Para presidente da Federação Francesa, Ligue 1 com público é dúvida: “Há um mês, eu teria um discurso mais otimista”
A França atualmente é o único país em que ficam as grandes ligas europeias a permitir a volta do torcedor aos estádios, com um limite de cinco mil pessoas por jogo. Ainda assim, a um mês do início da nova temporada da Ligue 1, Noël Le Graët, presidente da Federação Francesa, não consegue afirmar com certeza que o reinício da competição terá torcedores nas arquibancadas.
[foo_related_posts]Em entrevista ao jornal Le Parisien, Le Graët adotou um tom de cautela ao falar da possibilidade de haver torcida nas arquibancadas no início do Campeonato Francês, em 22 de agosto. Um mês atrás, segundo ele, sua visão seria mais positiva.
“Ainda estamos discutindo para que haja pessoas para a volta da Ligue 1. Quantas pessoas? Não sei. Ninguém pode prever. Há um mês, eu teria um discurso um pouco mais otimista. Mas, hoje, com o leve retorno constatado da epidemia, existem mais questões”, ponderou.
Nesta sexta-feira (24), PSG e Saint-Étienne se enfrentam pela final da Copa da França 2019/20, jogo que deverá contar com público de cinco mil pessoas. Le Graët lamentou que o limite não possa ser maior, mas preferiu focar o lado positivo. “Já é um começo. (…) A França é o único país da Europa Ocidental a receber, novamente, público na ocasião de duas copas nacionais”, comentou, em referência também à decisão da Copa da Liga Francesa, em 31 de julho, que potencialmente teria o limite aumentado, dependendo da reavaliação do governo francês, programada para acontecer nesta sexta-feira.
Seja com cinco mil pessoas, dez mil pessoas ou qualquer que seja o limite de público para o início da Ligue 1, caso ele seja permitido, Le Graët pede que os torcedores façam sua parte ao respeitar as regras de distanciamento social dentro do estádio. O presidente da Federação Francesa lamentou o episódio do amistoso entre PSG e Waasland-Beveren, na sexta-feira passada (17), em que membros de torcidas organizadas do clube parisiense se amontoaram em sua arquibancada, de braços dados como se os tempos fossem outros.
“Eu entendo que os torcedores estejam felizes de voltar a seu estádio e encorajar sua equipe, mas é preciso que todos sejam responsáveis, adotando as atitudes corretas.” Dentro dos estádios, os torcedores devem respeitar uma distância segura entre os indivíduos e usar máscaras, e os ultras parisienses não fizeram nenhum dos dois.
Presidente do Collectif Ultras Paris, Romain Mabille garantiu ao Parisien não ter havido má vontade, embora reconheça que o grupo não geriu a situação da melhor maneira: “Nós nos entusiasmamos com a emoção do jogo. Lidamos muito mal com isso, concordo plenamente, mas não somos irresponsáveis. Há semanas falamos sobre como voltar para o estádio e como voltar em segurança”.
Ministra do Esporte, Roxana Maracineanu alertou que, se as medidas contra a propagação do vírus não forem respeitadas nos próximos jogos, os portões fechados seriam impostos novamente nos estádios.
“Eu pedi o retorno de um esporte popular, mas todos devem ser responsáveis: clubes, autoridades, torcedores. Limitar a propagação do vírus e proteger nossos cidadãos deve ser um compromisso de todos”, completou.
É neste cenário, aliado à probabilidade considerável de uma segunda onda de disseminação do Coronavírus na França, que a boa notícia das arquibancadas parcialmente abertas se coloca em risco para a primeira parte da Ligue 1 2020/21.