Em noite incrível, De Gea impede o Newcastle de conseguir uma vitória diante do Manchester United
Arqueiro fez defesas assustadoras para manter o placar empatado para os Red Devils na segunda etapa
O torcedor do Manchester United não encara como novidade o fato de que David De Gea eventualmente salva o time de derrotas em jogos difíceis. Nesta segunda-feira, no único jogo do dia na Premier League, o goleiro espanhol mais uma vez viveu um momento especial, embora a vitória não tenha vindo. No empate de 1 a 1 contra o Newcastle, De Gea ganhou mais um clipe de grandes momentos para ser exibido na posteridade.
Embora tenha um futuro promissor adiante com o novo e altíssimo investimento saudita, o Newcastle não vive um bom momento. Do contrário: faz a sua pior campanha na história e, caso não mexa em algumas peças na janela de inverno, deverá ser um dos favoritos ao descenso. Os resultados são péssimos e o futebol, até o momento, não vinha sendo bom. Pelo menos por hoje, diante do Manchester United, parecia que era o time do outro lado que estava em maus lençóis.
Tudo novo em St' James's Park
Dois trabalhos bastante recentes, o de Eddie Howe e Ralf Rangnick, não podem ser resumidos pelos poucos meses de desenvolvimento. É notório que Howe terá mais dificuldade para tirar algo deste elenco do Newcastle, mas isso não quer dizer que Rangnick encontrou um cenário perfeito apenas à espera da sua chegada. O United ainda carrega alguns vícios bastante expressivos da Era Solskjaer, como a falta de intensidade e dificuldade em assumir o controle das partidas.
Assim sendo, o Newcastle teve um início bastante interessante de jogo, propondo ações e trabalhando bem a bola para pressionar o United. Aos sete minutos, depois de muito se engraçar perto da área dos visitantes, o sempre perigoso Allan Saint-Maximin balançou na frente da zaga e achou um chutaço no alto da meta de De Gea para abrir o placar. De sérios candidatos ao rebaixamento, os Magpies simplesmente ressurgiram para chocar o ainda lento time dos Red Devils. Foram minutos de domínio e criação de chances até o intervalo, e a bem da verdade, Howe soube explorar muito bem o legado entediante deixado por Solskjaer. Sabendo que não se altera a postura de um time do dia para a noite, o treinador da equipe alvinegra parecia ter um trunfo na manga: atacar o United e jogar de igual para igual, com coragem.
Mas para ter coragem, é preciso ter alguma técnica ou habilidade. E tirando a figura de Saint-Maximin, que tem sido o destaque do time desde que chegou, o Newcastle tem muito pouco a oferecer. O que pede com ainda mais urgência um pacote de reforços em janeiro, visando a permanência na Premier League e uma transição menos turbulenta de projeto para a fase milionária que se desenha no horizonte às margens do Rio Tyne.
Ao fim dos 45 minutos, o Newcastle vencia de forma merecida e podia até vislumbrar o segundo gol se trabalhasse com calma. O problema é que, colocado contra a parede, o United tende a reagir com agressividade. Infelizmente para Rangnick, quem poderia decidir a partida, não estava em uma boa noite. Era o caso de Cristiano Ronaldo e Marcus Rashford, que protagonizaram furadas ao longo da etapa complementar e participaram pouco da criação ofensiva. Ao menos nas chances mais perigosas. O goleiro do Newcastle, Martin Dubravka, por exemplo, terminou os 90 minutos com apenas duas defesas.
Ninguém sabe se ele vai ou se fica
Todo dia é dia de ver Edinson Cavani praticamente certo com outro clube. Como não é do nosso feitio especular, fazemos troça das notícias inverídicas que surgiram até o momento. Cavani, aliás, está sendo esperado em mais de um aeroporto, o que faz dele uma espécie de nova Carmen Sandiego. Enquanto ele não posa com outra camisa e não assina contrato, Rangnick segue contando com seus serviços.
O uruguaio foi a campo no intervalo, na vaga de Mason Greenwood (que fez uma partida bastante discreta), com a missão de fazer aquilo que sempre se espera de Cristiano Ronaldo: um golzinho cretino e oportuno para frustrar quem torce por uma zebra. E foi exatamente isso que o Matador fez. Aos 26′, Cavani recebeu uma bola no miolo da área, com espaço, e arrematou. A defesa deu rebote e ele só teve o trabalho de estender novamente a perna para marcar. Foi um gol com a marca do atacante, que nem sempre faz gols bonitos, mas está ali para cumprir seu papel com bastante dignidade. Mais tarde, o mesmo Cavani quase virou o jogo em um lance parecido, sem dar sorte.
Quando a partida entrou nos 15 minutos finais, qualquer pessoa em sã consciência esperaria a famosa aproximação do Fergie Time para o United. A hora em que o pacto com o diabo fala mais alto, mesmo quando o time sequer chuta a bola ao gol. Só que o diabo estava de folga por hoje e resolveu colocar De Gea como seu substituto temporário.
Virado no Jiraiya
Possuído pelo espírito de um De Gea que um dia teve credenciais para ser o melhor do mundo, o esquecido David, titular do Manchester United, deu um gosto aos seus torcedores. O gosto de sua versão mais preparada para assumir a responsabilidade que é vestir a camisa 1 dessa agremiação. Aos 85′, o apagado Bruno Fernandes deu mole no ataque e permitiu uma saída rápida do Newcastle pela ala esquerda. Jacob Murphy, que havia substituído o lesionado Callum Wilson, apareceu completamente livre na lateral. O jovem mirou o passe para Dwight Gayle, mas foi interceptado por Nemanja Matic. Só que a bola voltou para Murphy, que emendou uma finalização precisa na trave. De Gea estava pronto para sair na foto como o coadjuvante de um belo gol. A defesa do United só olhou o rebote voltar nos pés de Miguel Almirón, fora da área. O paraguaio resolveu testar De Gea e arrematou buscando o ângulo.
O que ele não esperava era que De Gea se esticasse para tocar com o braço direito na bola, evitando o golaço da virada. E mais não digo: ali poderia ter acabado o jogo, não haveria motivo para reclamação. Tudo bem que iria haver protestos pelo árbitro encerrar a partida com 85 minutos, mas vamos ser justos: quando você faz uma defesa com esse grau de dificuldade, qualquer um se desmotivaria a tentar marcar depois disso. E foi mais ou menos o que aconteceu com o Newcastle, que ameaçou ter coragem e esmoreceu ao ser negado com veemência pelo goleiro espanhol.
Os números não mentem: apesar da posse de bola excessiva (e estéril, diga-se), o United deu a metade dos chutes ao gol do Newcastle, que acertou oito vezes em direção à meta. Em sete dessas ocasiões, De Gea salvou. Até o apito final, a expectativa de um gol injusto de Cristiano ou de Cavani permaneceu viva. Mas o United sequer demonstrou interesse em virar. Parecia muito contente com o pontinho.
O empate foi uma notícia ruim para os Red Devils, que perderam a chance de ultrapassar o Tottenham e assumir a quinta colocação. A briga, no entanto, pode mudar de dinâmica com uma ou duas rodadas. Pior mesmo é para o Newcastle, que chegou a sonhar em respirar fora da zona do descenso, mas se chocou com o paredão espanhol e segue com míseros 11 pontos em 19 jogos. Vá preparando a listinha de compras, Eddie Howe. Porque do jeito que as coisas andam, o ambicioso projeto saudita terá de começar em 2022 com o objetivo de devolver o clube à elite inglesa…