Premier League

Dois chutes brilhantes e Pogba em chamas permitiram ao United celebrar novamente

O Manchester United encerrou o ano com atuações insatisfatórias. A sequência ruim de resultados e as chances de título praticamente descartadas aumentavam a pressão sobre os Red Devils. E o início de 2018 não prometia ser tão fácil assim, com o Goodison Park logo surgindo como o primeiro desafio – por mais que a campanha do Everton também esteja distante de impressionar, apesar da recuperação recente. No entanto, ao menos nesta segunda, a alegria voltou a imperar entre os mancunianos. O time de José Mourinho conseguiu se impor contra o Toffees e, com boa atuação especialmente no segundo tempo, conquistou a vitória por 2 a 0, suficiente para retomar momentaneamente a segunda colocação na tabela.

Mourinho tinha os seus problemas principalmente no ataque. Romelu Lukaku e Zlatan Ibrahimovic eram desfalques, enquanto o português optou por deixar Marcus Rashford no banco de reservas. Assim, o United contou com uma linha de ataque mais leve, com Anthony Martial aparecendo centralizado, contando com o apoio de Jesse Lingard e Juan Mata pelos lados. Já no Everton, com Sam Allardyce também explorando sua rotação, as atenções se voltavam ao reencontro de Wayne Rooney com o clube no qual representa tanto.

E durante o início de jogo pendendo aos anfitriões, Rooney aparecia bastante. O veterano chamava a responsabilidade contra os Red Devils, especialmente na criação e na organização da equipe. Não conseguia ameaçar tanto assim a meta de David De Gea, mas sua vontade era inegável. Quem destoava ao seu lado era Oumar Niasse, com muitas dificuldades de dar sequência às jogadas. Era um homem de referência que acabava mais atrapalhado do que ajudando os Toffees.

Somente depois dos 25 minutos é que o United realmente acordaria para o jogo. E, neste sentido, a participatividade dos meio-campistas acabou sendo fundamental. Ander Herrera e Paul Pogba passaram a subir ao ataque, pressionando o Everton em seu campo. Foram os responsáveis por bons dos Red Devils antes do intervalo. Faltava, porém, um pouco mais de pontaria. O único arremate que seguiu em direção ao gol terminou nas mãos do goleiro Jordan Pickford, após cabeçada de Rojo.

Nunca saberemos se Mourinho reclamou nos vestiários da falta de capricho de seus jogadores nas conclusões. Mas, se foi isso mesmo que aconteceu, eles assimilaram perfeitamente a bronca. Basta ver o que ocorreu durante a etapa complementar. Diante de uma pressão intensa dos mancunianos, os primeiros avisos vieram com Juan Mata. O espanhol exigiu uma defesaça de Pickford, antes de carimbar a trave. As jogadas passaram a sair com fluidez. E o gol seria uma consequência natural, saindo aos 11. Pogba avançou pela esquerda e passou para Martial, na entrada da área. O francês acertou um chute de extrema felicidade, indefensável, na gaveta de Pickford. O caminho do triunfo.

Pogba, aliás, cresceu ainda mais depois do intervalo. O meio-campista fez 45 minutos sublimes, em que parecia flutuar em campo. Cadenciava o jogo, driblava os adversários e aparecia para finalizar. Só não marcou o seu golaço porque Pickford não deixou, depois de fazer fila entre os marcadores azuis. Enquanto isso, o Everton vivia de espasmos, e até deu sinais de melhora depois de duas alterações ao mesmo tempo – sacando o próprio Rooney, caindo de rendimento. Numa rara chance de empatar, Niasse falhou. Na sequência, a entrada de Rashford no lugar de Martial aumentou a voltagem dos visitantes.

Lingard, então, passou a destoar. Quase deixou o seu em chute rasteiro que parou em novo milagre de Pickford. Mas o goleiro não teria o que fazer aos 36. Pogba mais uma vez iniciou a jogada e tocou a Lingard. O ponta avançou, fintou o marcador e, com espaço na entrada da área, mandou outra bola indefensável nas redes, acordando a coruja. Por fim, com o resultado garantido, o United pôde diminuir o ritmo. Desfrutou uma vitória alcançada graças a dois gols de enorme beleza.

Tão importante quanto vencer, foi convencer. E isso o Manchester United conseguiu com toda a vivacidade demonstrada durante bons minutos. Pogba pode ser um pouco mais constante. Além disso, a ofensividade vista em Goodison Park tem que se tornar mais frequente. Com os três pontos, os Red Devils chegam a 47, aguardando o resultado de Arsenal x Chelsea para se tentar manter à frente dos Blues na segunda colocação. Depois de três empates consecutivos, o alívio é inegável. Já o Everton estaciona em nono, com 27 pontos, aguardando agora o clássico contra o Liverpool pela Copa da Inglaterra, na próxima sexta.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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