Premier League

Alto número de pênaltis por toque de mão faz Premier League revisar interpretação da regra

Os árbitros da Premier League serão orientados a mudar a sua interpretação sobre as decisões de toques de mão depois da polêmica do fim de semana. Os dirigentes da liga consideram que há um excesso de rigor nas marcações desse tipo de lance que precisa ser revisto. Já a partir do próximo fim de semana, a orientação será que os árbitros sejam mais lenientes com esse tipo de lance, segundo informação do site The Athletic.

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Uma reunião realizada na Premier League nesta terça-feira definiu a mudança. Com isso, os árbitros ganharão mais subjetividade para aplicar a regra, depois de uma conversa com a International Association Board (IFAB). É a IFAB que faz a gestão das regras do jogo, embora não haja uma interpretação e aplicação universal delas, como bem sabemos. Alguns lances são considerados faltas em alguns lugares, em outros não.

A questão dos pênaltis marcados por toques de mão tem gerado muita controvérsia e o lance de Eric Dier, nos momentos finais do jogo do Tottenham, acabou gerando muita polêmica. O adversário cabeceou a bola no braço do jogador e, por isso, foi marcada a penalidade, justamente porque a orientação é que o jogador que estende a área do seu corpo deve ser punido com a infração. No caso, porém, com uma cabeçada tão próxima, gerou polêmica justamente porque parece um movimento natural do defensor dos Spurs.

As informações do site The Athletic é que os dirigentes da Premier League não têm gostado das marcações polêmicas de toques na bola. Os ingleses, como sabemos, têm uma influência grande sobre a IFAB. Há um membro da Football Association (FA) entre os cinco membros que tomam as decisões. Além dele, há um representante da Escócia, outro de Gales e um da Irlanda. Completa o time a secretária-geral da Fifa, Fatma Samoura, a única representante de fora do Reino Unido e Irlanda.

Ainda assim, nem os ingleses podem mudar as regras do jogo só porque estão insatisfeitos. Porém, é possível mudar a interpretação da regra, que é exatamente o que acontece ao redor do mundo. Por isso, o que a liga irá mudar é um aspecto da interpretação: braços acima do ombro continuarão sendo marcados como faltas; bolas que desviarem no braço dos jogadores e que estiver ao lado do corpo podem ter uma interpretação diferente.

Dois fatores serão considerados para a mudança de interpretação. Um deles será a proximidade do jogador da bola, no caso de uma cabeçada, ou mesmo em um chute. A posição do braço também será considerada. Lances como os pênaltis dados de Joel Ward e Victor Lindelof no fim de semana passado não seriam mais marcado. O problema é que por esse critério, o pênalti de Dier, que gerou tanta polêmica, ainda seria marcado. Ou mesmo o pênalti que gerou o gol da vitória do Manchester United, de Neal Maupay, do Brighton, também seria marcado.

Ainda que seja uma questão importante e que vai afetar diretamente os clubes, não houve uma votação. Esse tipo de processo só acontece quando há uma mudança de regra – como, por exemplo, a permissão ou não de cinco substituições, que foi vetada pelos clubes, embora permitida pela IFAB até o junho de 2021. Ainda assim, a Premier League entrou em contato com os clubes para explicar a mudança através do diretor de futebol Richard Garlick e concordaram com o que foi dito.

Mais do que a percepção de ter mais pênaltis marcados, há um dado que comprova isso: foram 20 penalidades marcadas até aqui na Premier League na temporada, sendo seis deles por toques de mão. Em toda a temporada passada, foram marcados 19 pênaltis por toques de mão. Mantido o ritmo de pênaltis marcados por toques de mão, a temporada teria 76 infrações deste tipo.

A orientação da IFAB é que qualquer toque abaixo da axila, com os braços abertos, é considerado infração. A interpretação da Premier League deve flexibilizar isso de acordo com os atenuantes citados de proximidade e posição do braço. Basicamente, retornando, em parte, a uma subjetividade que as orientações da IFAB pareciam tentar combater. Pelos dados que a própria Premier League tem, a mudança faz sentido.

Foto de Felipe Lobo

Felipe Lobo

Formado em Comunicação e Multimeios na PUC-SP e Jornalismo pela USP, encontrou no jornalismo a melhor forma de unir duas paixões: futebol e escrever. Acha que é um grande técnico no Football Manager e se apaixonou por futebol italiano (Forza Inter!). Saiu da posição de leitor para trabalhar na Trivela em 2009, onde ficou até 2023.
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