ainda mais tempo com a bola nos pés, o City colocou os Wolves contra a parede. E eles pareciam bem confortáveis em estacionar o ônibus à frente da área. Cada um joga com o que tem, e não vamos julgar aqui a propensão defensiva dos visitantes, que diga-se de passagem, cumpriram com louvor sua estratégia. Gabriel Jesus, que vinha se destacando bem mais por ações defensivas, participou melhor da partida. Com Kevin De Bruyne poupado e entrando apenas no terço final de jogo, a equipe foi forçada a tocar a bola no bico da área, de um lado para o outro, buscando espaço. Oleksandr Zinchenko apareceu algumas vezes chutando ao gol, mas sem sucesso.
Alguém estava pedindo uma polêmica? Ela veio. O City descia pela direita mirando o cruzamento para a área e João Moutinho surgiu para bloquear o passe. A bola bateu no sovaco do português e o juizão Jonathan Moss demonstrou convicção em marcar o pênalti instantaneamente. A equipe do VAR ainda solicitou que Moss fosse até a cabine para rever, mas nada feito. Mesmo com todos os ângulos apontando para um lance de bola na axila, a decisão permaneceu. Sterling foi para a bola de segurança e marcou.
O leitor mais corneteiro vai dizer: é, o jogo só foi resolvido com um pênalti mandraque. E seria bastante apropriado resumir assim a partida que abriu o sábado na Premier League. Sobretudo porque Jack Grealish, o grande reforço da temporada dos Citizens, desperdiçou a chance de matar o confronto e talvez até diminuir o peso do pênalti controverso. Sempre pela direita, o time da casa pegou os Wolves num contragolpe rápido. Grealish recebeu uma bola invertida e teve apenas o gol na sua frente, mas chutou de primeira por cima da meta de José Sá, que respirou aliviado.
Do outro lado, a defesa do City mal trabalhou. No fim, durante os acréscimos, Ederson fez uma defesa bastante difícil para evitar o empate em cabeçada perigosa da Kilman. Não era para ser outro resultado, de fato. No entanto, não seria surpreendente se os Lobos tirassem energia para uma reação depois da marcação injusta que mudou completamente o roteiro do confronto.
A sofrida vitória rendeu ao City mais uma rodada na liderança, com 38 pontos, abrindo quatro de vantagem para o Liverpool, que joga neste sábado diante do Aston Villa. Os Lobos seguem rondando a zona europeia e devem tirar algo de bom dos últimos bons jogos que fez contra os times da ponta. Defensivamente, a equipe de Bruno Lage é duríssima de ser superada. Só precisa buscar outras alternativas para desenvolver seu ataque a partir dessa solidez dentro da própria área.