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Por que o Griezmann de 2014 pode ser o Ribéry de 2006

A seleção francesa não possui muita experiência em Copas do Mundo. De todos os titulares, os únicos que estiveram em outros Mundiais foram Lloris, Evra e Valbuena. Dessa forma, não dá para os Bleus contarem muito com a experiência de seus jogadores na competição. Mas sim com o atrevimento de jogadores que querem escrever sua própria história no torneio. E em uma equipe formada por muitos jovens, isso tem sido decisivo. Paul Pogba, em outra grande atuação, foi o melhor em campo na vitória por 2 a 0 sobre os nigerianos. Mas quem mudou o jogo que era duro para os franceses foi outro novato, Antoine Griezmann.

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O atacante chegou à seleção apenas neste ano. Poderia ter sido muito antes, não fosse um caso de indisciplina com as equipes de base dos Bleus. Mas foi só o talento revelado pela Real Sociedad ser chamado por Didier Deschamps que já mostrou seu valor. Griezmann foi muito bem nos amistosos preparatórios. Tanto que ganhou a posição que antes era de Franck Ribéry, cortado por lesão. Uma responsabilidade e tanto, que o jogador de 23 anos nem sentiu.

Griezmann não foi tão bem na primeira fase, satisfatório na estreia e apagado no terceiro jogo. Acabou encoberto pela entrada de Giroud, um dos destaques na goleada sobre a Suíça. E Deschamps acabou optando pelo centroavante no primeiro jogo eliminatório da França. O problema é que Giroud não acertava uma, errava passes e conclusões. A solução? Tirar Griezmann do banco. Algo que acabou sendo decisivo para a sofrida classificação dos Bleus.

A movimentação da França mudou completamente com a entrada de Griezmann. O ponta passou a variar de posicionamento com Valbuena e abrir espaços na fortíssima marcação da Nigéria – algo que também permitia de forma ainda mais intensa a subida dos volantes. Benzema acordou para o jogo com o novo parceiro. E foi a partir desse momento que os franceses, pressionados na defesa, partiram para o ataque e arrancaram a vitória. O gol de Griezmann não saiu, mas só porque Enyeama e Yobo não deixaram. A confiança nos passes também era tremenda, proporcionando ótimas tabelas. Em meia hora, fez muito mais do que Giroud conseguiu com o dobro de tempo.

Os franceses ainda podem lamentar a ausência de Ribéry. Mas, ocupando a vaga do grande craque francês, Griezmann se mostrou pronto para ser decisivo. É difícil de imaginar que Deschamps possa barrá-lo novamente no duelo contra Alemanha ou Argélia – até porque, contra os alemães, a velocidade nos lados do campo pode ser fundamental. E um jovem de 23 anos pode ser a grande surpresa dos Bleus na Copa, assim como Ribéry foi em 2006, quando tinha a mesma idade.

Coincidentemente, o Ribéry só passou a ser convocado para a seleção principal meses antes do Mundial da Alemanha. Também não foi titular no segundo jogo dos franceses na competição, mas tomou a posição depois. Nas oitavas de final, contra a Espanha, arrebentou com a partida e seguiu bem nas etapas seguintes daquela Copa, apesar da inexperiência. Para ver sua carreira deslanchar a partir de então.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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