Com Kane machucado, será a hora de Bale mostrar a que veio no Tottenham
Gareth bale voltou ao Tottenham com status de filho pródigo, mas a verdade é que ainda não embalou. Nem sequer ganhou um lugar no time. É um reserva, de luxo, mas reserva, que foi titular apenas nas Copas. Só que o jogador pode ter que mostrar que está pronto para jogar, inclusive não exatamente na sua posição. Harry Kane teve uma lesão no tornozelo na derrota para o Liverpool e deve ficar fora por algumas semanas. Sem ele, o galês precisará se adaptar para mostrar o quanto pode ser importante.
Kane sofreu duas pancadas no tornozelo. Primeiro, de Thiago Alcântara, depois de Jordan Henderson. O histórico também não ajuda, já que o atacante já teve algumas lesões no tornozelo. Ele teve que ser substituído no intervalo. “A segunda lesão foi pior que a primeira”, descreveu José Mourinho, depois do jogo. “Para Harry sair do jogo quando o time está perdendo, não pode ser nada além de uma lesão. Há alguns jogadores que você não pode substituir. Os dois tornozelos dele estão ficando grandes”. A perspectiva é que o capitão da seleção inglese fique semanas afastado, o que significa que perderá um bom número de jogos.
A substituição óbvia seria por Carlos Vinícius, brasileiro contratado por empréstimo junto ao Benfica para esta temporada. Ele é um centroavante, canhoto, que tem 1,90 metro e tem sido titular em alguns jogos de Copa. Não foi a opção do treinador no jogo contra o Liverpool. Quem entrou no lugar de Kane foi Erik Lamela. Uma tentativa de um ataque mais móvel, com Heung-min Son como uma referência para fazer com os gols e Steven Bergwijn como um jogador de aproximação e que também finaliza muito.
Na temporada passada, Mourinho viveu essa situação quando perdeu Kane por lesão. Montou um ataque com Son e Lucas Moura, uma opção que ele terá novamente. Carlos Vinícius segue a opção óbvia, mas parece claro que não há a confiança que ele possa fazer esse papel com a qualidade que se exige, já que a qualidade de Kane não há no elenco – e há em poucos elencos, pelo seu nível. Nesse cenário, Bale pode ser um nome interessante para Mourinho.
Sim, Bale não é um centroavante, um camisa 9, embora tenha recebido este número, já que o seu preferido, 11, está com Erik Lamela (que foi seu substituto, aliás, quando ele foi vendido em 2013). Mesmo assim, se tornou um jogador que faz gols, e gols importantes, já na época que ainda defendia o Tottenham. No Real Madrid, também se tornou um jogador com um bom número de gols. Aos 31 anos, é um jogador bastante completo, que tecnicamente tem muitos atributos. O problema em Madri parecia muito mais mental e comportamental do que efetivamente de capacidade.
Bale é alto, tem 1,85 metro, finaliza muito bem e com qualidade, seja de fora da área ou de dentro dela, sabe cabecear bem e se movimenta. Pode formar um ataque interessante com Son, com o apoio de Steven Bergwijn ou Lucas Moura. A movimentação seria o grande trunfo desta opção de escalação, além da qualidade técnica. Bale é, sem dúvida, o jogador mais talentoso do banco dos Spurs. É um jogador que precisa de confiança e continuidade. Sem Kane por semanas, pode ser uma chance de oferecer isso. Bale pode vir da direita para o centro, enquanto Son vem da esquerda para dentro.
Mourinho pode adaptar o esquema tático. O esquema 3-4-3 tentado contra o Liverpool não funcionou bem, mas foi usada também no jogo contra o Sheffield United, quando a equipe venceu. O retorno do 4-2-3-1 pode ser uma opção, ou mesmo um 4-4-2, com Son e Bale mais à frente e jogadores como Ndombélé e Moussa Sissoko pelos lados. Mesmo no 4-2-3-1, Bale pode vir da direita para o meio, Son ser a referência e ter Lamela do lado esquerdo, ou Lucas Moura.
Há opções, mas o técnico precisará trabalhar para adaptar, se não quiser mesmo ter Vinícius como o substituto de Kane. E neste momento, o brasileiro não parece a opção preferida do treinador português.