Dentro do que o Everton pode fazer, Beto é mais uma tentativa de tratar a seca de gols

O Everton tem um problema: não consegue fazer gols. Tem um outro problema: a situação financeira é precária. Sem dinheiro por causa do segundo é difícil resolver o primeiro, mas pelo menos está tentando. Nesta terça-feira, anunciou o centroavante português Beto, da Udinese, tanto uma alternativa quanto um concorrente de Dominic Calvert-Lewin, e o quarto reforço ofensivo que Sean Dyche recebeu nesta janela de transferências.

Quão grave é a seca ofensiva do Everton? É o único clube da Premier League que ainda não marcou nas três primeiras rodadas e não passou de 40 gols nas últimas duas temporadas – o que dá uma média baixíssima de aproximadamente um por partida. Não é à toa que foram duas brigas contra o rebaixamento, e a situação piorou após a venda de Richarlison para o Tottenham ano passado porque o Everton não chegou a realmente contratar uma reposição.

O mercado de janeiro foi um desastre. Não conseguiu trazer mais opções para o ataque e ainda perdeu uma das melhores que tinha quando vendeu Anthony Gordon para o Newcastle. Está tentando remediar esse problema agora, com as chegadas de Arnaut Danjuma (pelo qual levou chapéu do Tottenham no inverno) e Jack Harrison, emprestado pelo Leeds, para as pontas, além do garoto Chermiti para concorrer com Calvert-Lewin e agora Beto no comando de ataque.

Calvert-Lewin foi, com Carlo Ancelotti, um atacante quase de elite da Premier League – durante certos momentos, sem o quase -, mas os problemas físicos prejudicaram demais suas últimas duas temporadas e o Everton nunca encontrou uma alternativa confiável. A tentativa agora será com o português de 25 anos que fez duas temporadas sólidas pela Udinese com 11 gols na primeira Serie A que disputou e 10 na segunda, sempre com média de um a cada três rodadas.

Seria um começo se ele transferisse esses números para a Premier League. O ponto mais positivo da contratação, porém, é o encaixe com as características do jogo de Sean Dyche porque Beto é um atacante alto, de 1,94 metros de altura, que gosta de brigar com os zagueiros e é forte pelo alto. Pode buscar os cruzamentos nas bolas paradas ou atuar como pivô quando o Everton decidir sair jogando com lançamentos mais longos.

O Everton, que além de não marcar perdeu as três primeiras rodadas e já começou a Premier League em crise, fica com um setor ofensivo um pouquinho mais encorpado, com Beto, Calvert-Lewin, Chemriti e Neal Maupay para o centro do ataque e um grupo de pontas que inclui Danjuma, Alex Iwobi, Dwight McNeill e Jack Harrison, emprestado pelo Leeds. Não é o Manchester City, mas pelo menos são várias opções de relativa qualidade e o que um clube que investiu tanto e tão mal nos últimos anos pôde fazer no momento para tentar evitar o desastre.

Inspiração de Samuel Eto’o e Gerard Deulofeu

Revelado pelo Portimonense, Beto afirmou que duas figuras ajudaram a convencê-lo a aceitar a proposta do Everton. Uma foi Samuel Eto’o, um dos seus ídolos, que defendeu o clube de Liverpool por uns 15 minutos em 2014. Outra foi Gerard Deulofeu, colega de Udinese que garantiu que ele cairá rapidamente nas graças da torcida. O espanhol fez 75 jogos pelos Toffees.

– Sempre gostei do Everton como clube. É um grande, grande clube da Premier League, bem respeitado e com uma grande história. Foi fácil vir para cá. Meu ídolo, Samuel Eto’o, jogou aqui, o que torna ainda mais especial. Falei com Deulofeu um dia antes de eu viajar. Ele falou que o Everton é um clube grande, com torcedores malucos. Eles amam (os jogadores) e é um bom clube para defender – disse.

– Eu trago coragem, confiança e acho que principalmente esforço. Eu sempre trarei entusiasmo ao time e para nossos jogos. Acho que meu estilo é um bom encaixe para o Everton. Estou ansioso para começar. Eu sei que o time precisa marcar mais gols e tentarei ajudar com isso. Eu amo marcar gols, completou.

ENJOY THE TOFFEES LAD ??? pic.twitter.com/RK0xrYU21X

— Gerard Deulofeu (@gerardeulofeu) August 29, 2023